Larissa Gallassini prova que o fruto não cai longe do pé
Promover o fortalecimento da mulher em todos os sentidos do agronegócio. Esse é o principal objetivo de uma comissão recém formada em Campo Mourão, através da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep). Já são 16 núcleos no estado. Na região da Comcam, a coordenadoria ficou a cargo da produtora rural Larissa Lorena Gallassini. Filha do engenheiro agrônomo José Aroldo Gallassini, não é exagero dizer que, mais uma vez, o fruto não caiu longe do pé.
Foi o segundo encontro da comissão em Campo Mourão e aconteceu na manhã de hoje no Sindicato Rural de Campo Mourão. Como no primeiro – 29 de julho -, serviu para explicar seus objetivos, assim como sua forma de atuação. “Foi uma reunião para apresentar a que vem esta comissão. Todas as mulheres do segmento estão convidadas a participarem”, disse Larissa.
De acordo com ela, o principal objetivo é agregar a participação das mulheres do agro, fomentando ideias e sugerindo soluções à demanda do setor. A princípio, serão duas vertentes de trabalho. A primeira é quanto a capacitação pessoal, principalmente, no que diz respeito a cursos como liderança e comunicação. A segunda um trabalho direcionado mais a abrangência geral do setor, como palestras, workshops e dia de campo. Ou seja, temas mais técnicos. Hoje, a reunião contou com 30 mulheres, de cidades como Goioerê, Mamborê, Juranda, Engenheiro Beltrão, Araruna, além de Campo Mourão.
Com a formalização da comissão na Comcam, a meta agora é dar condições e dinamizar a capacidade de liderar e empreender das mulheres. Mais que isso: apoiar à equidade de gênero. De acordo com ela, apesar da situação já ter melhorado significativamente, ainda existe um certo machismo no setor. “Existem pais que ainda dão mais chances aos filhos homens às filhas. E também se vê colaboradores que acatam ordens ou pedidos de mulheres com desconfiança”, disse.
Larissa é exemplo da força atuante da mulher no agronegócio. Formada em Odontologia, acabou desistindo da profissão ainda em 2009. E, morando em Maringá, acabou se filiando ao sindicato rural de lá. Foi quando entrou no curso “Empreendedor Rural”, do Sebrae e Senar. Ao final, teve seu projeto selecionado junto a outros 182 de todo o estado. Após análise de uma banca criteriosa, se classificou entre os dez melhores. E, em seguida, como o primeiro.
Foi a primeira virada na vida de Larissa. Já era 2012. Agora, ela já sabia o que fazer: trabalhar ao lado do pai, um dos agrônomos mais respeitados do país. “Meu pai deve ter pensado: essa moça leva jeito pra coisa”, brincou ela. E assim aconteceu. No mesmo ano a ex-dentista já iniciava nas áreas de gado de uma das fazendas da família. Assumiu o confinamento e mostrou a que veio. O resultado, embora devagar e sempre, surtiu efeitos.
Este ano, com a confiança do pai, Larissa assumiu outras duas fazendas de cria. “Conquistei uma liberdade maior de atuação no ciclo todo”, afirmou. Isso tudo só foi possível, segundo ela, com os aprendizados do Senar. “Fiz cursos técnicos de pecuária. Fui aprendendo na prática, com veterinários e agrônomos. E estou pronta pro que der e vier”, disse. De acordo com ela, na casa são apenas duas filhas. “Meu pai não teve nenhum filho homem. Não foi fácil. Principalmente a aceitação e muita preocupação de estar sozinha nas estradas. Mas agora já conquistei o meu espaço”, disse.
Débora Grimm participa de encontro
Superintendente do Senar-PR, a engenheira agrícola, Débora Grimm, foi uma das convidadas no encontro da Comissão Estadual de Mulheres da Faep. De acordo com ela, o movimento se traduz num engajamento importante e necessário no agronegócio. “Certamente as comissões montadas em todo o estado apresentarão novas lideranças no cenário. E isso é essencial”, disse.
Débora está no Senar há um ano e meio. Chegou junto à pandemia. E mesmo com os trabalhos pausados por algum tempo, diante da Covid, colaborou em montar uma verdadeira “Biblioteca Virtual”. Ou seja, disponibilizou através da internet cartilhas e ensinamentos dos mais de 300 cursos da entidade. Tudo em favor do produtor ou produtora rural. A gaúcha é funcionária pública de carreira, com três décadas de experiência no governo do Paraná e com participação em projetos importantes ao setor rural.
Na sua visão, o Senar está aberto para contribuir com os anseios da comissão. Principalmente, sabendo que o papel feminino é essencial ao segmento. “As mulheres detém um perfil empreendedor. Seja na gestão da propriedade, na administração como nas contratações”, explicou. Segundo ela, aquela ideia que a labuta do campo era coisa apenas de homem, já ficou no passado. “Temos uma imensa tecnologia que favoreceu a participação da mulher no campo. Coisas que antigamente apenas o homem fazia, como o manuseio de grandes equipamentos, não são mais tabus”, disse.
“Temos certeza de que vamos continuar cumprindo nossa missão em levar conhecimento, não somente ao homem do campo, mas também, às mulheres do campo”, disse Débora. Ela destaca que a cada dia, se vê mais a representatividade da mulher no agro. Ainda há machismo, mas em menor nível. Frente à comissão recém criada pela Faep, ela garante que todo o ensinamento será oferecido. E o melhor: 100% gratuito.
Curriculum
Débora Grimm é engenheira agrícola formada na Unioeste, em Cascavel. Há 33 anos, ingressou no governo do Estado, por meio do Café do Paraná – que, posteriormente, foi incorporado pela Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar). Na Codapar, conduziu projetos importantes para a agropecuária do Estado, como o Programa Integrado de Conservação de Solo e Água do Paraná (Prosolo), desenvolvido em parceria com o Sistema FAEP/SENAR-PR. Ao longo de 2019, Débora ocupou a presidência da Companhia.