Habilidade adquirida

Umas das regras deste país, desde o início da República, é presidente e vice (ou quem assume em sua ausência) não se entenderem. Talvez uma das poucas exceções tenha sido o pacato Marco Maciel que mereceu de FHC um elogio: Ele é o vice que eu pedi aos céus. Até o esperto Michel Temer não fugiu à regra quando recentemente apoiou uma reação de seu PMDB à predominância que o PT vem obtendo no atual governo. Agora, para comprovar que a afirmação desta coluna não era errada quando afirmou que a crise viajou e nada seria votado em sua ausência, Marco Maia, com a habilidade que só os forjados na política brasileira conseguem demonstrar, reuniu os líderes partidários e conseguiu começar a votar projetos empacados na Câmara. A nova lei da previdência pública, rejeitada pelo funcionalismo, que se aprovado deles retira uma regalia extraordinária de aposentadoria integral, nivelando servidores estatais e empresariais,  além da Lei da Copa; com o detalhe de tirar do governo federal  a responsabilidade pela venda de cerveja nos estádios, cumprindo compromisso assumido por Lula. Passa a ser decisão dos governadores nos estados onde jogos da Copa serão realizados. Prova de habilidade de Marco Maia, ou, comprovação da inabilidade do governo Dilma em lidar com a exigente Câmara Federal, acostumada a ter suas exigências atendidas! Os próximos dias mostrarão o grau de satisfação da presidente em relação à atuação de Maia, guindado à presidência pelas ausências dela e de Temer. Analistas entendem que o presidente da Câmara prestou-lhe um grande favor, na medida em que descascou um abacaxi que ela estava tendo dificuldade de digerir. Resta saber se habilidade de Marco Maia com seus parceiros, será aceita e repercutida por Dilma.

Perdas e danos
Millôr Fernandes morreu  e seu apelo, feito há muitos anos, não foi atendido. Pelo contrário: agravou-se. Pedia ele com seu estilo inimitável em relação à política brasileira: Ou nos locupletamos todos ou, restabeleça-se a moralidade. Por coincidência este país encabulado  com os vexames habituais, perde neste março duas inteligências bem humoradas, sutilmente críticas: Chico e Millôr. Os políticos mal intencionados rejubilam-se!

Razão de luta
Um tema pelo qual o deputado Fábio Camargo(PTB) lutou muito, a ponto de conseguir instalar uma CPI para discutir o assunto  (supostos problemas na administração das falências e concordatas), que embora trancada por decisão do TJ, acabou sendo confirmado pela Corregedoria Geral do próprio. Com pontos obscuros, justificando o reinício da Comissão de Investigação para esclarecê-los.

Dúvidas
Quase R$ 3 bilhões de empréstimos negociados no exterior pelo governo do Paraná para viabilizar programas na premente área de segurança e no Família Paranaense, ambos de alcance social, deverão passar pelo Senado. Sendo Beto Richa do PSDB, já há fundadas preocupações para imaginar óbices naquela Casa onde o partido é minoria e oposição. Falta ver agora a posição de nossos senadores.

PT em festa
O ambiente nas hostes do PT, especialmente o paulistano, pela recuperação de Lula, chega a emocionar seus pares. Pelo fato de anunciar que volta às lides políticas, fortalecendo, esperam, a candidatura de Fernando Haddad que insiste em não sair do lugar. Ficou nos 3%  em que Lula a deixou, atrás de três ou quatro outros candidatos. Talvez até atrás do Tiririca que anuncia sua intenção de disputar a prefeitura paulistana.

Em choque
Para pensar: um leitor da coluna comenta o entusiasmo pela aparente cura de Lula do câncer que o acometeu. Em princípio, curado, embora o diagnóstico final seja dado em cinco anos. Além de externar a satisfação de todos os brasileiros, encerra com uma observação: Feliz será o Brasil no dia em que, não o Hospital Sírio-Libanês dê notícia como esta. O SUS anuncie o tratamento bem sucedido de um brasileiro comum.