Psicóloga fala sobre importância do autocuidado para a saúde mental
Prestes a encerrar a campanha “Janeiro Branco”, destinada à conscientização da saúde mental e emocional, a psicóloga Gabrielly Tavares Botelho Sena falou, em entrevista à TRIBUNA, sobre a importância do autocuidado para a saúde mental. Além disso, a profissional fez orientações simples, mas que podem ser determinantes para evitar o desenvolvimento de transtornos ou mesmo doenças mentais e/ou físicas.
Esses cuidados passam tanto pela instância individual quanto coletiva. Isso porque, segundo a psicóloga, essas são questões que indissociáveis. Apesar disso, há diversas barreiras a serem superadas nessa área. “Infelizmente, a saúde mental ainda é muito vista como um tabu”, disse, destacando que houve avanços, mas muitas pessoas ainda se sentem incomodadas quando precisam fazer psicoterapia e, principalmente, nos casos em que são encaminhadas a um psiquiatra.
Além disso, mesmo que muitos reconheçam que as saúdes mental e física estão interligadas, muitas vezes, o aspecto psicológico ainda acaba não sendo investigado. Conforme exemplificou, é comum ouvir afirmações do tipo ‘você tem problemas no coração, então, não pode passar raiva, não pode ficar nervoso’. Embora muitos tenham essa compreensão, o preconceito, como destacado por Gabrielly, é um fator que impede avanços na área da saúde mental de forma completa.
Apesar das barreiras ainda existentes, o tema vem evoluindo ao longo dos anos. Um dos principais progressos é o fato de as pessoas começarem a falar sobre situações como carga do dia a dia, responsabilidades e vida corrida, o que impulsiona ao autocuidado. “Mas a gente vê ainda muito mais o cuidado estético, com academias, lutas, mas ainda faltam cuidados mais específicos”, comentou, citando exemplos, como passar um tempo consigo mesmo, investir alguns minutos do dia no próprio silêncio e presença.
Um agravante para isso é a velocidade em que tudo acontece no mundo contemporâneo. Porém, a psicóloga fez recomendações básicas, mas que contribuem para a promoção do autocuidado. O primeiro passo, segundo ela, é cada um lembrar que é um ser humano. Nesse sentido, colocar-se como protagonista da própria vida é um caminho necessário. Conforme Gabrielly chamou a atenção, é preciso ‘aprender’ a estar só.
Um grande empecilho para se sentir e se perceber as pequenas coisas do cotidiano é o uso cada vez mais constante de eletrônicos e internet. Ainda que essas ferramentas ajudem no dia a dia, o uso excessivo também pode acabar prejudicando a vida das pessoas. “Quando não temos mais nenhum minuto do dia que não esteja dependente de um celular, por exemplo, de um notebook, isso se torna dependência, portanto, algo ruim”, refletiu a psicóloga.
Em função da importância de se ‘reconhecer’ no dia a dia, a profissional comentou que é possível começar aos poucos, dedicando alguns minutos do dia a si. Tirar 5 minutos para respirar fundo, perceber essa respiração, o toque na pele, ‘sair do automático’, prestando a atenção nas ações cotidianas e alimentar-se melhor são algumas das recomendações simples destacadas por Gabrielly, mas que podem fazer uma grande diferença no investimento do autoconhecimento e autocuidado de cada um.
Agravamento da saúde mental
Quando não se consegue seguir essas ‘etapas básicas’ ou devido a traumas, é possível que transtornos sejam desencadeados. Nesses casos, a psicóloga ressaltou o papel relevante que a rede de apoio, ou seja, família, amigos, colegas de trabalho, desempenha na vida da pessoa. “A partir do momento que eu sei que tem uma pessoa com esse tipo de necessidade próxima a mim, o meu papel, enquanto ser humano, é me preparar para isso”, recomendou.
Uma das formas de fazer esse preparo é realizando pesquisas sobre ansiedade, depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia ou qualquer outra desordem que a pessoa tenha na saúde mental. Se isso não for suficiente, dependendo do vínculo que se tem, é possível também conversar com a própria pessoa que tem determinado transtorno ou procurar ajuda com um profissional da área. Esses cuidados são importantes, como lembrou a psicóloga, para entender e saber lidar com o movimento do próximo, respeitando as diferenças, inerentes a todos os seres humanos.