Contestações
Um detalhe curioso a que são levadas as composições políticas. Muitas vezes posições que o partido defende em Brasília, não são respeitadas nas decisões regionais. Caso presente do aumento do salário mínimo regional, uma inovação esperta que o ex-governador e hoje senador Roberto Requião introduziu no Paraná, tornando o de nosso estado, o maior mínimo nacional. Com dividendos para si e para sua imagem. Agora quando Beto Richa que no ano anterior não respeitara a decisão, resolve, influenciado por seu Secretário de Trabalho, à época da implantação da novidade no governo Requião seu líder na Assembleia, retomar os aumentos diferenciados ao mínimo nacional, o assunto pega fogo na AL paranaense. Por dois motivos: quando Dilma implantou na área federal, com a ampla maioria que detém na Câmara e no Senado (conseguida pelos meios que se conhece desde o mensalão), impor o direito de o Executivo determinar por decreto, sem aval dos legislativos federais, o PSDB, o DEM e o PPS, opuseram-se. A ponto de derrotados, entrarem no STF com uma contestação judicial. Agora, aqui, um governador tucano, aceita a imposição de seu adversário. O outro ponto questionado e que provocou reação dos sindicatos patronais, foi a antecipação do valor a ser implantado em 2013. Uma temeridade.
Deixar já definido que o salário regional será 5,1% superior ao INPC é no mínimo medida perigosa. Se a situação nacional for ótima, os empregados se sentirão prejudicados e pleitearão aumento maior. Se for ruim, defenderão que têm direito adquirido e que o aumento precisa ser respeitado. O deputado presidente dos Democratas, Elio Rusch, defendeu enfaticamente a sua emenda que retirava essa antecipação salarial do decreto governamental, mesmo com a ruidosa manifestação de sindicalistas.
Oportunidade
Um dado interessante dessa situação citada acima: se Dilma que hoje tem problemas com a sua base, por não ter lido pela partitura escrita pelos insaciáveis partidos que a compõe, tivesse pedido o direito de aumentar o mínimo por decreto agora, certamente não conseguiria. Há resistências não só do PMDB mas, igualmente do PR e outros menos expressivos.
Responsabilidade
Não será surpresa, e a coluna ontem previa, a possibilidade de rebelião durante a CPMI do Cachoeira. Um fato é notório hoje. O PMDB que se esperava colocasse seus notáveis do Senado e da Câmara na CPI, indicou nomes menos vividos. Gente com menos experiência que um Renan, um Collor e outras raposas do rabo felpudo (a expressão é do Requião). Trata-se de um recado explícito: a responsabilidade de evitar que a CPI descambe para os lados do Planalto é exclusiva do PT.
Jogada política
A discussão sobre o mínimo regional, da maneira que foi conduzida por uma decisão da qual o representante dos patrões na comissão tripartite – governo, patrões e empregados – não esteve presente vai representar um desgaste desnecessário ao governador. Isto num ano eleitoral importante, especialmente na eleição-chefe que é a de Curitiba. Já não está fácil evitar um perigoso segundo turno. A menos que a decisão tenha sido uma homenagem, maneira de amansar Requião que insiste na candidatura própria do PMDB.
Agradecimento especial
Não foi sem motivo que a foto estampada no I&C de Curitiba deu margem a piadas. Quando da assinatura da liberação de R$ 1 bi para a construção do metrô curitibano, a foto estampada aparentava que o prefeito curitibano Luciano Ducci iria beijar a presidente Dilma em agradecimento. Rostos a poucos centímetros um do outro. De frente. Claro que a ajuda federal merecia o ósculo. Sem exagero!
Em choque
O inferno astral do ex-presidente da Câmara, Caio Derosso, agora encorpado com outras denúncias que atingem seus parceiros na Casa, parece não ter fim. Nem precisava o deputado Valdir Rossoni anunciar reunião do PSDB para avaliar no partido a situação de Derosso.