Paralisados há mais de um mês, trabalhadores do transporte escolar e turismo pedem socorro
Sem trabalho há mais de um mês devido à suspensão das aulas pela pandemia do novo coronavírus (Covid-9), trabalhadores do transporte escolar e de turismo fizeram um manifesto em Campo Mourão nesse domingo (27), buscando sensibilizar o governo municipal e estadual para a situação da categoria.
Participaram do movimento 39 vans e 11 micro-ônibus das cidades de Araruna, Campo Mourão, Peabiru e Terra Boa. A concentração foi em frente à Igreja Ucraína, na Avenida Manoel Mendes de Camargo, de onde saíram em carreata até o posto Muffato, seguindo pela Avenida Capitão Índio Bandeira, finalizando com uma parada na Praça São José. A carreata foi silenciosa, e os manifestantes tomaram medidas de prevenção ao coronavírus, como uso de máscara e distanciamento social.
O trabalhador do setor, Celso Gilson de Souza, organizador do movimento informou que a classe está sem trabalhar desde meados de 14 de março e, que, a previsão é que só voltem após agosto. “O transporte escolar e de turismo pedem socorro”, falou ele.
A categoria faz duas reivindicações à prefeitura do município: a suspensão do pagamento da taxa de vistoria do mês de julho, que custa cerca de R$ 100,00 por veículo; e do carnê referente à taxa mensal, entre R$ 70,00 a 80,00, do alvará até o retorno das aulas.
A vistoria nos veículos é feita pelo Detran duas vezes por ano, em janeiro e julho. “O Detran faz a vistoria, mas a exigência é da prefeitura. Estamos reivindicando ao prefeito para suspender a de julho, porque foi feita a vistoria em janeiro e as vans não rodaram e não vão rodar até julho. Já a taxa de alvará, pedimos que volte a cobrança somente após começar as aulas”, ressaltou.
Souza comentou que a maioria dos pais não está pagando o transporte após a suspensão das aulas. “Até orientamos a eles que procurem seus contratados e façam um acordo. Muitos vão continuar pagando a mensalidade inteira, outros a metade, mas vários já pensam em cancelar o contrato”, preocupou-se.
Ele informou que cerca de 90% das vans e micro-ônibus de turismo são financiados porque o Departamento de Estradas e Rodagem (DER) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) exigem veículos mais novos. “E mesmo parados continuamos pagando taxas da ANTT e do DER, além de vistorias no Inmetro em Maringá”, falou ao comentar que vai acionar os deputados de Campo Mourão (Márcio Nunes e Douglas Fabrício), para intervirem ao Governo Estadual e Federal referente a estas taxas. “O turismo foi a primeira categoria que parou e com certeza será a última que irá voltar. Temos a expectativa que este ano vans de turismo não trabalham mais”, lamentou.
Segundo Souza, alguns bancos estão postergando o pagamento das parcelas referentes ao financiamento dos veículos, porém mantendo juros altos. “Como são veículos com preço muito alto os juros são enormes. Vai virar uma bola de neve. Os donos de bancos vão ter que aumentar o pátio deles porque não vai caber vans e micro-ônibus que serão devolvidos pelos trabalhadores”, argumentou.
O ararunense, Anderson Aparecido Barrozo, que participou do manifesto, tem três veículos – duas vans e um micro-ônibus-, todos financiados, e sem trabalhar desde o dia 14 de março, disse que não sabe mais o que fazer. “Procuro nem ficara pensando muito para não ficar doido”, disse. O trabalhador informou que o banco fez uma proposta de adiar por 60 dias o pagamento das parcelas referente ao financiamento, mas ele está preocupado com os juros.
“No meu caso, o juro vai aumentar uma parcela e meia no financiamento”, revelou. “Até cheguei a comentar com o gerente do banco que se não voltar as aulas e o banco não facilitar, vou pedir para recolher os veículos. Vou fazer o que? Não tenho como pagar já que minha renda é 100% escolar”, emendou, ao comentar que até então nunca tinha atrasado ou deixado de pagar uma parcela que fosse do financiamento.
Para tentar amenizar a crise e não perder os clientes, Barrozo informou que reduziu em 50% a mensalidade dos alunos neste período. No entanto, segundo ele, uma boa parte não está mais pagando e 11 já até cancelaram o contrato porque trancaram a matrícula na faculdade. “Estes onze é praticamente a carga de uma van”, lamentou.