Léa precisa de ajuda

São 11 pessoas. Uma só casa. Dos quatro adultos, apenas um trabalhando. E através de bicos, na construção civil. A vida já vinha dura antes do vírus. Agora, tornou-se desespero. O aluguel está atrasado. Este mês será o terceiro. Contas de água e luz, na inadimplência. Léa Domingues da Silva é a “chefona” da família. Casada, ela acolheu dois irmãos, Gilberto e Ronaldo. Estão sem emprego. Com o coração maior que ela, não permitiu ver os dois desassistidos. É que mantém aquele ditado: Onde cabem 10, cabem 12. Mas a situação apertou. Léa está pedindo ajuda. 

Gilberto morava há pouco mais de um ano no interior de São Paulo. Ariranha, próxima a São José do Rio Preto. Lá, era casado com Sirlei e tinha um filho. O marido trabalhava como encarregado num frigorífico. Tudo ia bem. Mas a esposa ficou grávida de uma menina. Uma benção. Foi ao hospital. Ganhou o bebê. De alta, foi para casa. Ficou mal. Três dias após o parto, morreu. Segundo ele, água nos pulmões. Viúvo e com duas crianças, decidiu voltar a Campo Mourão. Foi quando encontrou o abraço fraterno da irmã, Léa. 

Desde então, não conseguiu mais emprego. Saía todos os dias com sua magrela e a pastinha com curriculuns para entregar em empresas. Nunca teve sucesso. Queria sua carteira registrada. Uma garantia de segurança e conforto à família. Enquanto isso, nas ruas, vendia kits com vassoura, rodo e pá. Ele comprava o material e os revendia. Lucrava R$ 2 por kit. Mas teve que gastar a grana. Ficou sem capital para adquirir mais produto. Hoje, não está conseguindo nem pequenos serviços. Como carpir um terreno, disse. “Se eu conseguisse comprar esses kits, seria uma forma de colaborar na casa”, explicou. 

Léa é dona de casa. Cuida de oito crianças. Sendo seis só dela. O marido faz bicos. E esta é a única grana que chega. Gilberto tenta pensão da morte da esposa aos filhos. Nem mesmo o benefício de R$ 600 do governo ele conseguiu. “Fiquei duas horas na fila do banco. Disseram que ainda não caiu para mim”, disse. Mas diante de tanta necessidade, esta semana a população começou a ajudar. A família recebeu muita comida. As contas de luz e água foram levadas por duas senhoras. Disseram que iriam pagá-las. “Estou preocupada em ser despejada. Este mês será o terceiro sem pagar”, revela Léa. E ela não se envergonha em pedir ajuda. Trata-se de uma necessidade. Cada aluguel custa R$ 350. Também precisam de artigos de limpeza e higiene. Como sabão em pó. Álcool gel. Papel higiênico. 

Hoje, aos 43 anos, Léa mora num imóvel de madeira. Na sala, três sofás. Uma TV. Ali dorme o irmão Ronaldo. Um quarto ficou para ela e o marido. Noutro, às meninas. Um terceiro aos meninos. E num, menor ainda, ao irmão Gilberto. Tudo é pequeno. Enxuto. Não possuem móveis. Ou utensílios de luxo. Tudo é bastante simples. Como eles. Diferente mesmo, apenas o tamanho do coração de Léa. Que busca fazer o impossível por todos. Definitivamente, não carrega uma cruz. Muito menos um peso excessivo. Carrega apenas a própria família.

Serviço

Você pode colaborar com a família no telefone (44) 99872-9193 ou Rua Cardeal, 78, Jardim Tropical I – Campo Mourão.