Participação feminina na ALEP avança ao longo da história com nomes de Campo Mourão

A luta feminina por igualdade de direitos e condições tem na política um árduo campo de batalha. Os números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retratam o abismo. Apesar de as brasileiras comporem 52% de eleitorado, elas representam apenas 33% entre os candidatos e despencam para apenas 15% entre as eleitas. Nesta disputa tão desigual, a Assembleia Legislativa do Paraná mostra um avanço. As últimas eleições garantiram a maior bancada feminina da história do legislativo paranaense em quase 170 anos: Cantora Mara Lima (Republicanos), Cristina Silvestri (PSDB), Luciana Rafagnin (PT), Mabel Canto (PSDB) e Maria Victoria (PP) mantiveram seus gabinetes na Casa de Leis e ganharam a companhia de Ana Júlia (PT), Cloara Pinheiro (PSD), Flávia Francischini (União), Márcia Huçulak, (PSD) e Marli Paulino (SD).

Além do aumento significativo na participação no Legislativo, as deputadas têm outro motivo para comemorar. A resolução 11/2022 formalizou a Bancada Feminina e garantiu a presença das deputadas na Mesa Diretora da Assembleia a partir desta legislatura. Um avanço regimental, político e histórico. E Campo Mourão tem participação neste avanço com nomes como os da então deputadas Amélia Hruschkra, que já foi vereadora no município e Marla Tureck.

Com a primeira Bancada, as deputadas também alcançaram maior participação no dia-a-dia do legislativo, passando a fazer parte das decisões do colegiado de líderes e possuindo um tempo exclusivo para pronunciamento nas sessões plenárias, assim como ocorre com as lideranças e blocos partidários.

Marla Tureck

História

A composição inédita do parlamento paranaense alcançada no pleito de 2022, veio no ano em que se comemorou nove décadas do voto feminino. Uma demanda que ganhou força no início do século XX, com o movimento sufragista brasileiro pelo direito das mulheres de votarem e de serem votadas.

A conquista foi impulsionada por várias pioneiras, como a professora Celina Guimarães Viana, que conseguiu, por meio de um requerimento, votar em 1927 e se tornou a primeira eleitora do país.

O tão esperado acesso às urnas, garantido pelo Código Eleitoral de 24 de fevereiro de 1932, permitia apenas que mulheres casadas (com autorização do marido), viúvas ou solteiras com renda própria poderiam votar.

O voto feminino só foi incorporado a todos os cidadãos acima de 21 anos na Constituição de 1934, e ainda assim era facultativo para as mulheres. Apenas em 1965 tornou-se obrigatório.

Outro nome é o de Leolinda de Figueiredo Daltro, uma das fundadoras do Partido Republicano Feminino, criado em 1910. A zoóloga paulista Bertha Lutz – filha do médico e cientista Adolfo Lutz –, é uma das criadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino e apontada como uma das maiores líderes na luta pelos direitos políticos das mulheres.

No Paraná, Rosy de Macedo Pinheiro Lima, escritora e doutora em Direito, foi eleita aos 33 anos, em 1947. Depois dela, só nos anos 1980 a Assembleia voltou a ter uma deputada.

Ao todo, 27 mulheres ocuparam uma das 54 cadeiras do Plenário do Legislativo paranaense. Entre elas estão: Amélia Hruschkra, nascida em Lima (SP). Advogada, vereadora em Campo Mourão no período de 1976 até 1982. Integrou a Comissão de Saúde Pública e ocupou a Comissão de Redação. Mulher mais votada nas eleições estaduais de 1982. Conquistou a reeleição em 1986. Foi suplente do Senador Affonso Camargo Neto, de 1979 a 1987.

De Campo Mourão, faz parte também desta conquista, Marla Tureck. Nascida em Campo Mourão. Professora, foi vereadora, secretária da Ação Social e da Mulher no município. Eleita em 2010 para a Assembleia, integrou a Frente Parlamentar da Mobilidade Urbana Sustentável e de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Paraná. Atuou na CPI da Saúde Mental da Assembleia Legislativa.

Entre outros nomes estão: Irondi Pugliesi (Arapongas); Arialba do Rocio Freire (Foz do Iguaçu); Vera Agibert (Prudentópolis); Emília Belinati (Londrina), Lygia Pupatto (Londrina); Luciana Rafagnin (Mariano Moro – RS); Cida Borghetti (Caçador -SC); entre outras.

Com informações da ALEP