Eram dez. Quem será?

Cuidado: os santinhos distribuídos nas eleições não fazem milagres.

Luciano Campelo

Era dez o número dos que anunciaram a pretensão de serem candidatos. Quando muito chegaram a pré de pré candidato. Entre as causas não assumidas publicamente, duas se destacam, lançaram os próprios nomes com o desejo de compor chapa majoritária. E sem apoio mínimo,  teve quem desistiu. Já noticiado, são quatro os postulantes a prefeito de Campo Mourão. Pela ordem alfabética: Evaldo Bertoldi (PSOL), Regina Dubay (PR), Rodrigo Salvadori (PSD) e Tauillo Tezelli (PPS).

O que chama a atenção foi o discurso de todos eles nas respectivas convenções partidárias, praticamente o mesmo conteúdo e intenção: a crítica aos adversários. É bem mais do que a cultura política de um modo geral quando das eleições, é possível considerar que eles saibam que a disputa começou acirrada e que ainda a maioria do eleitorado não está com os olhares voltados para as eleições. Soma-se a isso os escândalos marcados por indiciamentos, perda de mandatos, prisões e condenações, eis o quadro nacional.

É para prefeito e vereadores  as eleições, portanto elas são municipais. Até que ponto nomes e partidos em nível nacional e parananense devem influir ou até serem decisivos para o voto local? Conhecer minimamente o papel do prefeito e dos vereadores no exercício do mandato público já é o primeiro – talvez o mais importante – como critério para o voto.

Não é uma crítica, (aqui expressa), à crítica discursiva dos candidatos. É preciso que tenham propostas, plano de governo. Porém não é incomum o mourãoense condenar a baixaria e ser atraído quando os candidatos voam na guela do outro. Trocar o voto por algum favor é prática não rara. Felizmente não são todos, existem cidadãos mourãenses que levam o voto a sério.            

Fases de Fazer Frases

Despeço do que peço. Peco sem peço.  

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)

É 513 o total dos deputados federais. Estar entre os 100 mais importantes é como passar por uma peneira. O DIAP – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar acompanha minuciosamente a atuação de cada deputado e lista os cabeças do Congresso (inclui o Senado).  Usando uma peneira mais fina ainda, Rubens Bueno (PPS) está na lista dos parlamentares paranaenses, só três. Além do ex-prefeito mourãoense estão: Alex Canziani (PTB), Luiz Hauly (PSDB) e Osmar Serráglio (PMDB). Não é surpresa tal destaque mas cabe registro, sobretudo ante a tantos escândalos políticos, encontrarmos pessoas sérias e competentes, como Bueno.            

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)

Ainda sobre eleições municipais: qual será o primeiro santinho que receberei? O certo é,  tratarei todos com respeito, candidatos e os estiverem na campanha.

Reminiscências em Preto e Branco

Cavalete, moldura, tinta, pincel… todos podem ser os mesmos a vida inteira. Eles também  desaparecem em meio aos que chegam. Objetos inanimados a compor cenário da arte bela ou ressequida pela nódoa do tempo. Mas ganham vida na hábil ação da artista inspirada. Agora o cavalete indaga para a moldura (por não ter a resposta): aonde ela está? Pra onde ela foi? A indagação é repetida pela tinta ao pincel. Só uma réstia passa pela fresta da janela do tempo. Neste ateliê, sempre ela se punha a começar, recomeçar.  Tinha pronto ou quadros a concluir.

Noutro cômodo, a biblioteca, livros na estante repleta ou distribuídos pelos móveis da casa, a indagação é idêntica e sem resposta. Lápis, caneta, folhas ágrafas, computador sentem a ausência.

No mais profundo silêncio a dolorosa resposta crava a palavra FIM. Aos 78  anos, Aparecida Maura dos Santos é infelizmente o último quadro da parede, o próprio retrato de uma pessoa repleta de sensibilidade e edificante condição humana. O quadro é para lembrá-la. Mas não será preciso olhar o quadro, a reminiscência estará por toda parte, filha, mãe, irmã, companheira, avó, professora, romancista, leitora ávida, ela só era docemente pequena na estatura corpórea. A Academia Mourãoense de Letras, da qual integrava com efusiva dedicação, dela foi se afastando em razão da saúde abalada. Os acadêmicos expressam a perda que não é somente nossa, e, além da família e amigos, o luto é da cultura deste lugar. Entre tantos fatos que merecerão evocação, talvez caiba, aqui, o retrato da neta então com sete anos, que diz a avó, vou ser pintora, e aí a Maura resolve acompanhá-la e estudar belas artes: É certo que a neta teve a melhor inspiração de vida como menina, e da vida da avó, serenamente findada dia 30 de julho.