Carnaval sem enredo, a política para enredar

A política baseia-se na indiferença da maioria dos interessados,

sem a qual não há política possível.

Paul Valéry

Domingo passado nós brasileiros nos vimos em retratos dos deputados federais que votaram na Câmara o juízo de admissibilidade do impedimento da presidente Dilma (PT). A política espelha o que somos e o que desejamos ser como nação. Cabe advertir, são os representantes do povo escolhidos por nós. Entre intenção, escolha e resultado existe um vazio abismal pondo distância enorme entre discurso e prática; eleitores e eleitos.

A repercussão da longa sessão da Câmara dos Deputados é assunto atual, opiniões, comentários, análises, posicionamentos, é a política brasileira a tratar do passado recente, do presente em ebulição e o que virá. Em cada um que se apresentava para votar, como estava vestido, o discurso e a declaração do voto, continha a imagem do povo quando comparece para votar.   Desde a consciência, o oportunismo de ocasião, o grande ou total desconhecimento da causa e o efeito da decisão, a política – aparente ou na essência – é a cultura do brasileiro perante o poder constituído por ele mas não necessariamente para e em nome dele. Não são todos mas não são poucos os que votam como se tivessem fazendo um favor para os candidatos, ou vão às urnas pelo favor recebido dos postulantes.

Entre diversos retratos é preciso destacar os que se pautaram com serenidade,  se posicionaram com responsabilidade, independência e voltados para o bem comum.

Domingo sem lugar para a indiferença. Brasileiros, cada qual ao seu modo e com visão a partir do ponto que vê ou enxerga conforme possível, têm pressa ou impaciência, cansados da política matreira e rasteira, e o pior, atrelada em volumosos casos de corrupção de políticos e empresários que saquearam a Petrobras. Nas ruas os brasieiros agem, reagem com o desejo de influir nos rumos, dispostos a assumir alguma direção.

Como carnaval, a política é com máscaras, alegorias, espetáculo a induzir, seduzir quem assiste de camarote ou no chão da avenida. Enredo de porta-bandeiras dos partidos, diferentes quando muito nos estandartes, a cantarem a alegria do povo. Da quarta-feira de cinzas no sopro cívico da acesa brasa, liberdade. Se democracia não é só escolha, sem o voto livre e sem nos responsabilizarmos pelas decisões, então a democracia será carro alegórico imóvel e destoante.

Não são só pedras encontradas nessa caminhada, existem rochas que exigem esforço e cooperação maiores, sobretudo como motivação que deveria ser a razão de ser da política, além do bem comum, a moralidade. São muitos os brasileiros atentos quanto aos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, respectivamente os peemedebistas Renan Calheiros e Eduardo Cunha que  não correspondem a tais princípios, e sobre eles não pesam meramente dúvidas, indícios, eles têm um passado e um presente repletos de improbidade, mas se mantêm no jogo da política, predominam, tacanha e rasteiramente.

No Brasil a política do poder não é o mesmo que o poder da política.

Fases de Fazer Frases (I)

Nem tudo que sobra é abundante, mas tudo que é abundante sobra.

Fases de Fazer Frases (II)

Partir é o destino de repartir: do ficar e do ir.

Fases de Fazer Frases (III)

Palavra antiga, esquecida, quando ressurge está com roupa nova por cima da velha. 

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)

Seria notícia boa se não tivesse nenhuma ruim do governo Dilma. Em meio às traições dos votos domingo passado na Câmara, a economista presidente, na luta para se manter no cargo, tem a manchete: 10 milhões de desempregados, apura o IBGE. A recessão lembra Collor, cassado, que falou em golpe, que viu o povo ocupando as ruas e que tinha até então o maior índice de rejeição: 68% e Dilma alcança 71%. Fora é palavra que o PT mais empregou contra os governos que fez oposição. Fora Sarney; Collor; Itamar; FHC. Fora todo mundo! Fora do fora, só o PT.

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)

Compraram Temer, PMDB para a chapa do segundo mandato da Dilma. Agora o PT não quer  (tenta passar pra frente) ou liquidá-lo. Vice do povo? É (era) vice da Dilma.

Reminiscências em Preto e Branco

O mandato é curto para quem o tem e longo para quem quer tê-lo. Manda o tempo.