Tissot, a última notícia
A curiosidade do jornalista tem que ser a mesma do historiador,
e a paciência do historiador, a mesma do jornalista.
Alberto Dines – jornalista
A colunista social já tinha em mente o texto para homenageá-lo, a nota principal noticiaria o aniversário dele, 15 de fevereiro. Bastava escolher a melhor foto e algum detalhe final da diagramação. Prestes o fechamento da edição do jornal impresso, a página principal é sempre reservada a manchete ou manchetes.
Mas naquele dia, 11 de fevereiro, só caberia uma única notícia, apenas a aquela manchete: MORREU AROLDO TISSOT. Era ela, a última companheira dele, da vida e do ofício da jornada de tantos jornais.
Na jornada da vida, fatos paralelos, antagônicos até, se transformam, se fazem e desfazem, como se juntam com a intensidade tão elevada, levados a se chocarem também. O primeiro 15 de fevereiro foi o de 1933, vieram sequencialmente 83 vezes. Estava próximo do 84º aniversário.
Mais do que distante, remota, a história é ou proporciona a bem mais longínqua condição cronológica inerente do tempo, e sim a da época que os olhos do presente não mais alcança. Tudo, se elevado, é levado com e pelo tempo, até a poeira da estrada que serve para todos os rumos e derradeiramente o final, definitivo.
Sônia Sekscinski, colunista social do Jornal Gazeta do Centro Oeste morreu em 2013. Era a coluna mestra de todo o Jornal, de todo o Tissot. Ela se foi. A Gazetinha também, ao deixar de circular. Tempo e circunstâncias que integram a história e todos seus vórtices, encurtadas primeiramente a linha do tempo do começo e do fim, que se batem de frente, fazendo da vida estilhaços.
O extremo se deu. Aroldo, presente em todos os acontecimentos de Campo Mourão, em razão da cobertura jornalística, cercado e cercando pessoas, a vida dele era este lugar, o jornal do lugar que ele moldou, imprimiu. Ultimamente tornou-se recluso, não saia de casa. Ficava a olhar a pilha de exemplares, datas, edições, história impressa, comprimida, espremida o que outrora se espalhava, se espadia de mão em mão, olhos e olhos.
Três são os fatos cruciais do Aroldo Tissot, relevos da história da comunicação social mourãoense. Os anos 60 (aqui aportou na década de 50 vindo de onde nasceu, Curitiba) assume o jornalismo da nossa primeira emissora, a tradicional Rádio Difusora Colmeia. Depois, ele passou a trabalhar em outro tradicional veículo de comunicação, esta Tribuna do Interior. (1980-81).
Desligou-se para fundar a Gazeta do Centro Oeste, consolidando sonho dele, a de ser o dono e dirigir o próprio jornal.
A madura idade de Aroldo Tissot, dos anos e da embevecida experiência, que o tornava o senhor das letras, sonoras e principalmente impressas, ele aceitou, assumir diligentemente a atribuição de presidir a AML – Academia Mourãoense de Letras, gestão 2006 a 2008, com a contribuição inestimável em defesa da Língua Portuguesa e da cultura da nossa região e do Paraná.
Fases de Fazer Frases (I)
Vi o vigia que me vigia.
Fingia que não via o vigia que me vigia.
Via o vigia sem vigiar o que ele vigiava.
Fases de Fazer Frases (II)
Não me tragam palavras. As que tenho me tragam.
Olhos, Vistos do Cotidiano
São 11 bilhões e 450 milhões de reais o faturamento em 2016, crescimento de 7,32%. Desde a última quinta-feira os cooperados passaram a receber as sobras da COAMO. Serão distribuídos 338 milhões de reais. Na economia brasileira estagnada de vacas magras, o dinheiro que começa a circular é notícia nacional com direito a manchetes.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Aroldo Tissot, tema principal da Coluna de hoje, permite rememorar uma brincadeira que eu repetidas vezes fazia: Senhor Aroldo, o senhor é tão velho que já votava no presidente Getúlio Vargas (1930-1945 e 1951-1954). Dizia-me, vi e ouvi o Getúlio discursar da sacada do Braz Hotel em Curitiba. Tissot ressaltava, eu era bem jovem, ainda.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
Patranhas não são estranhas nas entranhas?