O livro que jamais consegui ler
O livro tem sempre utilidade, mesmo se não for lido. Ele serve para impedir
que o vento leve uma folha fina e ágrafa, quando o peso dele posto em
cima dela não deixa que a imaginação voe e fuja.
Estive Nólocal (b.d.C.)
Já se passaram 37 anos! Mas é como se tivesse ocorrido hoje pela manhã. Era 1976, eu estava no Colégio Adventista de Campo Mourão cursando a sexta série do então denominado Ensino Fundamental. Eu tinha 13 anos. Na lista da chamada eu era o número 13. Não me considero nada supersticioso, mais ainda se tiver números envolvidos, já que sou um péssimo em matemática, faço continhas consideradas simples usando os dedos das mãos (jamais cheguei a me valer os dos pés) e não confio nos meus cálculos. Bem, o 13 foi meramente uma coincidência naqueles tempos escolares. 13 de idade, 13 o número da chamada… posso, quem sabe, afirmar que o azar me pegou especificamente por causa de um livro.
Quem acompanha através do conteúdo desta Coluna sabe que uma das minhas maiores paixões é a leitura, o que já possibilitou vários textos referenciando o tema.
Retornando no tempo… há 37 anos, a professora determina que cada um escolhesse um livro para ler. Até aí tudo bem, ela listou as opções, fez comentários importantes sobre cada autor e obra. Dentro ainda das atividades do bimestre, teríamos que ler um livro escolhido por ela.
E agora, só de lembrar do fato é como se um frio na espinha fizesse gelar a alma, trauma que, quando me der conta irá completar 40 anos, minha nossa!
Para se ter noção eu jamais quis conhecer, tentar ler o livro novamente. Nem algum outro do mesmo autor e para ser francamente claro, desconheço outras obras dele. Tampouco procurei nalguma vez tomar conhecimento. Não custa tentar? Para mim é inimaginável, embora seja uma reação tipicamente incorreta da minha parte. E não se trata de fazer aqui e agora alguma apologia contra o autor, o que ele escreveu, quem seria eu para desqualificar o literato?
Não disse o nome do livro? Do autor também não?
Antes, porém, destaco o fato de ter tentado lê-lo. Não desisti fácil. Mas parava praticamente em todas as páginas. Junto com o livro eu me apegava ao dicionário, tamanho era o número de palavras que jamais fiz ideia do seu significado, assim como o sentido empregado pelo autor, conforme o contexto. Fiz também algo que jamais tornei a praticar. Pulei páginas, muitas, trechos e catei alguns pedaços para fazer a minha análise e conclusão.
O livro é do José de Alencar, um romance publicado em 1871. O alagoano nasceu em 1829 e morreu de tuberculose em 1877. Posso me considerar uma pessoa que já leu os mais importantes escritores e seus respectivos clássicos brasileiros. Menos José de Alencar!
Estou longe de pensar na possibilidade de ler o Tronco do Ipê, só rememoro o cenário, uma fazenda denominada Boqueirão.
Como um assunto puxa outro, como um livro faz lembrar outro, mas ficará para outra ocasião escrever sobre um livro que li até o fim e pouco o compreendi naquela primeira vez. Entretanto, quase vinte anos depois, o retirei da minha estante e li com prazer e compreensão que me faltaram anteriormente, assimilando o conteúdo com facilidade.
Fases de Fazer Frases (I)
Existem barreiras imaginárias que bloqueiam mais do que os obstáculos reais.
Fases de Fazer Frases (II)
O mais inteligente dos ignorantes é o que reconhece a necessidade de aprender.
Fases de Fazer Frases (III)
A saudade do que ainda não foi vivido é tão doída quanto a vívida lembrança da vida que é só passado que não passa pela vida.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Ex-prefeito leva multa por deixar alunos da zona rural sem ônibus, noticiou o Sítio Boca Santa (dia 20), referindo-se a Agnaldo Chichetti, de Roncador. O que chama a atenção é o fato de ser ele um professor, aí não tem desculpa mesmo para as 6.080 faltas registradas. Ainda segundo a nota, o secretário estadual da educação Flávio Arns também foi multado por não ter exercido condizentemente o seu papel de fiscalizar o convênio. Flávio é também professor e sobre ele nem carece de tecer maiores comentários.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Parabéns… Professor… Sou seu fã… Sucesso! assim escreveu o jovem Elias Roberto Rocha, leitor assíduo desta Coluna. Obrigado! O cronista mourãoense Osvaldo Broza elogiou o último Artigo sobre o guarda-chuva, o mesmo disseram Estter Ribeiro de Moraes, de Campo Mourão e de Cianorte Maria Luz Teixeira. Estter se lembrou do escrevinhador por causa da chuva do domingo passado, dia que foi publicada a Coluna. Para Maria um texto saboroso que nos leva a pensar. E a sua criatividade é singular, fazer render num ótimo conteúdo sobre algo que parece que não teria nada a ver. E ela completou: quando ti observarem de guarda-chuva aí em Campo Mourão, todos saberão da sua história.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Uma imagem que vem em mim sempre muito nítida são das mulheres idosas e viúvas a caminho do cemitério, seguindo a pé para reverenciar os entes queridos, empunhando aquelas sombrinhas coloridas para naturalmente se protegerem do sol. Eu ainda sou do tempo em que a viuvez tinha como simbologia vestir-se de preto. A tradição desapareceu, tanto a que expressava o luto por toda a vida apenas vestindo-se de preto. Hoje só se veste o luto no velório. É apenas um registro, afinal tem muitas viúvas que se casaram novamente, certamente – e com razão – motivadas pelo colorido da vida.