Produtores atingem reta final da colheita da soja com preços sem reação no mercado
As altas temperaturas das últimas semanas contribuíram para o avanço da colheita da soja na Comcam, mesmo com os intervalos de chuvas (embora irregulares). Nesta semana, os produtores rurais atingiram 98% da área com a retirada da safra do campo (conforme levantamento divulgado na terça-feira, 18). Na região, foram semeados 683.180 hectares da oleaginosa. Os preços seguem sem reação significativa no mercado.
As áreas ainda restantes a serem colhidas estão localizadas na região de Roncador e Luiziana, onde o plantio geralmente é realizado mais tardiamente. A irregularidade do clima, como falta de chuva no início da cultura e depois chuva em excesso, além das altas temperaturas, afetam a produtividade.
Em algumas propriedades, produtores ouvidos pela TRIBUNA relatam quebra de superior a 20% na produção. “Este ano vai ser difícil fechar a conta”, relatou o produtor Vicente Mignoso, um dos que tiveram áreas atingidas pelo clima irregular.
“Se o produtor não tiver um planejamento muito bem feito e investimento em tecnologia para compensar, acredito que alguns vão quebrar”, frisou. A preocupação vai além da baixa rentabilidade devido a desvalorização do grão e a quebra de safra. E que muitos produtores, esperando uma boa safra, investiram na propriedade, como renovação da frota de maquinários, por exemplo. “Esta é uma outra grande preocupação. Se a produção não cobre os custos, como esta conta será paga”, preocupa-se o produtor, ao comentar que a alta oferta do produto no mercado interno tem contribuído diretamente para a desvalorização do grão.
A saca de soja de 60 quilos vem sendo cotada em média a R$ 106,00. No mesmo período do ano passado, o valor era de R$ 163,13. Em janeiro de 2024, chegou a R$ 121,00. “É uma diferença muito grande. Imagine isso no fim da colheita”, acrescentou Mignoso.
Em comparação ao início deste mês o grão ainda teve uma pequena valorização. A saca estava cotada a R$ 100,00 no início de março. Nos últimos três meses a desvalorização da soja ultrapassa 20%. Já se comparado ao mesmo período do ano passado é de 60,18%. Conforme estimativa do Deral, a Comcam deverá ter uma produtividade de aproximadamente 2,5 milhões de toneladas, média de 3.720 quilos por hectare. Da área a colher, 40% se encontram em condições médias e 60% boas.
Milho
O plantio da segunda safra de milho 2023/24 encerrou na Comcam, chegando a 100% da área. São 338 mil hectares semeados. Na região, o Deral estima uma produtividade de aproximadamente 2,5 milhões de toneladas do grão.
Conforme o levantamento, 69% das áreas estão em bom estágio de desenvolvimento e 31%, médias. Atualmente, 36% da cultura estão na fase de desenvolvimento e 64% em floração.
As chuvas irregulares e as temperaturas extremas dos últimos dias já preocupam alguns produtores, com o estresse da cultura em algumas regiões. Os preços ainda seguem pressionados, com a saca de 60 quilos sendo comercializada em média a R$ 47,00, valor cerca de 36% menor em relação ao mesmo período de 2023.
Paraná
Em nível de Estado, de acordo com boletim do Deral, o Estado deverá produzir 18,8 milhões de toneladas de soja em uma área total de 5,8 milhões de hectares. Já o Brasil, 146,8 milhões, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo demonstra documento preparado pelos técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a previsão da Conab projeta 5% a menos do que foi produzido de soja na safra anterior – 156,6 milhões de toneladas. No Paraná a safra anterior rendeu 22,5 milhões de toneladas.
Mesmo que a produção seja menor no Brasil, a estimativa é que os preços da oleaginosa continuem pressionados e com viés de queda, em razão da grande disponibilidade do produto no mundo. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta para 396,8 milhões de toneladas. A última ficou em 378 milhões de toneladas. Essa alta de 18,8 milhões de toneladas é o que está projetado para a produção paranaense.