TDAH e férias escolares: conheça intervenções que famílias podem adotar

Este é um mês bastante conhecido pelas férias de julho. Por exemplo, na rede municipal de educação de Campo Mourão, elas iniciaram nessa segunda-feira (8) e seguirão até o dia 24. Para muitos, como famílias que têm crianças em casa, esse período acaba sendo, muitas vezes, temido, sobretudo quando há algum transtorno neurobiológico presente, como é o caso do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Como forma de orientar pais e responsáveis com propostas de intervenções com seus filhos ao longo dessas semanas de recesso, a equipe de reportagem da TRIBUNA conversou com a neuropsicopedagoga Claudeni Benelli, que forneceu algumas dicas e sugestões especialmente voltadas para as crianças diagnosticadas com TDAH, mas que podem ser adotadas com qualquer uma, seja em contexto de férias escolares, seja na vida.

Conforme a profissional, a grande questão que interfere – em muitos casos negativamente – no transtorno das crianças é que, em casa, no período de férias, elas acabam não seguindo uma rotina estruturada, como há nas instituições de ensino. “Quando chega o recesso escolar nesse meio do ano, essa rotina é interrompida”, alertou.

Com toda essa mudança repentina, as crianças com TDAH tendem a ficar mais entediadas. Dessa forma, elas podem se tornar mais agitadas, agressivas e, inclusive, se sentir perdidas, visto que não gastam ‘energia’ como na escola. Embora esse seja um momento desafiador para as famílias, a neuropsicopedagoga deu algumas dicas e sugestões de como os responsáveis podem intervir para tornar esse período mais tranquilo e saudável.

 

As orientações passadas pela neuropsicopedagoga Claudeni Benelli não servem apenas para crianças diagnosticadas com TDAH, mas para todas

Dicas de intervenções durante o período de férias escolares

1. Criar rotina: um dos primeiros pontos destacados por Claudeni é a importância de as famílias procurarem manter uma regularidade das atividades desenvolvidas diariamente. Horários preestabelecidos para acordar, para se alimentar, para brincar e para dormir podem ser um bom começo.

Isso não quer dizer, no entanto, que essa rotina deve ser rigorosamente fixa e cumprida de maneira exatamente igual todos os dias. “Não precisa ser amarrado, no sentido de ter que acordar oito horas da manhã, para nove horas ir brincar. Se a criança dormir até um pouco mais tarde, de vez em quando, tudo bem”, observou. A ideia é ter uma rotina previsível, estruturada, o que pode contribuir para o público infantil com TDAH ter mais segurança, diminuindo a ansiedade e, consequentemente, reduzindo o comportamento hiperativo e compulsivo.

2. Regras claras: para a primeira orientação funcionar adequadamente, Claudeni destacou que é fundamental que sejam estabelecidas regras claras às crianças. “Se a regra não for clara, a criança vai entender do jeito dela, e depois não adianta castigá-la, cobrá-la ou brigar com ela se não entendeu a regra, né?”, refletiu. Para isso, os pais podem especificar as normas sobre o comportamento esperado. Isso inclui definir as consequências se a regra for descumprida, por exemplo.

3. Planejar atividades: incentivar a criança a gastar energia física e mental é outra sugestão dada pela profissional. Passeios ao ar livre, brincar no parque, andar de bicicleta, jogar bola são alguns exemplos. Já para trabalhar a parte cognitiva, jogos, de preferência, educativos manuais, evitando os virtuais, são uma boa opção. Segundo a neuropsicopedagoga, é interessante diminuir ao máximo o uso de tecnologia, estimulando a leitura, arte, pinturas, brincadeiras com lego, entre outros.

4. Praticar a paciência e o apoio emocional: embora Claudeni reconheça que essa não é uma tarefa fácil, as famílias com crianças diagnosticadas com TDAH precisam praticar a paciência e o apoio emocional aos filhos. Algumas das formas de realizar isso são reforçando comportamentos positivos e celebrando pequenas conquistas.

A especialista comentou que é comum crianças com esse transtorno sentirem que estão de castigo o tempo todo. “Porque ela é impulsiva, então, isso faz com que tenha comportamentos que a família, a comunidade, a escola não aceitam. Com isso, ela vai sempre sofrendo consequências”, destacou. Portanto, vale a pena, por exemplo, descobrir e incentivar interesses e hobbies, para que ela se mantenha engajada ou focada em atividades que gosta.

5. Procurar apoio profissional: nos casos em que os familiares não conseguem lidar com determinadas situações que envolvem o dia a dia de uma criança com TDAH, a recomendação é para que eles busquem orientações especializadas. Profissionais especialistas no atendimento de crianças, jovens a adultos com o transtorno podem ajudar não só as pessoas diagnosticadas, mas também a própria família a entender, lidar, conviver e estruturar a vida com mais qualidade e harmonia.

O TDAH

De forma geral, o TDAH se manifesta comumente na infância, mas também pode ser diagnosticado na vida adulta. Os principais sintomas são a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade. Também é possível que o público com o transtorno tenha dificuldade em seguir instruções e controlar os impulsos. Com isso, todos esses comportamentos e sintomas, se não trabalhados adequadamente, acabam interferindo de forma negativa no desempenho escolar e na interação social das crianças.