Pai de 4 filhos que perdeu esposa após parto precisa de ajuda: ‘Tudo é bem vindo’, diz
O diarista Cleiton dos Santos, de 37 anos, teve a família completa por três dias até o dia 24 de janeiro de 2024. Neste dia, uma quarta-feira, apenas três dias após o parto da filha caçula, Rafaela, hoje com 1 aninho de idade, ele perdia a esposa Juliana, aos 40 anos de idade. Ela morreu no Hospital Santa Casa de Campo Mourão após três paradas cardíacas, decorrentes de complicações de Covid-19, conforme o atestado de óbito. Eram 8 horas da manhã quando ele recebeu a notícia. Na hora, um filme passou pela cabeça. Como seria a vida sem Juliana ao seu lado, como cuidaria sozinho das crianças, o que seria daquele momento em diante e por que isso estava acontecendo com ele? Com quatro filhos para criar, a verdade é que até hoje Santos não teve tempo para processar o luto. Desde a partida de Juliana, uma coisa foi certa em sua vida: as dificuldades. E muitas.
Santos vive com seus quatro filhos, Cauã, de 8 anos; Miguel, 6; Gabriele, 14; e Rafaela, de apenas 1 ano, em uma “casinha” simples no numeral 96, na Rua Vereador Carlos Stallmam, no Jardim Bandeirantes. Ele abriu as portas de casa para a reportagem da TRIBUNA e aceitou o pedido de entrevista para contar a sua história e pedir ajuda. Envergonhado em se expor a tal ponto, ele disse que aceitou a conversa com este repórter “pelos filhos”. “Não sinto orgulho disso”, falou. Cleiton informou que tem recebido ajuda já há algum tempo de amigos, vizinhos e conhecidos. A Assistência Social do Município também acompanha a família, que tem acesso a auxílios do Governo Federal, como Bolsa Família, por exemplo. E agradece por tudo. Mas, como a “turminha” é grande, as dificuldades são recorrentes e das mais variadas possíveis. “Agradeço de coração todos que têm nos ajudado”, falou ao comentar que já foi criticado por não ter um trabalho fixo, tendo quatro filhos para criar.
Segundo ele, trabalhar com regularidade tem sido uma tarefa quase impossível. “Já perdi empregos porque o patrão não entende. E ninguém aceita realmente. Imagine você trabalhando e de repente ter que sair para socorrer um filho, como sempre acontece comigo. Na semana do Natal, por exemplo, eu consegui trabalhar por dois dias que deram certo. E nesta semana só terça e quarta-feira. Minha menina estava doente e tive que ficar em casa cuidando dela. Só quem vive uma situação como a minha pode me entender. Então, peço que não me julguem”, falou. Sua mãe é doente de câncer e não tem saúde para cuidar dos netos. Já sua irmã tem sua vida com os filhos e seus compromissos. Se nem emprego fixo tem, quem dirá uma babá para cuidar das crianças.
Sem renda fixa, manter a casa e os filhos sem perrengues tem sido impossível para Cleiton. Com o que consegue ganhar em diárias e a ajuda de conhecidos, ele prioriza o pagamento do aluguel onde vive, hoje no valor de R$ 600,00; e a conta de água e luz. Mesmo mantendo estas prioridades, esta semana quase teve o fornecimento de água interrompido. Na quarta-feira (8), uma empresa terceirizada da Sanepar foi até sua residência para cortar a água pela falta de pagamento. O funcionário chegou a passar uma fita no relógio medidor com o aviso de corte, mas um conhecido pagou a conta para ele. Hoje as contas de água e luz estão em dia, mas até quando, Cleiton não sabe.
Hoje, ele pede de tudo para casa. Desde alimentos como arroz, feijão, óleo, café, açúcar, sal; leite, bolachas para os filhos, leite, iogurte, até produtos de limpeza e higiene. As crianças precisam também de roupas e calçados. Para Gabriela, quem for doar, as roupas devem ser no tamanho “GG” e ela calça 39/40. Como as aulas iniciam em fevereiro, o pai pede ajuda com material escolar também. Cleiton fez três outros pedidos, classificados por ele como “especiais”: um guarda-roupa pequeno para Gabriela, uma cama de solteiro, e alguém que o ajude no conserto da máquina de lavar roupas. Já há algum tempo ele está lavando sua roupa e de todas as quatro crianças manualmente em um tanquinho improvisado. “Se a máquina estivesse funcionando, ajudaria muito”, falou, ao comentar que é grande a quantidade de roupa suja todo dia.
