Lei de física

Há no ar um assunto delicado: a liberação de jogos na Internet através de sites estrangeiros. O que prova mais uma vez a tese de que não adianta proibir. Ao revés. A proibição fere o sentido de liberdade, da escolha pessoal a que o cidadão entende ter direito. Daí a entrar na contravenção é um pulo. A preocupação dos que admitem a proibição de jogos ditos de azar, nos quais se tenta a sorte como aconteceu com personagem de uma novela recente, única forma de que se valem milhões de brasileiros para chegarem à fortuna e à tranqüilidade que a aposentadoria e o trabalho duro não oferecem, a não ser a uma minoria (de sorte), é com o vício: ludopatia. Vários deputados federais do Paraná estão envolvidos nesse debate: Luiz Carlos Haully, Rubens Bueno, e o deputado-delegado Francischini. Cada um com posição diferente. A coluna já expôs aqui uma opinião baseada nos tempos em que o jogo-de-bicho era uma instituição quase ingênua. Podia se apostar centavos através um papelzinho sem timbre, apenas com os dados da aposta e o número do arrecadador do jogo, na maioria todos os botecos da vida. Como ainda hoje com o jogo na ilegalidade e tendo se transformado numa estrutura de contravenção sofisticada, que corrompe de A a Z – incluindo, sabe-se agora, policiais federais – como provado no episódio de Carlinhos Cachoeira/Demóstenes Torres. Enquanto isso, num país em que os jogos de azar são proibidos desde a década de 40 do século passado, a Caixa Econômica desfila impoluta com jogos para todos os gostos, a ponto de poder acrescentar ao seu novo slogan: A vida pede mais que um banco – ‘a Caixa te oferece um cassino virtual’. Se presta contas, o faz de maneira tão sutil que poucos tomam conhecimento de como o dinheiro arrecadado, a não ser a comissão das lotéricas (cuja autorização para funcionar virou objeto de troca de políticos influentes), é dividido. Sabe-se também que o governo, através o imposto de renda, fica com parte generosa dos ganhos. Pelo menos esse deveria ter aplicação em atividades sociais. Trocando em miúdos: proibir ações pura e simplesmente, é criar atividades paralelas, em sentido contrário.

 

Tapando o sol…

Uma definição do agora secretário do Trabalho, no governo Beto, Luiz Cláudio Romanelli (que felizmente escapou com escoriações de um acidente com moto, em grande maioria fatal), esconde a real intenção. Afirma que há um grupo do PMDB que questiona a candidatura (própria) de Rafael Greca à prefeitura de Curitiba, porque ele tem um histórico de luta contra o partido, apesar da forte ligação com Requião.

 

…com peneira

Na prática o que o PMDB (incluindo quase todos os deputados estaduais cooptados pelo governo) que sem contar as vitórias de Requião sempre optou por alianças,  deseja, é continuar no poder do qual se viu afastado com a vitória de Beto Richa. Não há sentido partidário na rejeição a Greca, o ex-inimigo. Apenas o medo de perdendo a eleição de Curitiba, terem que se afastar do governo que não ajudaram a conquistar.

 

Saia justa

Embora londrinense de nascimento, o governador Beto Richa ficou em situação delicada por conta do projeto de Hermas Brandão (o filho) nomeando a extraordinária Exposição-Feira de Londrina, a feira oficial do Estado. Tanto que ainda não  referendou o projeto, já aprovado na AL. Criou mal estar entre todas as outras, igualmente importantes para suas regiões e para agropecuária como um todo.

 

FOLCLORE POLÍTICO

A afirmação do secretário Romanelli sobre a rejeição de Greca no PMDB, remete ao mal estar criado pelos partidos apoiadores da candidatura de Beto com a cooptação do PMDB, com o qual a maioria tem conflitos locais. Daí lembrar o deputado Gabriel Manoel que na sua irreverência tinha citações para todas as situações. Uma delas cabe como uma luva aos betistas de primeira hora. Na sombra do meu cavalo, ninguém faz picnic. Com a adesão do PMDB tiveram que dividir a sombra.