Herói, Eloy, dói (não)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
(…)
E talvez de meu repouso…
Mario Quintana
O campo pronto, linhas marcadas a cal na terra vermelha. Traves e a rede feita de sinzal, único gol. A arquibancada projetada para receber o público máximo de três no degrau mais alto e dois no mais baixo! O jogo já poderia iniciar, um goleiro e dois na linha, um adversário do outro.
Uma tábua de parede serviu de placa. Tínhamos encontrado uma latinha de tinta, cor prata e escrevemos o nome do Estádio Municipal, em maiúsculo mas com letras menores em relação ao que abaixo constava, também em maiúsculo: Eloy Maciel. Antes da partida inaugural teria a solenidade, tínhamos que convidar o homenageado. Como era domingo, meio de tarde, o meu saudoso pai estava cochilando, dormindo, enfim a descansar. Mãe, o pai tem que vir para a inauguração, dissemos para a dona Elza que advertiu que iríamos acordá-lo. Mesmo receosos, fomos ao quarto e, mansinho, ô pai, vamos inaugurar o nosso estádio que tem o seu nome….
Nossa alegria se torna felicidade quando chega o meu pai com a máquina fotográfica. Ele tirou fotos dos jogadores, da placa e dos lances da partida. Não sei quem ficou com as fotos mas estão bem guardadas. Ficha técnica dos jogadores: Enio Brisola Maciel (apelido de baixinho ou nani), caçula, Euro Brisola Maciel, (o Rabisco), e eu, José Eugênio Maciel (gudé).
Aquela criançada, hoje com décadas de vida, está a se emocionar com tantas, boas lembranças dos nossos queridos pais. Tomamos um pouco do tempo dele, do cochilo. Seu Eloy esteve no Estádio, abraçou todos nós, assistiu a partida. O carinho dele e simplicidade ainda agora vibram nosso coração. Saltando no tempo cronológico, foi numa noite típica do frio como faz agora, há exatos 21 anos, 26 de junho de 1995, Eloy não cochilou, foi dormir o sono eterno. Obrigado pai, o senhor sempre fez gol de placa para e na vida de todos os seus filhos. A bênção.
Fases de Fazer Frases (I)
Cícero ciceroneia Neia? Ou é Neia que ciceroneia Cícero?
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Reafirmo minha condição de fã dos textos do José Eugênio Maciel. Não sei se sou o número um, mas estou entre os primeiros talvez atrás apenas dos muitos manos dele. Olha só que delícia de texto que ele publicou em sua coluna no jornal mourãoense A Tribuna de Interior. as imagens são por minha conta…. São palavras do fraternal amigo Irineu Luiz Ferreira Lima, depoimento que ele fez no na página virtual dele, o Baú do LUIZINHO. Agradeci tão elogiosas palavras e reafirmo aqui a minha gratidão, também por ele ter ilustrado com imagens ao reproduzir o texto do domingo passado desta Coluna, intitulado Quando eu crescer….
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Ainda quanto a Quando eu crescer… Eu estava no supermercado e a senhora Clarice do Prado Veiga me saudou, e aí, Maciel, já comprou a sua latinha de leite condensado?!. Cida Freitas, professora, poetisa na criatividade e talento: Eu furava a lata e tomava escondido, éramos pobres (seis irmãos), lembranças doces infantis. A advogada Grasiela Cristina Nascimento ressaltou o fato de à época o leite condensado era muito caro e raro.
Mourãoense, mora e trabalha em Joinville, o professor universitário Rafael Carlos Eloy Dias, sintetizou, Super massa, tio Gudé!. De Umuarama a escritora Shirley Angelo afirmou ter se identificado com o texto, típico da infância.
Reminiscências em Preto e Branco
Pesares sentidos: dor recolhida, a tomar conta, sombria tempestade da abrupta ausência. Lágrimas tão incidentes e a cessar prematuramente o retorno da bonança, ela não mais voltará. Vida, navegar nas águas tranquilas ou o superar bravias ondas. Até que a embarcação da vida é por inteiro levada à profundeza, no bem fundo da escuridão, lá a vida repousa e sem vida, pousa.
Todos hão de lembrar do sorriso amigo que foi marca de uma criança, menino, jovem e adulto como que todas estas fases jamais deixassem de lhe pertencer. É o sorriso que deixa, ele branda a dor aguda e inescapável, como que responde a última saudação, tristeza da morte. Sorriso inconfundível e notável, humano. 22 de junho, quarta-feira, 57 anos, Joel Perassoli, o filho, irmão, pai e o avô, és agora reminiscência, sempre.