Mesmo com chuvas, colheita da soja e plantio do milho avançam na região, apreensão continua
Mesmo com o curto período de sol dos últimos dias, uma vez que as chuvas não dão trégua, produtores rurais conseguiram avançar significativamente com o plantio do milho safrinha e colheita da soja da semana passada para esta. Mesmo assim, os trabalhos seguem bastante atrasados em toda região da Comcam, o que gera apreensão no campo.
Conforme relatório semanal sobre a situação das lavouras no Estado, divulgado nesta terça-feira (14), pelo Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral-PR), vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), 60% da área reservada para o milho na região de Campo Mourão foram semeadas pelos produtores rurais. Isso representa 261.960 hectares implantados de um total de 436.600 ha.
O tempo quente e úmido está favorecendo o desenvolvimento da cultura. O relatório do Deral aponta que 100% das áreas já plantadas estão em boas condições, sendo que 75% estão em germinação e 25% no estágio de desenvolvimento vegetativo.
Soja
Já em relação à soja, o cenário continua bastante preocupante. Muitos produtores apreensivos com perdas já registradas. E as chuvas não param. A esperança é que a previsão do tempo se confirme com o clima ficando firme (ensolarado) a partir de quinta-feira (16) durante os próximos dias.
Até o momento, de acordo com o Deral, os produtores colheram 73% de toda a área de soja, sendo 511.897 hectares de um total de 701.230 ha. Das áreas restantes a serem colhidas, 3% estão em condições médias e 97%, boas. Conforme produtores ouvidos pela TRIBUNA, a colheita da soja e o plantio do milho estão atrasados na região de Campo Mourão entre duas a três semanas.
Não fosse as chuvas constantes que atingem a região desde fevereiro, a colheita da soja e plantio do milho safrinha estariam na reta final dos trabalhos. Conforme estimativa inicial do Deral, a expectativa de produção de soja na Comcam é de aproximadamente 2.804.920 milhões de toneladas. Já de milho, cerca de 2.619.600 milhões/ton.
Zoneamento
Com o plantio do milho atrasado, alguns produtores ainda estão arriscando implantar a safra fora do prazo do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) na região. Porém, outros, preferindo não arriscar, informaram desistir da cultura. Este comportamento deverá influenciar para a redução de área da safrinha.
No Paraná, 182 municípios encerraram o Zarc no dia 28 de fevereiro; 32 têm janela de plantio até 10 de março; 43, até 20 de março; e 142, até 31 de março. Na Comcam, dos 25 municípios, 7 ainda seguem dentro do prazo de plantio, até o dia 20 deste mês e 5 até o dia 31. Segundo o Deral-PR, no Estado foram reservados 2,6 milhões de hectares para a cultura, com projeção de uma produção de 15,4 milhões de toneladas.
Consequência
Caso o plantio do milho safrinha seja realizado fora do período indicado pelo Zarc, o produtor rural perde acesso ao Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e ao seguro rural. Isso porque, se for esse o caso, as seguradoras não são obrigadas a acatar a prorrogação.
O Zarc é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos na agricultura, elaborado com o objetivo de minimizar as possíveis perdas relacionadas aos fenômenos climáticos adversos. No caso do milho safrinha, o plantio fora do período estabelecido acarreta riscos maiores de perdas quantitativas e qualitativas em função de geada, baixas temperaturas e umidade elevada na colheita.
Desde 2020, a Portaria 412, do Mapa, impede que o zoneamento de qualquer cultura seja alterado após a sua publicação, exceto quando houver fato inédito ou erro de metodologia que justifique. Fora destas situações, qualquer alteração não ocorrerá antes de 12 meses.