Caminho Iniciático de Santiago Compostela, em Campo Mourão, recebe o primeiro peregrino

Roberto Cassol é um professor aposentado de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Esta semana ele percorreu 830 quilômetros para chegar a Campo Mourão. Isso porque tinha um único objetivo: peregrinar pelo 1º Caminho Iniciático de Santiago Compostela. A via conhecida até então como ‘A Rota da Fé’, a partir de agora, deverá ser uma das principais vias de peregrinação do planeta. Deverá. Ela ainda não está concluída, oficialmente. E, após terminar a caminhada, de 104 quilômetros – entre Campo Mourão e Fênix – Cassol foi, definitivamente, o primeiro a receber a honraria do trajeto.

O professor conta que conheceu a história do caminho através das mídias sociais. Então, traçou como meta de vida, conhecê-lo. Ele chegou à cidade ainda na quarta. E o percorreu durante dois dias, quinta e sexta. Cassol é um sujeito determinado. Há alguns anos, fundou em Santa Maria a Associação dos Amigos do Caminho de Santiago de Santa Maria, cujo foco é preparar os caminhantes, espiritualmente, para fazer o caminho de Santiago, na Espanha.

“Todas essas exposições me levam a conhecer novos caminhos para a nossa Associação. Sem dúvida, será um projeto, um marco para os municípios que o compõem e para o estado do Paraná. Pois, trata-se do primeiro Caminho de Santiago, aprovado fora da Espanha”, disse. Segundo ele, assim que o trajeto estiver oficializado, a dimensão será enorme.

Cassol explica que desejou conhecer o caminho devido a sua admiração por gostar de caminhar e explorar novos lugares. “Isso além de ter o contato com a natureza, que é fundamental. Outro ponto importante é o caráter religioso que o caminho nos faz renovar a fé’’, disse.

Ainda na quarta-feira, Cassol foi recebido por Ruben Moyano, um dos idealizadores do Caminho Iniciático. Para o trajeto também contou com a ajuda de Roberto, um ciclista de Campo Mourão. “Trata-se de um trajeto muito bonito. Com características diversas do ponto de vista, geológico, geomorfológico, hidrológico, uso da terra, além de sítios urbanos. Esses ambientes geram paisagens muito bonitas e singulares”, disse.

Após completar o caminho, Cassol recebeu de Moyano um símbolo da trajetória. “Me sinto muito contente. Isso é um momento ímpar. Tenho muita gratidão aos gestores desse projeto. Tanto é que já coloquei na minha mochila. Levarei essa logo para fazer o caminho de Lourdes na França e o caminho primitivo na Espanha, no mês de setembro”, revelou. Para Cassol, a peregrinação por caminhos como o de Campo Mourão nada mais são do que uma conexão espiritual e reflexiva de nossa existência com Deus.

Professor aposentado de Geografia pela Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Cassol presenciou, em 2013, a tragédia da Boate Kiss, quando mais de 230 pessoas morreram em decorrência do incêndio. Embora não tenha perdido parentes, perdeu muitos amigos e alunos, principalmente, do curso de agronomia.