João, o repórter policial que imobilizou um ladrão
Aos 35 anos, João Silvestrim jamais pensou em segurar e imobilizar um ladrão. Sua jornada, definitivamente, não é essa. Nunca foi um policial. Todos os dias, até nas madrugadas, ele relata fatos que remetem ao crime. João é um repórter. Contato com a bandidagem, apenas através de sua objetiva. E olhe lá. Mas esta semana o trabalho veio pesado. Ao encontrar um larápio dentro da própria casa, o perseguiu. Depois o segurou. Em seguida o imobilizou. E, por fim, narrou o fato.
João conta que era por volta das 13h30. Após almoçar, parou para descansar. Então, deitado no quarto, foi acordado pela vizinha. Ela gritava dizendo ter um ladrão na casa dele. Assustado, se levantou e correu até a cozinha. Lá, algumas coisas estavam reviradas. Foi quando visualizou o gatuno pulando o muro. Era hora de agir.
Sem pensar duas vezes, saiu à rua, no Jardim Cidade Nova, e seguiu o ladrão. Mais alguns passos e o alcançou. Agora o segurando pela camisa, teve que se defender de alguns golpes. Então o derrubou, o imobilizando em seguida. Era o momento de chamar a força policial. E assim o fez. Após alguns minutos, uma viatura chega, e leva o indivíduo preso, em flagrante.
Solteiro, João mora sozinho e já conhecia o gatuno. Um rapaz de 18 anos perdido às drogas.
Morador do mesmo bairro, não mais que cinco quarteirões dele. “O cara parece que tem pernas nos pés. Muito rápido. E minha cachorrinha vira latas nada fez. Nem latiu”, disse.
João se sente revoltado com o que aconteceu. “A gente trabalha anos e anos pra conquistar alguma
coisa e, do nada, vem um sujeito como esse e leva”, disse. Segundo ele, a ação do criminoso, de entrar e sair de sua casa, não durou mais que um minuto. Não fosse a observação da vizinha, o furto teria sido maior. Para ele, o pior de tudo é que, mais alguns dias, e o mesmo larápio já estará livre. Nas ruas. Pronto a roubar para se “alimentar” das drogas.
No entanto, mesmo dominando o sujeito, para a polícia, João correu um risco desnecessário. O correto seria chamar a PM e passar a situação. Ou, no máximo, o acompanhar de longe dando as dicas do seu paradeiro aos policiais, através do celular. “O risco foi grande, principalmente, por não se saber se o elemento estava armado”, explicou um policial.
Repórter policial há cinco anos, João se sentiu agora do outro lado da história. Ou seja, se colocou na pele das vítimas do crime. As mesmas as quais tanto entrevista. E não gostou nada. A bem da verdade, quem gostaria de ser roubado?
Perseverante trabalhador, ele também atua como salva vidas em um pesqueiro da cidade. Tudo para a renda garantir as contas do fim do mês. E, enquanto esfria a cabeça com o ocorrido, muitas outras pessoas continuam a passar pela mesma situação. Novas vítimas. Outras entrevistas. Mesmos ladrões.