As crianças aqui citadas também fizeram um pedido à reportagem. Ou melhor, a quem ler esta reportagem: uma TV. A que eles têm é pequena e já está emprestada. Os pequenos dizem que gostam de assistir a desenhos. Uma TV para elas é questão de entretenimento e diversão, já que são poucas as opções. “Sei que é pedir demais, mas quem ler essa matéria e tiver uma TV encostada e sentir no coração de doar, todos ficaremos muito felizes”, disse o pai pelos filhos.
Cleiton disse que jamais imaginou perder a esposa tão cedo e ter a vida “virada de cabeça para baixo” da noite para o dia. O viúvo disse que até hoje não se conforma com a partida dela. Falou que era casado com Juliana há nove anos. Ele a definiu como uma ‘companheirona’, ‘boa mãe’ e ‘muito atenciosa’. Falou que a mulher gostava de ficar sentada na varanda da casa tomando uma ‘fresca’ e que sempre o recebia na chegada do trabalho em casa. Uma hora ou outra, conversava com vizinhos que passavam pelo portão. Ela era uma pessoa querida no bairro. E eles, uma família completa e feliz. “Desde que a perdi, ainda procuro um sentido na vida. Vou dormir e acordo todos os dias pensando como vai ser o meu dia e de meus filhos. O que me mantém de pé realmente são as crianças”, falou, com a voz embargada. Ele disse que todo dia sente a falta da esposa e que os filhos, principalmente Cauã e Gabriel, estão sempre chorando pelos cantos da casa a morte da mãe.
Vaga na creche
Cleiton não criticou em nenhum momento a atuação do poder público na assistência à sua família. Pelo contrário, disse que vem recebendo a ajuda que lhe cabe. No entanto, ele aproveitou a oportunidade e fez um único pedido direcionado à secretaria da Educação: uma vaga para Rafaela no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), São José C M e I, localizado no mesmo bairro onde mora. Aliás, a poucas quadras de sua casa.
Até então, no ano passado, ele informou que levava e buscava a filha todos os dias no CMEI do Conjunto Fortunato Perdoncini. “Até agora, nem para este ano consegui vaga. Queria fazer este pedido ao município. Não é por questão de conveniência, é que realmente facilitaria minha vida para levar e buscar a Rafaela na escola e me ajudaria muito quando arrumar um emprego”, justificou. Ele informou que os outros dois filhos menores, Cauã e Miguel, estudam no Colégio Manoel Bandeira, próximo ao CMEI que busca uma vaga para Rafaela. “A Gabriela estuda no Colégio Estadual, mas ela vai e vem com ônibus escolar”, disse.
Um dia após o outro
Em meio a tantas dificuldades para se manter e cuidar dos quatro filhos, sendo pai e mãe, Cleiton não reclama da vida. Sua única indignação é com a perda de Juliana. Em meio a tantas incertezas do que vai enfrentar no dia, ele disse que vai levando a vida como “dá”. “Vivo um dia após o outro. Tenho plena consciência de que estou fazendo todo o possível e o melhor que posso aos meus filhos. E é isso”, completou.
Como ajudar Cleiton
Quem puder fazer doações a família, pode levar diretamente na casa de Cleiton, na Rua Vereador Carlos Stallmam, nº 96, no Jardim Bandeirantes. O contato é (44) 9.8843-2940, Cleiton.
O que doar?
Alimentos: arroz, feijão, açúcar, café, macarrão, verduras, legumes, ovos, leite para as crianças, iogurte, bolachas, proteínas, materiais de higiene e limpeza, entre outros.
Móveis para casa
Um guarda-roupa pequeno, uma cama de solteiro e uma TV usada para as crianças.
Roupas
Doações de roupas e calçados para as crianças também são solicitadas por Cleiton. São dois meninos de 8 e 6 anos, e uma menina de 14 anos, que veste “GG” e calça 39/40. Já para a menina de um ano, além de roupinhas, o pai pede doação de fraldas tamanho “G”.
PIX
Cleiton não pediu dinheiro, mas quem puder ajudar com doações em valores, as transferências podem ser feitas via Chave PIX: (44) 9.8843-2940.