Turismo de primeiro mundo
Meus amigos, embora eu conheça Curitiba há mais de 50 anos, estudando e trabalhando, nem sempre tive tempo de “turistar” pela cidade.
No último fim de semana, a convite da presidente do Instituto Municipal do Turismo de Curitiba, Tatiana Turra, estive em visita técnica a alguns dos famosos pontos turísticos de nossa capital. Confesso que me surpreendi e me encantei, especialmente em alguns locais que eu ainda não havia tido a oportunidade de conhecer anteriormente.
Um deles é o Memorial Paranista, anexo ao Parque São Lourenço. Inaugurado há pouco mais de um ano em homenagem a João Turin (1878-1949), o local reúne quase 100 obras e um jardim de esculturas que homenageiam o artista e o Movimento Paranista, que ele ajudou a criar.
É nada menos do que o maior jardim de esculturas público do Brasil, com 13 obras ampliadas em bronze em um espaço de 8 mil metros quadrados. Algumas obras ganharam proporções heróicas, com destaque para “Marumbi”, que apresenta a luta de duas onças e é a maior de todas, com 3 metros de altura e aproximadamente 700 quilos.
Outro grande destaque é uma Pietá em baixo relevo, uma obra de 1917 cujo primeiro exemplar está na França, feito para a Igreja de Saint Martin, em Condé-sur-Noireau.
O Memorial ainda conta com uma exposição permanente, rica em informações sobre o artista, e um fabuloso ateliê onde são confeccionadas as esculturas em bronze.
Estive visitando também o famosíssimo Jardim Botânico, que estava lotado de visitantes em plena tarde de sexta-feira, graças ao fluxo gerado pelas férias escolares. Lá, além de todas as belezas naturais e da belíssima estufa que já se transformou em um símbolo da cidade, é realizado um trabalho muito importante de educação ambiental, com adultos e crianças. Fomos conduzidos pelo Jardim das Sensações, espaço criado com a intenção de fazer a integração e a inclusão dos visitantes com a natureza por meio dos sentidos. O passeio sensorial percorre um caminho de 200 metros com plantas nativas, aromáticas e medicinais, identificadas também em braile, enquanto os monitores ficam à disposição para o esclarecimento de dúvidas e explicações mais detalhadas.
Por fim, estivemos também no Parque das Pedreiras Jaime Lerner, que abriga as não menos famosas Ópera de Arame e Pedreira Paulo Leminski. Os dois espaços foram criados por Lerner, um dos maiores urbanistas do mundo, quando foi prefeito.
A Ópera de Arame, com estrutura tubular e teto transparente, é outro dos símbolos emblemáticos de Curitiba. Inaugurada em 1992, acolhe todo tipo de espetáculo, do popular ao clássico, e tem capacidade para 1.572 espectadores. Já a Pedreira Paulo Leminski, cenário de grandes eventos desde 1989, pode abrigar 20.000 pessoas. O local foi palco, na noite mágica de 4 de abril de 1993, na festa dos 300 anos de Curitiba, do concerto do tenor catalão José Carreras, com a Orquestra Sinfônica Brasileira.
O detalhe interessante é que o Parque foi concedido para a iniciativa privada até 2037, o que propiciou criação de uma série de atrativos que levam um grande número de visitantes diariamente ao local. Na Ópera há bar, restaurante e o Vale da Música, programa que permite ao turista acompanhar diariamente shows de música instrumental em um palco flutuante.
A Pedreira, além de shows, tem abrigado uma série de eventos sazonais, corporativos e turísticos, em seus palcos móveis, camarotes, slingshot e tirolesa. E o espaço ainda está em obras, com novos atrativos em construção e que serão em breve anunciados.
Curitiba tem muito a ensinar aos municípios de todo o Paraná. São experiências de primeiro mundo, cujos modelos podem ser adequados para a realidade de cada região de nosso estado, atraindo turistas e gerando emprego e renda.
Marcio Nunes é secretário do Turismo do Paraná