Plano de Mobilidade foca transporte sustentável com ciclovias interligadas por toda Campo Mourão

Com estudos em andamento desde fevereiro deste ano, e previsão de conclusão até novembro, o plano de mobilidade urbana de Campo Mourão já detectou alguns sistemas que deverão ser implantados na cidade para melhor fluidez e mais segurança no trânsito. O transporte sustentável é um dos focos do complexo trabalho. Está prevista, por exemplo, a incorporação de uma rede de ciclovias interligando todas as regiões do município. A infraestrutura visa incentivar a população a substituir o transporte motorizado por bicicletas.

A informação foi repassada à TRIBUNA pelo arquiteto urbanista, mestre em Planejamento Urbano pela UFPR, Hermes Nichele, da Universidade Livre do Meio Ambiente (UNILIVRE), de Curitiba. Ele participa do estudo. Faz parte de uma equipe multidisciplinar de técnicos contratados pelo município responsáveis pelo levantamento. Um diagnóstico de toda a situação será entregue até o fim deste ano ao município. O plano prevê ações na área de mobilidade para os próximos 10 anos e vem sendo amplamente discutido, por meio de audiências públicas, junto à comunidade.

O arquiteto disse que um dos pontos bastante debatidos é a implantação de ciclovias. “Isso é algo que já podemos indicar que acontecerá de fato. Temos hoje ciclovias isoladas, não geram uma rede única de ciclovias. Algumas estão inclusive descaracterizadas, como é o caso da que corta a Avenida John Kennedy (no Lar Paraná). O Plano de Mobilidade tem como foco uma mobilidade sustentável. E a bicicleta é um transporte sustentável”, argumentou.

Atualmente os técnicos estão concluindo a fase de diagnósticos do Plano de Mobilidade. Ou seja, encontrando e documentando os problemas e gargalos. “Nesta etapa visualizamos todas as informações do município de hoje. Por exemplo, como é a mobilidade em todos os setores de transporte, motorizado, pedonal, bicicleta, transporte público, entre outros. A partir de então começamos a apontar as soluções”, explicou Nichele.

Ele informou que o Plano de Mobilidade é executado não somente para visualizar o trânsito em si já existente, mas projetos que por ventura estejam em andamento também. “Como equipe técnica pedimos para que todos os projetos em andamento sejam paralisados até a conclusão do estudo de mobilidade”, frisou, ao comentar que alterações viárias realizadas recentemente na cidade também estão sendo objeto de análises.

Nichele comentou que o estudo visualiza as tendências de expansão da área urbanizada e como o sistema viário irá lidar com isso no futuro. Como o Plano de Mobilidade está sendo feito em conjunto com com o Plano Diretor, o uso de solo e as definições de novas áreas de crescimento já estão sendo compatibilizadas no plano em curso. “São estudos demorados e complexos porque são feitos em várias etapas. São realizados por uma equipe técnica multidisciplinar que gera relatórios e gera produtos, apresentados nas audiências públicas e ficam também disponíveis para a população”, acrescentou o arquiteto.

O Secretário de Mobilidade Urbana de Campo Mourão, Ireno Reis, reconheceu que Campo Mourão tem – ‘e não é de hoje’ – vários gargalos referentes à mobilidade que precisam de estudos para que sejam solucionados. “Pensando nisso, o prefeito contratou uma empresa especializada para estudar Campo Mourão daqui a 10 anos. Tudo vem sendo discutido com a realização de audiências públicas”, frisou.

Em uma próxima fase, conforme o secretário, o município percorrerá os bairros com reuniões descentralizadas com o intuito de repassar à população como será o funcionamento do trânsito em seu bairro. “Isso é importante para que as pessoas tenham condições de transitar de um lado para o outro evitando uma série de complicações”, disse, ao lembrar que é de ‘extrema importância’ a participação popular nas audiências públicas para discutir o tema.

Reis lembrou que o município realizou algumas intervenções emergenciais no trânsito devido ao grande número de acidentes em alguns locais. Citou a melhorias na sinalização viária horizontal e vertical pela cidade, implantação de faixas elevadas e de sinalização semafórica.

“Agora com o estudo mais aprofundado da situação teremos a situação de mudar ou não mudar. As intervenções que fizemos tinham de ser feitas devido ao grande número de acidentes. Mas agora o plano vai nos trazer a realidade mais detalhada da situação”, argumentou.

Após a conclusão do plano, com o diagnóstico entregue ao município, a prefeitura iniciará uma nova fase: a de elaboração de projetos para efetivamente iniciar as intervenções propostas pelos estudos.