Saúde de Campo Mourão alerta sobre prevenção e controle da propagação de casos de esporotricose

Há cerca de dois anos e nove meses, a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Mourão, por meio Divisão de Vigilância Ambiental/Zoonoses da Gerência de Vigilância em Saúde, vem atuando em campanhas de prevenção e controle da propagação de casos de esporotricose no município. O primeiro caso notificado no local foi em abril de 2022. Desde então, a ocorrência em humanos e em animais domésticos, sobretudo gatos, cresceu gradualmente.

Em humanos, a lesão inicialmente se manifesta como uma picada de inseto, com vermelhidão e dor, podendo evoluir, com o tempo, para um nódulo (caroço) e, eventualmente, abrir uma ferida

De acordo com o médico veterinário da Vigilância Sanitária Carlos Alberto de Andrade Bezerra, a esporotricose é uma micose causada pelo fungo Sporothrix, encontrado na terra, em plantas e em madeiras em decomposição, que pode afetar tanto humanos quanto animais.

A transmissão ocorre por meio de ambientes contaminados pelo fungo, a partir de lesões na pele causadas por farpas e espinhos, por exemplo. Também pode ser transmitida a partir de arranhões e mordidas de gatos portadores da doença. Apesar da atuação da Saúde, a situação ainda preocupa. “Em Campo Mourão, a doença está estável, mas não parou até hoje”, disse o especialista.

Conforme dados repassados pelo veterinário, desde que o primeiro caso apareceu no município até o início de dezembro de 2024, houve registro de 20 ocorrências em humanos e 227 em animais, sendo três em cães e 224 em gatos. Nesse período, o setor responsável por acompanhar e atuar sobre a doença realizou 4.914 buscas ativas em residências e comércios, seja com contato direto com o responsável para repassar orientações ou por meio de entrega de material educativo nos locais em que ninguém foi encontrado. “Onde a gente passou e deixou um folder/panfleto ou fez o contato é onde tem o maior risco de transmissão”, alertou.

Das infecções em seres humanos, o histórico anual de casos indica um aumento gradual a cada ano. Em 2022, foram 5, em 2023, 7, já em 2024, 8. Desses, 18 foram tratados e curados, enquanto dois seguem em tratamento. Em relação aos gatos, atualmente, há 37 em tratamento, dos quais houve duas reincidências e duas reinfecções. Confira no final desta reportagem os bairros em que há distribuição dos casos de felinos em tratamento no município.

Bezerra enfatizou a importância dos trabalhos realizados de investigação e busca ativa, bem como de orientações a tutores, Organizações Não Governamentais (ONGs), clínicas e população em geral, sobretudo das áreas afetadas. Isso porque, dos 227 registros da doença em animais ao longo desses pouco mais de dois anos e meio, 45 foram notificados por clínicas e consultórios veterinários, 43 por ONGs, 40 por tutores e 99 foram identificados em busca ativa.

O veterinário explicou que a prevenção e o controle da doença em humanos incluem o controle dela nos gatos, principalmente. Isso, segundo ele, resulta em menor custo para o sistema público de saúde a longo prazo. Além disso, outro fator relevante é a educação em saúde e mobilização da comunidade, conforme mencionado, por meio da promoção de informações que auxiliem na contenção da transmissão da doença, identificação de casos positivos e melhoria da saúde humana, animal e ambiental.

Em gatos, a doença aparece como feridas que não cicatrizam e que podem se espalhar pelo corpo

Principais sintomas

Nos humanos, no início, a lesão parece com uma picada de inseto, avermelhada e dolorida. Com o passar do tempo, ela pode evoluir para um nódulo (caroço) e abrir uma ferida, algumas vezes, com outros nódulos enfileirados. Nos gatos, a doença se manifesta a partir de feridas que não cicatrizam e que podem se espalhar pelo corpo, podendo apresentar tosse e espirros.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito por meio do reconhecimento da lesão por um médico, no caso da doença humana, ou um médico veterinário, em animais, e confirmado laboratorialmente através do achado do fungo no material colhido na lesão.

Tratamento

O tratamento recomendado para a esporotricose, na maioria das vezes, para humanos e animais, é feito por meio de antifúngico, sendo que a dose deve ser avaliada por médico ou veterinário, de acordo com a gravidade da doença. Desde junho de 2023, quando começou a ser realizada a distribuição do medicamento na cidade, a dezembro de 2024, foram fornecidas pela Secretaria de Estado de Saúde do Paraná cerca de 583 caixas com 15 cápsulas para animais atendidos. Bezerra sinalizou que, como recentemente houve uma alta da doença no estado, a distribuição do medicamento está temporariamente suspensa e deve retornar a partir do próximo mês.

Prevenção

– Usar luvas ao manipular terra, espinhos, madeira, além de gatos com feridas.
– Levar o animal ao médico veterinário em caso suspeito.
– Isolar gatos em tratamento em local seguro e ventilado, de fácil limpeza.
– Limpar/desinfetar o ambiente contaminado com água sanitária, com pulverização ou aplicação direta, utilizando água sanitária 50 mililitros para 1 litro de água.
– Nunca interromper o tratamento sem o consentimento do médico veterinário.
– Durante o tratamento, o animal poderá transmitir a doença ao proprietário.
– Encaminhar os animais mortos para o destino correto, não devendo jogá-lo no lixo ou enterrá-lo.
– Não realizar curativos locais e não dar banho em gatos com esporotricose.
– Castrar gatos saudáveis para diminuir as saídas à rua e a possibilidade de transmissão da doença.

Distribuição dos casos de gatos em tratamento por bairros:

  • Country/Maia/Laura (9)
  • Capricórnio (8)
  • Centro (5)
  • Flórida (4)
  • Aeroporto (3)
  • Maria Barleta (3)
  • Gutierrez (3)
  • Fortunato Perdoncini (1)
  • Araucária (1)

Serviço

Em caso de suspeita de esporotricose em humanos ou animais, principalmente nos locais que receberam visita domiciliar ou o panfleto com orientações sobre a doença, recomenda-se fazer contato com a Divisão de Vigilância Ambiental/Zoonoses, no início do expediente, das 8 às 9 horas, ou das 13h30 às 14 horas, pelo número (44) 3518-1617.