Perfeitos sejam os outros
“A imperfeição é a causa necessária da variedade nos indivíduos da mesma espécie.
O perfeito é sempre idêntico e não admite diferenças por excesso ou por defeito”
Marquês de Maricá.
O baiano de Juazeiro Daniel Alves deve estar, ou já passou, com as orelhas quentes de tanta crítica recebida, endereçada também ao técnico Tite, pela convocação para a Copa do Mundo. Daniel, além de ter 39 anos, não está em boa fase, é jogador do Pumas do México.
Sem precisar entrar no mérito, é só como exemplo atual, palpável e de enorme repercussão, a reação geral sobretudo da crônica futebolística contrária a convocação, “jogador velho, time inexpressivo”. Então a seleção não é perfeita, e por si só a crítica aparece primeiro, pode ser destaque em detrimento aos acertos e elogios dos demais convocados.
Quando o presidente Lula anunciar os ministros, críticas aos borbotões, de quem esperava uma boquinha. Exigir perfeição para toda a Esplanada será feita.
Em qualquer lista dos melhores em alguma coisa a reação comum é a discordância, em grande medida ou pormenores que invalidariam um todo ou grandemente o rol.
Mais que querer, exigir perfeição é próprio de expressiva parte dos brasileiros, e, pelo estardalhaço que costuma existir, compromete-se qualquer validação.
Fases de Fazer Frases (I)
Palavra é poética, mas nem toda palavra é poesia.
Fases de Fazer Frases (II)
Toda poesia prescinde da palavra, mas não é verso todas elas.
Fases de Fazer Frases (III)
Ter havido é ter vivido.
Ser ávido é ter vívido.
Como ter haver.
Como ter a ver.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Maria da Graça Costa Penna Burgos… “Meu nome é Gal”. A voz dela.. “essa voz, essa voz tamanha!” Uma grande e singular intérprete da nossa música, cada canção que recebia a sua voz, tinha nela uma personalidade espetacular, própria da artista.
Aos 77 anos, despede-se da vida, nove de novembro, com um legado como obra que apenas a genialidade possibilita, uma discografia modelar, sucessos em quase meio século de carreira.
A melhor canção? Qualquer música, sem ser mera força de expressão, qualquer canção tinha a grandiosa beleza de uma cantora que sempre foi querida pelos brasileiros, um grande público, que talvez agora não consiga aplaudir, ao menos ovacionar sem que não caia uma lágrima, sem poder despojar-se da dor ante ao que agora é derradeiro adeus.
Desde os anos 60 conquistou o público que com ela firmou um pacto de nossa música e, desde e a partir da referida década, gerações inteiras e sucessivas iam se tornando fãs e admiradores.
Baiana de Salvador, acresceu na certidão de nascimento o nome de Gal. Fã de outro baiano de saudosa memória, João Gilberto declararia, “a maior cantora que já ouvi cantar”. Como o nome dela, repertório da Graça.
Gal já se tornara uma referência no feminismo anos 60 e 70 e o modo simples como se vestia refletia a rebeldia naquelas décadas, a incorporar inovação, ousadia, autenticidade da contracultura brasileira.
Marcante, eterna, repleta de profusão musical é agora mais a história, legado majestático e inspirador, afinal, o nome dela é Gal.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Em Campo Mourão se por um lado existem calçadas em péssimo estado de conservação, ou que são tomadas por veículos estacionados em cima delas, de outro lado existem mourãoenses que andam nas ruas, mesmo quando existem calçadas em perfeita conservação. Há pouco tempo, uma mulher parou com carrinho de bebê na esquina, na rua, estava a falar ao telefone celular. O perigo de um carro virar naquela rua e atingir os dois, mãe e bebê.
Farpas e Ferpas (I)
Escolhe-se palavras no dicionário. Não é ele a nos escolher.
Farpas e Ferpas (II)
Quem se demora em andar não sai do lugar.
Farpas e Ferpas (III)
Quem muito apressado anda quase sempre não tem lugar.
Farpas e Ferpas (IV)
O ser humano não é resto de nada, mas sobra.
Farpas e Ferpas (V)
Para ser emérito é preciso ter mérito.
Farpas e Ferpas (VI)
A pior confiança cega é a que finge não enxergar.
Farpas e Ferpas (VII)
Sábios sabem ouvir os outros mais do que eles próprios.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Na tardança da vida floresce a experiência.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
Na tardança da vida floresce a prudência.
Reminiscências em Preto e Branco (III)
Na tardança da vida inteligentemente se alcança a sabedoria.
José Eugênio Maciel | [email protected]