Ansiedade, saciedade, sociedade
“O esforço e disciplina do incansável, vale mais do que o talento do preguiçoso”.
Marcel George Dall’Antônia
Baixamos a guarda. Relaxamos. Cansamos da disciplina. Negligenciamos. De modo geral é grande o número de pessoas brasileiras com comportamentos contendo tais características, diante da pandemia do Covid-19. A doença, mais que crescer, se alastra. A estrutura médico-hospitalar, por sua vez, está no estágio atual de exaurimento.
São muito os sintomas do esgotamento, até mesmo das notícias, muitos sequer suportam ouvir sobre a pandemia, até os profissionais dos meios de comunicação, além, é claro, dos da saúde. Pode parecer exagero o fato de, quanto mais se noticia, se adverte, mais o efeito contrário ganha corpo, mesmo diante de tantas mortes, sequelas, pânicos.
Estamos cansados mas não esgotados? O que falta – e muitos já tiveram exemplarmente – é disciplina. Ela é, grosso modo, o esforço permanente que exige observância a regras, obediência, controle.
O Brasil não tem essa cultura da disciplina, autocontrole individual e coletivo. A juventude, que fez dobrar os índices de infectados, põem em primeiro lugar ela mesma, promovendo reuniões, festas, aglomerações. E voltam para casa para infectar pais, avós como se o vírus e a morte não os atingissem. Jovens que ao morrerem fizeram mais que dobrar, só em novembro, as estatísticas da letalidade, entre eles, mas sem ainda capazes de sensibilizá-los a ponto de assumirem alguma responsabilidade humana.
Pandemia, palavra originária do grego, pãn: todos; demos: povo – mais ia. É a doença infecciosa mundial que pôde, como tem sido, começar em pequenos grupos e a se espraiar, tais como família, trabalho, aglomeração nos mais diferentes tipos e níveis. O resultado está aí.
O próprio cérebro, que não se programou para tanto tempo de alerta, tenta relaxar, ainda mais fácil se não dermos a ele o comando para continuar atento.
Mas longe de arranjar desculpas e culpados, dois fatores contribuíram para esse descabido e injustificado relaxamento, abandono de máscaras, álcool etc. São dois os principais, a notícia sobre a vacina e a desativação de hospitais de campanha, leitos, UTI’s, assim como o retorno de uma série de atividades laborais. A falsa sensação, o pior já passou, contaminou atitudes individuais e sociais impregnadas de indisciplina. Estamos retornando à estaca zero.
Se não tudo, estamos colocando bem muito a perder, justamente quando nem tempo poderíamos perder, pois ele – assim como vidas – não volta mais. Lições amargas.
Fases de Fazer Frases (I)
Pior na verdade escondida é a coberta pela mentira.
Fases de Fazer Frases (II)
Tudo vale mais quando não se tem nada de valor.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
O Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo aprovou a proposta do promotor Roberto Barbosa Alves para que todos os promotores venham a fazer parte da lista de prioridades da vacina Covid-19, alegando que trabalham tendo contato extremamente grande e de risco. Egoísta, insensato e desumano tal posicionamento diante de outras categorias e atividades profissionais expostos efetivamente a grandes riscos.
Já morreram mais de dez mil profissionais da saúde. E é de se indagar: quantos promotores?
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Foi necessário o pronunciamento do STF – Superior Tribunal Federal para evitar a separação das pessoas portadoras de deficiências da educação regular, conforme tinha determinado o Ministério da Educação. Além de ser contrário ao Plano Nacional de Educação Especial, o governo sequer ouviu especialistas na área.
A pretendida segregação e preconceito só eliminariam as reais possibilidades de avanços e crescimentos desses estudantes especiais, ou seja, isolados sofreriam até mesmo regressão cognitiva.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
As 11:40 minutos da sexta-feira estou na corrida contra o relógio para adiantar e entregar esta Coluna, pois a tarde não será possível escrevê-la.
Mas a corrida a que me refiro é a do relógio da luz. Estou sem energia há pelo menos 30 minutos e conto com a bateria do computador portátil. A cada instante salvo o conteúdo. Talvez nem revisão dê para fazer. Vai como está, hora do texto ir ao Jornal…
Farpas e Ferpas (I)
O faz de conta é uma lúdica e precisa soma.
Farpas e Ferpas (II)
Em plena pandemia todo surto parece surdo.
Reminiscências em Preto e Branco
O tempo passado hoje me foge.
O tempo a passar hoje me forja.
O tempo passado amanhã me forçará.
O tempo, qualquer ele, me farta de tudo:
Sobretudo que ele não deixe de existir.
José Eugênio Maciel | [email protected]