Bode expiatório
É incrível como neste país, qualquer obra pública é anunciada com um valor e meses depois já aumentou em 30, 40% e às vezes até mais seu valor (como exemplo local fiquemos na Arena da Baixada). Assim como as previsões de aplicações financeiras. Só o nosso pobre dinheirinho, aplicado em banco, consegue por vezes a façanha de dar prejuízo! Ainda agora estamos a ver uma situação que o governo, pela imprevisão destes anos todos em que os investimentos em produção de energia elétrica foram reduzidos (as poucas usinas iniciadas se arrastam em intermináveis problemas e ampliações de custos), se vê obrigado a financiar as distribuidoras de energia, que compram e vendem os MW a preços absurdos. Tudo bem, a emergência justifica esse socorro que vai ser feito por bancos e pago pelo contribuinte à partir de 2015. Este ano, com o atual estado de espírito do eleitor, não é conveniente promover aumentos que comprovam a irresponsabilidade da redução eleitoreira na conta do usuário, feita em 2013. O que é estranho são os anúncios que nunca batem. Até o mês passado seriam emprestados às distribuidoras, R$ 8 bilhões de reais. Logo em seguida passou a R$ 9 bi. Hoje a previsão já se aproxima dos R$ 12 bilhões. É de se esperar que até o fim da negociação o valor seja mudado. Tudo isso sem qualquer explicação plausível. Daí a falta de crédito em sua palavra que o governo vem sofrendo. Fazendo do ministro Mantega, hoje com bem pouca credibilidade, uma espécie de bode expiatório das indefinições que marcam as informações oficiais, nunca confirmadas. Objeto inclusive da ironia dos humoristas de plantão como o Macaco Simão (jornalista José Simão – Folha – Band News), repetindo o bordão de advertência da presidente Dilma: Mannnntega!
Energia jogada fora
A propósito: algumas situações da área energética chegam ao ridículo. Lembram a história do polaco que levou a TV para conserto e explicou o problema: quando tem sotaque, não tem semblante. Sabe-se hoje de uma situação hilária: uma matriz que gera energia eólica no nordeste já está produzindo. Só falta construírem a rede de transmissão para poder ser incluída no sistema nacional.
Se ficar o bicho pega;
Bode expiatório é também a condição a que querem reduzir o ex-diretor da Petrobras, Cerveró, grosseiramente citado pela presidente Dilma na sua explicação por ter autorizado a compra da refinaria Pasadena. É o que consta em carta aberta do Sindicato dos Funcionários da Petrobras sobre o rumoroso caso. Afirma ainda que a situação foi denunciada há dois anos, sem que o ministro Mantega, atual presidente do Conselho da empresa tenha tomado qualquer providência.
Se fugir o bicho come!
O assunto Pasadena, que a informação do sindicato garante ter sido levantado dois anos atrás e enfiado para baixo do tapete, até que essa imprensa que produz a massa feroz de informação deformada (a expressão é do Lula) trouxesse o desagradável assunto à tona, merece uma explicação mais clara da presidente. Disse ela que foi induzida ao erro. Se as informações que faltaram tivessem chegado ao conhecimento do Conselho da Petrobras, a compra não teria sido autorizada.
Desmentido
Como no depoimento do ex-presidente Sérgio Gabrieli, hoje secretário de Planejamento da Bahia (é aquela história de não abandonar companheiro que sabe demais), que afirmou ter sido um bom negócio à época, como ficamos?! Não terá havido um complô entre diretores que achavam bom negócio, para dar informações distorcidas ao Conselho. Alguém (ou alguéns) está tergiversando (maneira delicada para não dizer a palavra grosseira) nessa história. A pergunta sem resposta: era bom negócio, pra quem!. Resposta que uma CPI séria poderia dar!
Em choque
A comitiva, de três estaduais, reforçada por nove deputados federais, foi e voltou de mãos abanando. Foram todos engambelados pelo secretário Arno Augustin, do Tesouro Nacional. Recomenda que o governo entre com nova liminar no STF, desta vez para derrubar a inadimplência com a saúde pública. Tenho certeza de que o STF concede. A pergunta que cabe: liminar para que, se ele não cumpre! É um bagre ensaboado diria meu compadre Terêncio.