Mãe de criança com paralisia cerebral faz vaquinha solidária para comprar carrinho adaptado ao filho
A trabalhadora, atleta e estudante de fisioterapia Jaqueline Ferreira da Palma, de 27 anos, moradora de Campo Mourão, teria motivos de sobra para reclamar da vida. Ao invés disso, por mais que por trás do sorriso sempre estampado no rosto possa haver sofrimento, ela escolheu outro rumo: não deixar se abalar e não desistir. Espalha energia positiva. Seu filho, o pequeno Davi Lucas Ferreira, hoje com 8 anos de idade, nasceu com paralisia cerebral do tipo tetraparética, a forma clínica mais grave das paralisias cerebrais. O menino, tem idade mental de uma criança de 1 ano. Ele não fala, muito menos anda. E todos os seus movimentos corporais são involuntários. Ou seja, Davi é totalmente dependente da mãe e da avó que se ajudam no cuidado à criança.
De uns tempos para cá, algo vem incomodando a mãe. A cadeira de rodas do filho é totalmente desadaptada a ele e ultrapassada, o que gera desconforto ao menino que já tem todo seu problema grave de saúde. A bem da verdade, Davi fica ‘solto’, na cadeira, corre o risco até mesmo de queda ou outras lesões, pela má postura, como escoliose, por exemplo. Buscando dar mais conforto a Davi, Jaqueline então resolveu lançar uma “vaquinha solidária” para arrecadar recursos para aquisição de um carrinho adaptado ao filho. O valor a ser arrecadado é em média R$ 18 mil. Sem tornar o pedido público, ela já conseguiu R$ 4 mil doados por um conhecido. Ou seja, restam ainda mais 14 mil.
Jaqueline esteve na sede da TRIBUNA com Davi. Subiu os 22 lances de escada, até a redação, com a criança no colo. Não quis deixar este repórter carregá-la. Ela disse que em vez de documento, para provar o problema do filho, preferiu vir com ele pessoalmente para mostrar sua realidade. Isso porque muita gente se aproveita de situações fantasiosas envolvendo saúde para tirar proveito, o que não é o caso de Jaqueline. “Tudo que quero é conseguir este valor para dar uma vida mais digna e o mínimo de conforto ao Davi. Ele já está grande e não tem uma cadeira adaptada. Corre risco de desenvolver complicações por isso”, preocupou-se.
O carrinho adaptado, inclusive, ajudaria na inclusão social do menino, já que a mãe poderia levá-lo com ela para vários locais, como mercados, parques, entre outros locais públicos. Hoje, como ele não tem uma cadeira adaptada ao seu problema, passa a maior parte do tempo em casa. Nem mesmo à igreja vai com a mãe por causa do seu tamanho e peso. “Ele é muito pesado para segurar no colo, não tem quem aguente”, disse Jaqueline, ao comentar que o filho não para sentado na cadeira. “Você coloca ele sentado, mas vai escorregando aos poucos”, frisou.
A mãe disse que criou uma conta para Davi para receber as doações, mas que o processo é um pouco demorado. Como quer mais conforto ao filho “para ontem”, colocou à disposição sua própria chave PIX/CPF: 072.979.549-77. “Quando a conta dele estiver ativa vou transferir o dinheiro”, falou. “O que não posso é perder mais tempo”, complementou. Jaqueline disse que toda ajuda é bem-vinda. “Quem não puder ajudar com contribuições em dinheiro, que ajude compartilhando nossa história para que mais pessoas possam ajudar”, pediu.
Desafio
Todo dia é desafiador para Jaqueline. Por causa do problema do filho ela não consegue um emprego registrado. Se abdica da maior parte do seu tempo para cuidar do filho. Mesmo assim, consegue espaço para uma série de atividades. Atualmente, por exemplo, ela trabalha de motorista de aplicativo. Ainda tem tempo para cursar faculdade de fisioterapia e também seus treinos de corrida, quando consegue, na pista do Estádio Municipal.
Jaqueline disse que sua mãe, com quem mora, ajuda na medida do possível. Ela faz hemodiálise, não pode erguer peso ou fazer muito esforço. Mesmo assim faz tudo o que pode para ajudar filha e neto. “Este carrinho adaptado facilitaria até para levar o Davi às sessões de fisioterapia”, falou. O equipamento tem um mecanismo que se transforma em cadeira adaptável ao carro também.
Jaqueline revelou que já pensou em pedir ajuda publicamente antes. Mas temia ser julgada. Até fazer um empréstimo já passou pela sua cabeça, mas o medo de não conseguir pagar a dívida foi maior. “Depois de adquirirmos o valor e conseguir comprar o carrinho, vamos fazer uma prestação de contas para ser transparente com quem nos ajudar. É o mínimo que posso fazer na minha situação”, frisou.
Caso o valor ultrapasse os R$ 18 mil, ela disse que, se der, vai comprar uma banheira ao filho. Hoje ele toma banho em uma banheira de quando ainda era bebê. Além disso, o pequeno dorme ainda em um berço e precisa de uma cama. “Mas nossa prioridade é o carrinho, se não der para comprar a banheira a gente se vira depois”, afirmou a mãe ao pedir mais uma vez ajuda da comunidade.
Como ajudar
Quem puder ajudar Davi, pode fazer depósitos na chave PIX/CPF: 072.979.549-77 em nome de Jaqueline Ferreira da Palma. Quem preferir também pode conversar diretamente com ele pelo telefone: (44) 99736-1271.