“Quem não é visto…”
Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida.
Bob Marley
É um dos ditados mais conhecidos, usado. Nem precisaria completá-lo, o título hoje só tem o início. Mas se quem logo não recordar de imediato, completo: ….não é lembrado. A origem do ditado é portuguesa, veio com as naus lusitanas, ele aqui aportou e permanece.
Estive sumido neste espaço, a Coluna não veio até a Tribuna, assim ela não saiu e aí tal ditado cabe certinho, ante o errado.
Talvez o caro leitor nem notou a falta e já foi ler às outras seções desta Tribuna.
Nada ocorreu que pudesse impedir de escrever, como há 30 anos. Aliás, mesmo que pareça escapismo, vem à memória o recorde da Coluna: oito anos ininterruptos sem faltar um dia sequer.
Sem ser vista/lida, ela – e o colunista escrevinhador – foram tragados pelo esquecimento.
Pelo visto não ser visto é ser ignorado antes de lembrado. Sem intenção da atenção à falta.
Se a lacuna da Coluna não é notável, são elas irrelevantes.
Nada de reclamar. De sentir frustração, pois não escrever não foi para forçar atenção.
O escrevinhador estaria agora a escrever por escrever, marcar o retorno da Coluna sem prender atenção com a volta ou por ter saído.
Embora quem regresse traga novidades, a volta do colunista hoje é sem elas: nada de fazer voltas com palavras sem ter o que dizer, elas e eu.
Voltamos sem inspiração e assunto. Rapidamente chegamos ao fim com tempo ainda de transcrever outro ditado, enquanto você está vindo com o milho, eu estou voltando com o fubá.
Fases de Fazer Frases (I)
Nem sempre o passado é distante, nossa remota memória.
Fases de Fazer Frases (II)
Uma vaga impressão….Impressiona vaga mente.
Fases de Fazer Frases (III)
Palavras colho.
Palavras recolho.
Palavras olho.
Fases de Fazer Frases (IV)
Insinuar/Ensina o ar/Em si no ar/Ensinares: ares
Fases de Fazer Frases (V)
Deve-se antes escolher as palavras, ou primeiro medi-las?
Palavras são a medida do peso das escolhas.
Fases de Fazer Frases (VI)
Cuido para não cortar as palavras que podem me cortar.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Sábado passado ao caminhar no Parque do Lago constatei o quanto passou a ser importante os bancos colocados lá. Testemunhar a satisfação dos frequentadores, casal de namorados, da senhora que descansava e de algumas crianças conversando alegremente. Um detalhe, o suporte que prende os bancos no chão, logicamente para não serem furtados, vandalizados. Quem sabe um dia a educação desbanca a ignorância.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Não brigue com o relógio. Faça as pazes com o tempo.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Fica mais bem a caveira dizer, ossos do ofício.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
Fica mais bem ao sapateiro viver de sobressaltos.
Reminiscências em Preto e Branco (III)
Fica mais bem ao farmacêutico dizer, a vida é uma droga.
Reminiscências em Preto e Branco (IV)
Fica mais bem ao agente funerário dizer, os preços estão pela hora da morte.
Reminiscências em Preto e Branco (V)
Fica mais bem ao cigano a todo tempo armar barraca.
Reminiscências em Preto e Branco (VI)
Fica mais bem ao caro ledor não ler aqui o que é dor.
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Por José Eugênio Maciel | [email protected]