Isolamento social já é natural para freiras carmelitas de Campo Mourão

A necessidade de isolamento social imposta pela pandemia de Coronavírus, que causa angústia para a grande maioria das pessoas e deixa algumas até doentes, nunca foi problema para as freiras carmelitas que vivem em um convento na saída de Campo Mourão para Cascavel. No local atualmente moram 18 mulheres que, por opção, abdicaram das vaidades do mundo para viverem fechadas, dedicando-se diariamente à oração. 

As irmãs carmelitas só deixam o local para atividades que não possam ser realizadas por outra pessoa, como votar ou ir ao médico, por exemplo. Elas não visitam ninguém, nem mesmo seus familiares. Apenas recebem visitas, em horários por elas mesmas estabelecidos, mas que por conta da pandemia também foram suspensas. Mesmo quando visitadas, o contato se dá através de grades.  Até a participação nas missas celebradas por padres da diocese na capela do Carmelo, o local reservado às freiras é uma cela. 

Engana-se porém, quem pensa que elas sentem-se presas. Para as carmelitas, a liberdade tem um significado bem diferente. “Aí fora é que a maioria das pessoas estão presas aos modismos, ao consumismo, às coisas materiais. Abrimos mão de tudo, até mesmo da família, porque por nossa própria vontade escolhemos viver para Deus e por isso somos felizes”, explicou a irmã Susana em uma entrevista concedida à TRIBUNA há algum tempo.

Vocação

As freiras, porém, não ficam totalmente desconectadas do mundo. Elas mantém uma página no Facebook onde interagem com as pessoas, atendem pedidos de oração, postam horários de missas, entre outras informações. Neste mês de agosto, que a igreja católica reserva às vocações, elas estão postando testemunhos.

Um dos testemunhos é da irmã Geovana da Cruz, natural de Barra Bonita interior de São Paulo. Aos 33 anos, 13 anos deles como carmelita, classifica a vocação do ponto de vista da beleza e do mistério. “Senti o chamado quando tinha 17 anos e estava fazendo um retiro da Renovação Carismática durante os dias de carnaval. Ali senti dentro de mim um desejo de ser toda de Deus”, relata a freira.

Durante as leituras de livros de São João da Cruz emprestado por um amigo, ela conheceu as “carmelitas descalças” e foi procurar informações na internet. “Ao mesmo tempo que me senti assustada pela vida de clausura, também me senti atraída e questionada interiormente se não era essa a minha vocação. Fiz contato com as irmãs e fomos conversando até que tive a oportunidade de visitá-las e experimentar o estilo carmelitano de ser e viver. Foi amor à primeira vista”, afirma.

Irmã Geovana ingressou no Carmelo no Rio Grande do Sul  em maio de 2007 e em 2013 veio para o Carmelo Nossa Senhora do Carmo, em Campo Mourão. “Agradeço imensamente ao Senhor que me escolheu e me chamou, sem mérito algum de minha parte, ao seu serviço e peço que rezem por mim e por todos os consagrados para que sejamos fieis no seguimento a Jesus e no zelo da salvação das almas”, completa.

Em Campo Mourão o convento carmelita, que fica a dois quilômetros da cidade (BR 369), foi inaugurado em 14 de dezembro de 1987, com três freiras vindas de Umuarama. Na época foi doado um terreno de 12 mil metros para construção do mosteiro, a pedido do então bispo Dom Virgílio de Pauli.