O sangue escorrido de Dérik não é em vão
Dérik é um lutador. Fosse séculos antes, na Roma antiga, teria a denominação de gladiador. Mas agora, os tempos são outros. Inserido ao novo mundo das artes marciais mistas – esporte cuja a sigla é MMA -, é o primeiro profissional de Campo Mourão. Literalmente, dá o sangue no octógono – ringue com oito lados. Por muitas vezes, deixou o tatame ensanguentado. Com cortes no rosto. Tudo normal. O esporte, definitivamente, não é pra qualquer um. É preciso perseverança, disciplina e muito treinamento. E Dérik, está preparado.
Nascido em Umuarama, terra da campeã do Ultimate Fighting Championship (UFC), Jéssica Bate Estaca, veio ainda criança a Campo Mourão. Desde então, cresceu determinado a ser um lutador. De uma certa forma, herança dos desejos não realizados pelo próprio pai, Sivaldo. Com o tempo, virou mecânico de carros, na oficina de Celso, o avô. Embora o objetivo mesmo, jamais fosse esquecido. “Meu pai sempre teve um sonho de lutar e treinar. Mas na época dele não tinha nada do que tem hoje em dia. E hoje, eu sigo meu sonho e o dele também”, disse.
Desde os nove, Dérik treina artes marciais. Buscou se aperfeiçoar em cada uma delas. Hoje, domina o Boxe Chinês (Sanda), Boxe, Muay Thai, Jiu jitsu e karatê. Na gíria do MMA, é considerado como um Striker – o cara que derruba, como os pinos do boliche. Profissional desde 2013, já lutou em vários torneios. O mais conhecido, Arnold Classic South America MMA, o qual venceu dois oponentes, ambos, nocauteados. “Também já lutei fora do Brasil, no Peru, Colômbia e Equador, todos com vitórias”, disse
Mas quanto custa um sonho? Para Dérik, ele não tem preço. A prova disso são as inúmeras lesões decorrentes após suas “guerras” no octógono. Nas redes sociais, chegou a postar um vídeo de um corte na testa, consequência de cotoveladas desferidas pelo opositor. Um outro gladiador, mas derrotado.
Na vida profissional, já são 11 lutas no MMA, sendo nove vitórias. Todas por nocautes. Aos 30 anos, Dérik de Freitas do Amaral, começou a traçar um único objetivo: entrar no UFC, o maior torneio das artes marciais mistas no mundo. “Sempre tive esse sonho de lutar. Ainda criança, era vale tudo. E já falava ao meu pai que iria ser lutador profissional”, lembra. Na categoria dos meio médios, até 77 quilos, Dérik encontra na perda de peso, seu maior inimigo. É que, para encarar o oponente, ele deve estar dentro do peso, um dia antes da batalha. “Perder peso é a pior parte do MMA. Entrar no octógono é fácil”, disse
E nesta semana, o tormento retornou. Com luta marcada para este domingo (6), ele perdeu oito quilos. Participará de uma das lutas do Thunder Fight, em São Paulo, quando tentará sua décima vitória. Mais uma vez, adrenalina disparada. E é sempre assim. A cada luta, um novo desafio, como a primeira apresentação, ainda em 2013, em Maringá. Venceu o desafiante com um nocaute, em menos de dois minutos. O frio na barriga de hoje, é o mesmo daquele dia.
Sua jornada não é solitária. Conta sempre com o apoio dos pais, Sivaldo e ngela – embora não tenham coragem em vê-lo ao vivo em combate -, da irmã, Jéssika, e de sua companheira, a namorada Camila. Juntos formam o que se chama de “porto seguro”. No entanto, o que ainda precisa é de patrocínio. Já possui alguns. Mas pra quem pensa grande, chegou a hora de receber mais. “Preciso de mais ajuda para conseguir lutar, principalmente, fora do Brasil. Mas entendo que a situação atual do Brasil e de todos está muito difícil por causa da pandemia”.
De acordo com Dérik, lutar no Brasil ainda não é rentável. No entanto, lutar no exterior já é outra conversa. E vale a pena. Como vale. Em Campo Mourão, ele desenvolve seu treinamento na academia Clinisport. Lá, faz a preparação física. Já na academia Kaizen Auto Defesa, treina a parte de luta, sempre ao lado do mestre Luciano Jorge.
Dérik sabe que, ainda, o MMA possui muita discriminação. Afinal, é luta de verdade. São murros na cara. Chutes no corpo. Cotoveladas. Sangue. Nenhuma encenação. Mas tudo dentro das regras. Tratam-se de organizações preparadas, com apoio médico. Além do que, lutadores são treinados a isso, apanhar e bater. “Eu acho muito tranquilo. Me sinto extremamente confortável. Mas sei que algumas pessoas tem preconceito. E é porque não conhecem o atleta. Não sabem como é o esporte”, disse.
O lutador jamais foi violento. Ao contrário. Nunca se envolveu em brigas. Conhecidos o consideram como uma pessoa “zen”, ou seja, da paz. Dérik não bebe e não fuma. É um atleta. Também confessa não se espelhar em nenhum lutador do UFC. Mas ressalta ser fã do maior boxer que o mundo já viu: Mike Tyson. “As pessoas confundem briga e luta. São coisas completamente diferentes”, explicou. E, sendo assim, que venha a décima vitória.
Serviço
Você também pode ser um patrocinador de Dérik. (44) 99920-7895