Efeitos colaterais
Se para bom entendedor meia palavra basta, para quem é do ramo bastam sinais! A CPMI do Cachoeira e o mensalão têm algo em comum? Muito mais do que o distraído leitor possa imaginar! Faz parte de um confuso método que vem sendo aplicado para tumultuar o julgamento dos 38 implicados no escândalo que abalou o primeiro governo do presidente Lula, quase o levando ao que ocorrera com Fernando Collor. Por coincidência, segundo evidências levantadas agora, salvo do ‘impeachment’ pela habilidade do seu Ministro da Justiça de então, o mesmo que hoje senta-se ao lado do Cachoeira: Márcio Thomaz Bastos. As estrepolias montadas pelo grupo de José Dirceu, que acabaram custando-lhe o cargo de Chefe da Casa Civil e o mandato de deputado federal, graças à denúncia do também cassado Roberto Jefferson, seriam muito mais marcantes que as do notório PC Farias, cuja morte em circunstâncias estranhas soou a queima de arquivo. Por sinal que uma frase dele ao depor na CPI da época, bom rever tanta gente conhecida, recado claro de que havia na sala da CPI gente comprometida, o mesmo que Cachoeira deu antes de recolher-se ao silêncio, tenho muito a dizer, causando frisson em gente dali e de outras áreas. O foco do comentário de hoje está centrado nas tentativas que se faz, em cima da repercussão das denúncias da PF, inclusive de causar tumulto na imprensa. Gente cooptada pelos recursos que Franklin Martins concentrou em suas mãos para calar as grandes redes (denúncia permanente desta coluna) e algumas vozes avulsas, agora avança contra outros veículos, especialmente sobre o Policarpo Jr. da Veja, que usando o direito de se abastecer em informantes de comportamento duvidoso, é atingido por gente que já trabalhou na Abril e lá exerceu posições de mando, com prática rememorada de defesa do período revolucionário. Por aí se avalia a extensão da teia armada por Cachoeira que pode beneficiar os mensaleiros, se o julgamento realmente ocorrer.
Caixa preta
O leitor deste espaço é testemunha das muitas vezes em que se citou aqui as tentativas de Franklin Martins, do alto de sua competência e de ressentimentos que podem ter ficado das suas passagens pela Globo e Band, de calar a imprensa no governo Lula. A vingança foi cooptar seus noticiosos graças às verbas da Petrobras, Caixa, BB, BNDES. Só o blog de um veterano jornalista nacional, hoje na Record, recebeu bem mais de R$ 1 milhão das estatais (sem contar o valor da Petrobras, que mesmo com a Lei da Transparência, negou-se a fornecer a informação).
Vexame
A cena de quase pugilato proporcionada durante o depoimento de Wladimir Garcez na CPMI, entre os paranaenses, tucano Fernando Francischini e o petista Dr. Rosinha, expõe claramente as preocupações políticas de livrar os principais nomes citados na investigação da PF. Opinião da coluna: se for para blindar Marconi Perillo (PSDB), Agnelo Queiroz (PT), Sérgio Cabral (PMDB) e o Cavendish, dono da Delta que comprovadamente tem envolvimento com o notório Cachoeira, que se encerre logo essa farsa.
Sem hipocrisia
Em tempo: para acabar com a hipocrisia de ter um jogo simplório como o do bicho, uma simples ‘contravenção’ sujeita a penalidades brandas, proibido, num país em que os jogos de azar não são permitidos mas a Caixa se transformou no maior cassino virtual do mundo, que se acabe com a proibição. Pelo menos a corrupção policial ficaria preservada.
Em choque
Imagens valem mais do que mil palavras. O fotógrafo que flagrou o encontro do Gustavo Fruet (candidato a prefeito curitibano com apoio do PT), e do Lula, ao lado do André Vargas e Paulo Bernardo, poderia ter pego um ângulo melhor em que Lula, com cara de perdão, estivesse olhando para o Guga, com cara de quem cumpriu o papel de oposição na CPI do mensalão. Segundo Paulo, Lula tem razão: quanto melhor a oposição de Fruet ao ex-presidente for explicada aos eleitores, melhor.