Agronegócio: a luz em meio ao apagão econômico, por Ágide Meneguette
A pandemia do coronavírus provocou um apagão nas economias paranaense e brasileira. Porém, neste ambiente nebuloso, que dificulta a execução do planejamento e a tomada de decisão, os agronegócios estadual e nacional souberam tatear, com maestria, o melhor caminho para contornar os percalços impostos pela crise e continuar produzindo para garantir alimentos à população e empregos e renda à sociedade.
Os dados estão aí para provar e comprovar que o agronegócio é uma espécie de farol no imenso apagão econômico. Podemos usar como referência as exportações do primeiro quadrimestre, que apontam o setor como responsável por 80,3% de tudo que o Paraná mandou para fora. E, pelas projeções, os resultados positivos não devem se restringir aos primeiros quatro meses deste ano. O agronegócio deve registrar um bom 2020, apesar de inúmeros contratempos e percalços.
Ainda, o PIB da agropecuária brasileira cresceu 1,9% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período no ano passado, enquanto que, no geral, a retração foi de 1,5% em comparação com o quarto trimestre de 2019. Esse desempenho positivo está pautado em três pilares: safra estadual recorde, dólar no seu maior patamar dos últimos anos e comercialização histórica. Ou seja, com boa oferta de grãos, principalmente a soja, e o dólar em alta, os produtos rurais ficaram ainda mais valorizados no exterior.
Outro dado que ressalta o bom desempenho do setor é o mercado de trabalho. O agronegócio paranaense gerou 482 vagas em abril, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Olhando apenas para esse número, quase 500 vagas não parecem muito. Ledo engano! Basta comparar com os números dos demais setores. No mesmo mês, a área de serviços no Paraná perdeu 24.407 postos de trabalho, o comércio fechou 14.387 e a indústria marcou 13.921 vagas a menos. Ou seja, um saldo positivo diante deste cenário de retração econômica e aumento do desemprego é ainda mais importante.
Olhando para o consumo de energia no Paraná no mês de abril, também é possível ver uma expansão da atividade rural. Enquanto os segmentos comercial e industrial registraram queda, o residencial e o rural tiveram alta. Ou seja, o setor agropecuário arregaçou, ainda mais, as mangas para produzir. Muito desta alta no consumo de energia ocorreu nas regiões Oeste e Noroeste, que concentram boa parte da produção estadual de aves e suínos (entre outras atividades agropecuárias) e muitas agroindústrias, responsáveis pela transformação dos produtos que saem do meio rural até chegar à mesa da população.
Existe uma infinidade de dados que mostram (e comprovam) o bom desempenho do agronegócio desde o início da pandemia. Independentemente de qual seja, o importante é o fato de que os produtores rurais paranaenses e brasileiros não pararam, como bem ressalta a campanha “O Agro do Paraná não para”, realizada pelo Sistema FAEP/SENAR-PR. Ou seja, diante da discussão de atividade essencial e não essencial, o motor das economias estadual e nacional segue aquecido, iluminando o caminho para superar essa crise.
Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR