Projeto segue incentivando a leitura com empréstimos de livros à população

Segue em funcionamento em Campo Mourão o projeto “Cooperativa do Livro”, que retomou as atividades após o período mais crítico da pandemia da Covid-19. A iniciativa, que funciona há três anos, empresta livros à população promovendo o acesso fácil à leitura. A ação é promovida aos domingos, junto à Feira Criativa, na praça São José, das 9 às 12 horas.

A “Cooperativa do Livro” foi criada pela professora de História, Nair Sutil, em 2019. Funciona com a ajuda de voluntários. Professora Nair afirma que o projeto defende o livro como um direito básico de todo morador, fazendo “parte das necessidades básicas” de cada um. Para ela, o livro é uma ferramenta fundamental de ‘transformação do ser humano’. “É uma conexão com a experiência de outras pessoas. Quem lê um livro vai encontrar um repertório muito mais elaborado sobre um assunto do que simplesmente escutar alguém falando sobre”, define.

O projeto reúne mais de 600 exemplares. Obras primas valiosas. São desde clássicos da literatura, como de Machado de Assis à ficção. O projeto iniciou com trabalho de formiguinha. No começo a ‘Cooperativa’ tinha apenas 70 exemplares, grande parte doada pela própria comunidade. Porém, desde sua criação, vem ganhando espaço e caindo no gosto da população. Para se ter ideia, há períodos em que mais de 150 exemplares estão emprestados. Pode parecer pouco, porém, são 150 leitores adquirindo conhecimentos e experiências que poderão repassar a uma infinidade de outras pessoas.

Nair começou o projeto influenciada pela profissão. A levava alguns exemplares aos domingos no Parque do Lago para emprestar a quem tivesse interesse. Sua iniciativa então começou a ganhar corpo, nascendo a “Cooperativa do Livro”. “O livro é uma ferramenta poderosa. Ele tem capacidade de nos transportar de um lugar para outro e nos faz refletir sobre nossas próprias ações” destacou a professora. Ela trabalha agora para que o projeto chegue também aos bairros da cidade e talvez, porque não, também a outros municípios da região.

Hábito da leitura

O hábito de ler é importante para o desenvolvimento criativo e intelectual de crianças e adultos. Uma pesquisa realizada pelo IBOPE em 2020 revelou que o Brasil perdeu 4,6 milhões de leitores nos últimos quatro anos. Entre os que mais deixaram de ler estão as classes altas da Região Sudeste. Em contrapartida, as crianças são as que têm se dedicado mais à leitura nesses últimos anos.

Na era tecnológica, é cada vez mais comum a procura por meios inovadores para ler. Muitos têm optado por fazer isso usando livros digitais em seus smartphones e tablets. Há algum tempo, ler demandava disposição para ir a uma biblioteca, procurar o tema desejado, emprestar o livro, renovar o empréstimo e devolver. A tecnologia facilitou —  e muito  —  esse fluxo. Atualmente, basta pesquisar na internet quais os livros adequados, de acordo com o seu interesse, e comprá-los em formato digital ou, em alguns casos, baixá-los sem custo. Dessa forma, o material estará sempre disponível em um dispositivo eletrônico, sem a necessidade de devolver ou mesmo renovar o empréstimo.

Ao observar os dados da população que lê, no Brasil, fica claro que os jovens lêem com maior frequência do que as pessoas de mais idade. A faixa de 5 a 10 anos foi a única que teve um aumento no número de leitores. Além disso, o gosto pela leitura é também influenciado pela renda familiar, o grau de escolaridade e o lugar onde a pessoa vive. Por exemplo, quem vive na zona urbana ou pertence às classes sociais A e B ainda lê mais do que os moradores da zona rural ou os que são das classes mais baixas, D e E, mesmo que o número total tenha caído nos últimos anos.

O principal livro de interesse das pessoas é a Bíblia. Cerca de 42% dos entrevistados pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística  —  IBOPE —  leram pelo menos partes dela nos meses que antecederam a pesquisa. Livros de gênero religioso alcançam o interesse de 22% dos entrevistados, o que os deixa no mesmo patamar dos contos e romances, que têm porcentagem similar.