Plantio do trigo entra na reta final na região com lavouras prejudicadas pela seca

Relatório semanal do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), aponta que o plantio do trigo alcançou 98% da área (100 mil hectares) na região de Campo Mourão esta semana. Os números são referentes ao dia 18. A expectativa é que os trabalhos sejam concluídos até a próxima semana.

A seca tem se mostrado bastante prejudicial para algumas lavouras, com destaque aos problemas de germinação desuniforme, conforme informou o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Winckler Godinho, no boletim de Divisão de Conjuntura Agropecuária do Órgão.

“Nas lavouras plantadas mais antecipadamente, a desuniformidade de germinação já reflete em uma diferença significativa de plantas de uma mesma lavoura apresentando fases diferentes: enquanto parte das plantas já está espigando, outras ainda estão em perfilhamento, o que trará problemas de qualidade quando os grãos forem colhidos”, observou.

Na região de Campo Mourão, da área semeada, 7% se encontram em condições ruins, 32% (médias)e 61% (boas). O relatório aponta ainda o estágio de desenvolvimento das lavouras: 9% estão em germinação, 81% desenvolvimento vegetativo, 8% floração e 2% em frutificação.

No Paraná, conforme informou Godinho, o plantio de trigo chegou a 91% das áreas, a frente do registrado para o mesmo período em 2023, apesar da seca que atinge boa parte do estado e dificulta o avanço da semeadura em algumas áreas. O percentual de lavouras boas atualmente é de 79% da área, ante 83% na semana passada. Com isso, as lavouras ruins passaram de 3% para 4% e as medianas de 14% para 17%.

“Parte dessas lavouras já deve receber menores investimentos a partir de agora. Por outro lado, a manutenção de preços de trigo mais altos, especialmente nesse último mês, tem incentivado a busca de sementes no mercado para plantios antes da finalização da janela. Apesar da baixa disponibilidade de sementes, espera-se uma discreta reavaliação para cima da área estadual a ser ocupada com o trigo nesta safra”, falou o agrônomo no boletim conjuntural.

Milho safrinha

Por outro lado, até o início da semana, a colheita de milho havia atingido 52% dos 338 mil hectares semeados. Atualmente 10% da cultura se encontra no estágio de frutificação e 90%, maturação. O relatório informa que 15% das áreas estão ruins, 30% (médias) e 55% (boas). Na Comcam é estimada uma produtividade de 2,5 milhões de toneladas de milho.

A título de Paraná, conforme informou o analista de milho do Deral Paraná, Edmar Wardensk Gervásio, o Estado deve fechar a safra com uma produção superior a 14 milhões de toneladas. No último relatório do Deral a estimativa foi de 15,8 milhões de toneladas, sendo 2,6 milhões da primeira safra, já totalmente colhida, e 13,2 milhões da segunda safra que se encontra em plena colheita, porém com produtividades abaixo do esperado em várias regiões do Estado.

“Com o avanço da colheita é razoável uma revisão para baixo da estimativa de produção. No campo, a colheita da segunda safra de milho 2023/24 chegou a 29% da área total de 2,4 milhões e, da área ainda a colher, 77% encontra-se em maturação, ou seja, em condições já de colheita ou muito próxima”, falou o analista.

Ele lembrou que a produção mundial de milho na safra 2023/24 deve ficar em 1,22 bilhão de toneladas, representando uma alta de 6% quando comparada à safra anterior. Os Estados Unidos são o maior produtor mundial do cereal com praticamente um terço do total. O segundo maior é a China com 24% do total. O Brasil é o terceiro colocado com uma participação de 10% do total. No cenário doméstico o Brasil deve produzir pouco mais de 110 milhões de toneladas de milho, o último boletim da Conab aponta uma produção de 114,1 milhões de toneladas, contudo com o avanço da colheita é provável que esta estimativa seja reduzida pela situação climática adversa enfrentada pelos produtores nesta safra.