Amar não é só verbo
“Acho que é isso que falta.
Aquele pertencer a algo.
Sentir-se pertencido.(…)
O pertencimento a um mundo fechado.
Mostra-se a cada dia mais nítido a falta do pertencer.
A dura realidade do ver e enxergar o mundo.
Emoção na surpresa da importância.
Anos de falta de pertencimento.
Deslocava-se num mundo já fechado….
Arrastava na importância que não existia.
(…)….Mônica Gomes – Pertencimento….
Em meus guardados, um rascunho antigo, amarelado pelo tempo, datado, há 36 anos que rapidamente veio à tona, recordação vívida de uma história que ocorreu de fato, conheci a senhora Aldinéia. Eis a história:
Uma idosa curitibana, 88 anos, tinha quatro filhos, 14 netos e seis bisnetos. Aposentada, viúva com dois proventos, dela e da pensão do marido. Morava sozinha em um amplo e próprio apartamento. Ficava em casa o suficiente para mantê-la em ordem, toda limpeza, roupas lavadas, passadas, preparava as refeições, tudo com esmero. E saía bastante, compras no supermercado, ia ao cinema, livraria.
Os filhos, sempre muito atarefados e, como ela diz, “viviam suas vidas”, muito trabalho, compromissos que pouco a visitavam. Mãe, avó e bisavó, passa muitos sábados e domingos, semanas sem receber alguém da família. Ela não esquecia um aniversário sequer, levava presentes e pessoalmente os entregava.
Certa vez, após tomar chá, comprimidos e remédio caseiro, se agasalhar, a dona Aldinéia continuava a tossir muito, faltava ar, nariz trancado, ardendo em febre. Chamou um táxi e foi ao hospital. Naquela década de 1980, telefone era só o fixo, um luxo. Na caderneta com nomes e números, pediu a enfermeira que ligasse para o filho. Bastou ele saber que a mãe estava hospitalizada, avisou os demais e rapidamente todos já estavam no quarto com ela. Filhos, netos, bisnetos, noras e genros se desmanchavam em atenção, cuidados, enfim para que ela ficasse boa logo. Após dois dias ela estava em casa. Durante a semana, recebia ligações, queriam saber se tudo estava bem. Enviavam flores, bombons. Porém, tudo voltava ao dito normal, se estava tudo bem, sequer ligações aconteciam. Aldinéia se voltava à solidão: ela com ela mesma.
Dona Aldinéia teve uma ideia. Passou a fingir que não estava se sentido bem e logo ia para o hospital, se queixando de dores de todo o tipo, pedindo para ser internada. E o que acontecia? Toda a família aparecia, se desdobrando em afeto.
O diagnóstico era o mesmo, tudo estava bem com ela. Voltava para casa. Com o tempo, médicos e enfermeiras sabiam o que ela realmente precisava. Davam só um “sorinho”. O que realmente necessitava a dona Aldinéia? De acolhimento. Se sentir pertencente a própria família, junto daqueles que para ela eram vidas que pertenciam a dona Aldinéia. O que ela desejava, apenas abraços, um pouco de atenção, de manifestação de amor, pois não basta ter, é preciso praticá-lo,” ainda em vida”, segundo ela dizia.
Fases de Fazer Frases (I)
O caráter da honestidade é a ética.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
“Belo texto. Obrigado.”. Manifestou Ireno dos Reis Pereira, secretário municipal da Infraestrutura e Mobilidade Urbana de Campo Mourão. “Parabéns pela coluna, como sempre admirável”, diz Ricardo Borges, advogado e apresentador de TV. O publicitário curitibano Rodrigo Corrêa de Barros, nascido aqui, declarou, ´´e sempre bom falar de fatos locais”. Para o morador do Jardim Albuquerque, “acredito que os acidentes vão diminuir”, espera João A. Ribeiro.
Eles se referiam ao texto da Coluna anterior, Sinais, mais do que placa do trânsito mourãoense. A todos, este escrevinhador agradece, honrado.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
O presidente da OAB de Campo Mourão – Ordem dos Advogados do Brasil, Andrey Legnani, postou um vídeo para falar do cronograma adiantado da nova sede da referida entidade. É possível já constatar a beleza arquitetônica da nova sede, assim como certamente a funcionalidade.
Cabe salientar o dinamismo do presidente e da diretoria, agindo em consonância com a classe dos advogados.
Farpas e Ferpas (I)
Não confundamos o cair da tarde com o cair tarde.
Farpas e Ferpas (II)
Não confundamos áspera com aspira.
Farpas e Ferpas (III)
Por vezes até a vulgaridade carece de classe.
Sinal Amarelo
Quem não é humilde por si só é arrogante?
Trecho e Trecho
“Não há sensibilidade sem dor nem prazer sem sensibilidade”. [Baltasar Gracián].
“Se você quer saber o quanto eu te amo, é simples: multiplique as estrelas pelas gotas do oceano”. [Autor desconhecido].
Reminiscências em Preto e Branco
Se o tempo vaga, vou vagueando.
Vagamente. Mente vaga.
Vou de vagar. Devagar em vagar.
José Eugênio Maciel | [email protected]
* As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal