Com o ver dos outros

Na humildade se encontra a simplicidade que por sua vez é a característica da genialidade

Carlos Roberto Sabbi

                Em todos os sentidos é um homem simples. Roupas desgastadas pelo longo e intenso uso. Cinto surrado entre meio aos furos, rachaduras verticais tão gastas como calça e boné descoloridos, tantas jornadas. Face enrugada, queimada sol a sol de décadas. O senhor estava próximo ao balcão. Não tirou senha. Apenas e com naturalidade singular dirigiu o olhar ao funcionário dos Correios, como quem expressa, tô aqui, esperando a minha vez, depois de outro velho como eu.

             Era o cenário da última quinta nos Correios do centro de Campo Mourão. O primeiro senhor proseia simpaticamente com o funcionário da Empresa e em seguida se despede. Então se aproxima do Moisés, funcionário dos Correios, aquele outro senhor de idade avançada. Mostra ao funcionário uma correspondência que recebeu na casa dele, mas que não era para ele. Moisés pergunta se de fato o endereço que constava na correspondência era daquele senhor, que respondeu, é. Moisés leu o nome do destinatário, explicando ao idoso se ele conhecia o nome escrito no envelope. Novamente a resposta do senhor foi sim, conheço ele. Ao demonstrar estar satisfeito com o atendimento, o senhor demonstrou estar seguro agora, pois poderia entregar o envelope para o conhecido, em nome dos Correios. Foi embora, certo que faria o certo.

            Se não podemos ignorar a simplicidade, a ignorância não é simples assim, quando se trata de pessoas iletradas. Ser analfabeto não é problema exclusivo de alguém nem o atinge negativamente apenas a quem não sabe ler, escrever, compreender e produzir um texto. É uma questão social.

            Estive na agência para retirar a minha nova CNH – Carteira Nacional de Habilitação, que renovei após os exames exigidos. Por não estar em casa lá foi deixada a notificação. Se não soubesse ler, teria que ir até os Correios (também não teria a carteira) para tirar dúvidas como as daquele homem. Dos Correios segui a pé atravessando as praças centrais de Campo Mourão. No trajeto uma senhora pede ajuda, eu não sei ler, por favor, onde fica este lugar que eu tenho que ir. Ela procurava a Rua Brasil, apontei o caminho, o Ministério do Trabalho. Vô pegá minha carteira de trabalho.

            Fiquei a pensar na coincidência, duas pessoas idosas, em busca de ajuda, sem saber ler ou com limites grandiosos que não confiam no que parcamente poderiam ler.  

            A ajuda maior, estímulo, cobrança e mobilização não é a de orientar como fez o Moisés dos Correios, ou eu ao informar a senhora caminhar até a próxima quadra e encontrar o Ministério do Trabalho. Ajuda maior será poder acabar com o analfabetismo. Incomoda sim, não tem como ficar indiferente para com os brasileiros, no caso mourãoenses que desconhecem as letras do mundo da comunicação e expressão. Talvez por isso um ditado foi transmitido erroneamente: Quem tem boca vai à Roma. Quando o certo é: Quem tem boca vaia Roma.

Fases de Fazer Frases

            Vale tudo quando nada tem valor?

Olhos, Vistos do Cotidiano

            Vivendo os últimos dias no Senado, talvez nem saia candidata a nada, a paranaense (PT) Gleisi Hoffman lá pouco comparece para o trabalho. Em pleno dia de expediente, acompanhou a caravana do ex-presidente Lula ao Paraná. Escolheram a pior pessoa para falar do suposto atentado com os tiros dados no ônibus da comitiva quando eles passavam por Laranjeiras do Sul. Ela não tem credibilidade até para cantar aquela música: que tiro foi este?.

Reminiscências em Preto e Branco

            A 25ª edição do tradicional e famoso Concurso Pinóquio, que premia os maiores contadores de mentiras e causos me faz lembrar como começou, sempre também no dia primeiro de abril, dia da mentira. Virou concurso no ano seguinte, já que a primeira vez a intenção era somente reunir pessoas para contar tais casos. Apareceu bem mais gente do que o esperado, aí virou concurso, na época que eu era o secretário da educação e cultura e presidia a Fundação Cultural.

            Recebi e agradeço publicamente o convite. Por compromissos familiares não estarei em Campo Mourão. Não é mentira! Estarei em Guarapuava.

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Por José Eugênio Maciel | [email protected]