Campo Mourão da janela, 68 anos

Quando abro a cada manhã a janela do meu quarto

é como se abrisse o mesmo livro numa página nova.

Mário Quintana

Janela, já nela se vê a notável data, 68 anos como Município, Campo Mourão!

Olhar o tempo distante, diz tanto, começo em meio ao nada aparente.

Pessoas em expedição passam rápidas, a aventura os leva a seguirem outros caminhos.

As que ficam são vistas da janela, com vagar, tempo a elas se harmoniza devagar.

Janela do acampamento, da casa tosca, da boa ou da residência nobre, descortina-se.

Olhar por olhar é mesmice. Enxergar constata, a paisagem mutante.

Cotovelos apoiados no peitoral da janela, parar a ver o tempo que anda.

Cortinas suavemente ou esvoaçantes levam à janela, brisa ou vento forte adentram.

Trazem o pó seco encardido do solo fértil, quando não é chuva, sem tempo, de temporal.

Imensa janela, grande vista, cabe nela com sobra toda a comunidade de Campo Mourão.

Janela pela qual o da casa saudava o que passava e a retribuição gentil.

Saudações que tinham o aceno da senhora ou do homem, amigos, todos se conheciam.

Cidade o destino traça, chafariz e coreto da praça, o rosário da fé e graça, vê-se da janela.

Janelas envidraçadas do alto dos edifícios o olhar se amplia, se espalha.

Contemplar horizontes, selvas, sulco na terra, lançada semente, és campo, cultivo!

Já há nelas ruas, avenidas pavimentadas, edificações a multiplicar janelas.

Cumprimentos efêmeros, típicos da modernidade, rostos sem retratos na multidão.

Aquela mulher e o homem amadureceram, veio a velhice. São retratos agora olhados.

Molduras dos ascendentes vistos pelas gerações presentes e vindouras, mourãoenses.

Aquele que via pela janela pegou a criança no colo para olharem imagem e imaginação.

O menino pequeno arrasta a cadeira até a janela para ver o que todos viam (ou só ele).

A menina fez o mesmo, a olhar e cantar da janela, dar tchau para amigos.

São 68 anos de janelas. Descortinar da vida que passa, lembrança vívida.

Janelas voltadas para o passado. Elas descortinam o futuro.

Todos a ver o cenário real, ideal inspirador de sonhos a serem vivenciados.

Janelas, legados. A herança maior é a capacidade de edificar prósperos horizontes.

Olhar há de se alterar e enriquecer, cada acréscimo da experiência.

Foi assim a cada ano. São hoje 68. É a janela do princípio e o do prosseguir.

É da minha janela que vejo Campo Mourão. Que a antevejo da mesma janela.

A cada observar, só ela é a mesma. O que vislumbro se renova.

E eu de novo olho o velho e o novo. Novo não sou mais. Velho fico mais.

Arrasto a cadeira para sentar tranquilo. Calmamente para ver o que tem de novo.

E de novo ver o que já vi, com a renovada sensação, como um dia não é igual a outro.

Parabéns Campo Mourão! Da minha janela me vejo em você, em ti fixo meus olhos.

Quando não mais puder olhar, ainda assim serei sempre mourãoense.

Campo Mourão, janela da minha vida.                                  

Fases de Fazer Frases (I)

Desconhecer as regras já é desobediência. 

Fases de Fazer Frases (II)

Às escuras tem escusas?

Fases de Fazer Frases (III)

Um cavalo puro sangue dá coice idêntico ao pangaré.

Olhos, Vistos do Cotidiano

Ainda repercute a reclamação dos mourãoenses que moram ou utilizam a avenida Guilherme de Paula Xavier, trecho do Colégio Estadual Campo Mourão. Buracos abertos, obras para implantar nova iluminação pública, grande quantidade de terra, pó ou barro, muita sujeira. Só essa sujeira? Só tais buracos devem ser tapados? A iluminação irá clarear tudo?  

Reminiscências em Preto e Branco

Vista cansada, não é o mesmo que cansar da vista.