Frustrações em penca
Dentre as muitas frustrações proporcionadas ao brasileiro pelos governos e suas promessas de reformas, ampliadas agora pelo final grotesco da novela que o STF encenou durante meses, acenando com o fim não concretizado da impunidade, certamente a reforma política era uma das mais aguardadas e mais uma vez adiada. Sim, por que o que se encena agora, com mudanças anunciadas no Congresso que, a se concretizarem, não mudarão absolutamente nada, é mais uma das iniciativas em que a opinião popular deixa de ser considerada. Um arremedo de reforma, incapaz de conter as mazelas que se reproduzem na política, Brasil afora. Qualquer solução para as crises institucionais brasileiras teria que contemplar obrigatoriamente mecanismos para aproximar partidos políticos e sociedade. Ao revés! Cria-se agremiações que na teoria tentariam cumprir funções moralizantes, fieis aos desejos já manifestados pela população por várias formas, mais recentemente de forma abrangente pelas movimentações populares. Na medida em que os partidos são instrumentos de consolidação da democracia, importante seria que representassem realmente os sentimentos de situação ou oposição a projetos de governos. Não é o que ocorre. Dos 32 hoje existentes, só se vislumbra posições de apoio em troca de posições, nunca na defesa dos princípios que anunciaram defender. Daí a falta de autenticidade que distância o eleitor, já cansado de ser ludibriado. Ainda agora, numa democracia próxima da ambicionada, os dois principais partidos americanos colocam claramente as suas posições. Razão para o apoiamento ostensivo que recebem da população dos EUA. Participação que no Brasil de hoje é impensável, inclusive entre os três ou quatro principais partidos brasileiros que só fazem perder adeptos.
Redução prevista
As medidas anunciadas pelo governador Beto Richa, menos por convicção e mais por necessidade de reduzir os gastos com pessoal, ainda continuam a deixar a folha de pessoal próximo do limite legal. O corte de mil cargos comissionados, admite o próprio secretário Haully, é importante mas com economia proporcionalmente pequena. Apenas 1 por cento da folha.
Aprovação
Talvez mais importante seja o corte de quatro secretarias (poderiam ser ainda mais). Ambas as decisões dependem ainda do aval da Assembleia, com tais projetos passando a ser aprovados desde ontem.
Saída breve
Haully por sinal, um competente especialista a quem Beto confiou a difícil missão de administrar o caixa de seu governo, deve deixar o cargo nos próximos tempos. Seja pela disputa de novo mandato a deputado federal, seja pelo convite do candidato tucano à presidência da República, Aécio Neves, para compor a equipe de planejamento de sua campanha.
Os ônus da vitória
Situação difícil vive a prefeitura de Curitiba: embora tenha obtido resultado orçamentário positivo de R$ 133,8 milhões nos oito primeiros meses de 2013, vê-se a administração de Gustavo Fruet acossada pelas dívidas herdadas da administração anterior, além de problemas decorrentes de compromissos assumidos para a Copa do Mundo (2014) e com atraso em suas realizações. Caso da Rodoferroviária, agora com a resistência dos que exploram seus boxes comerciais, que resistem em deixar seus locais, paralisando a obra ainda pela metade.
Em choque
Uma observação feita durante o depoimento de Jaime Lerner que não se furtou a comparecer á Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pedágio: os leais companheiros que sempre o acompanharam estavam presentes. O indefectível Guaracy Andrade, o conselheiro do TC, Heins Herwig, José Cid Campelo Filho para só citar alguns, marcaram presença em apoio ao governador que implantou o pedágio. Afora o discutível preço das tarifas, o estado deplorável das estradas recebidas pelo governo Lerner justificavam medidas emergenciais como as melhorias implantadas com o pedágio, ainda que insuficientes, mesmo que à custa da tarifação imposta aos usuários. A CPI já tem elementos para forçar um acordo com as concessionárias, ampliando obras e reduzindo preços.