Pés pelas mãos
Nas manobras precipitadas pela mudança de comando do STF, com o ministro Ayres Brito assumindo compromisso de acelerar o julgamento de processos pendentes como o mensalão, mais um componente. Sabe-se agora que a decisão de não encaminhar o processo da Operação Vegas ao STF, coube à sub-procuradora Cláudia Sampaio Marques. Esposa do Procurador, Roberto Gurgel, ela foi encarregada, ao lado de mais três procuradores, para atuar em casos que envolvessem ministros de Estado, deputados e senadores pelo Procurador anterior Antônio Fernando e mantida pelo atual, seu marido. Aos que tentam levantar suspeita contra sua atuação ao não encaminhar a Operação Vegas da PF, ao STF, alega que nas condições em que se encontrava o processo seria arquivado no Supremo. Atendeu a pedido da própria PF para não arquivá-lo no Ministério Público, enquanto a Polícia Federal procurava novos indícios. Sobre Cláudia a opinião do ex-Procurador, Antônio Fernando é definitiva: Ela goza e sempre gozou da minha estrita confiança dentro do Ministério Público Federal. Já Roberto Gurgel recebe manifestações de dois ministros do STF sobre sua postura: Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes. Este, questionado se as suspeitas que hoje o PT procura levantar sobre a atuação de Gurgel, tem a ver com o julgamento do mensalão, afirma: Eu tenho impressão que sim. Há uma expectativa em torno disso e pescadores de águas turvas, pessoas que estão interessadas em misturar excitações, tirar proveito, procuram inibir ações dos órgãos que estão funcionando normalmente. A impressão que passa é que dirigentes do partido, agindo atabalhoadamente, chamam cada vez mais atenção para o julgamento do mensalão. No popular, meteram os pés pelas mãos.
Partido à deriva
Desde a saída de Lula, o PT, sem algumas de suas figuras mais argutas, casos de José Dirceu, Genoino, Delúbio, derrubados pelo mensalão, mais a habilidade política que Lula, criado no movimento sindical sempre demonstrou, anda sem rumo. Não se inclua nesse o grupo forte do governo atual, constituído por Fernando Pimentel, Gilberto Carvalho, Paulo Bernardo, Gleisi Hoffmann e João Santana. Para esses, se o governo for como se imagina, uma luta por espaço, quanto mais besteiras os dirigentes partidários fizerem, melhor!
Dificuldades
Justo quando o governador pertence ao partido o PSDB enfrenta problemas. Situações como as de João Cláudio Derosso, ex-presidente da Câmara curitibana, que deixou a agremiação para não ser expulso e agora o caso de Alceuzinho Maron em Paranaguá, agitam as bases. Menos mal que em outros municípios a situação é tranqüila. Caso de Cascavel, onde, a se julgar pela afirmação de Beto de que apoiará quem o apoiou, a candidatura do deputado Alfredo Kaefer estará garantida.
Cautela
Em Paranaguá a situação de Alceu Maron Filho, ainda não está definida pelos tucanos. Outro dos possíveis candidatos, o empresário Lourenço Fregonese, hoje com cargo na administração da APPA (Portos) e o presidente regional, deputado Valdir Rossoni, entendem que o assunto tem que ser examinado com cautela. Depois da decisão tomada, não podemos voltar atrás é o consenso.
Diploma contestado
O Carlinhos Cachoeira chega ao Paraná. Menos pela citação do nome de vários paranaenses nas escutas telefônicas da PF, e mais pelo diploma que exibe do curso de administração da Inesul, de Londrina. Ocorre que ninguém dos companheiros de faculdade lembra-se dele. Nem os professores. O caso remete a uma situação constrangedora vivida pelo falecido José Carlos Martinez. Na campanha de 1990, o seu diploma de advogado pela Faculdade de Itapetininga foi contestado.
Em choque
A boa nova do mês é a volta do crescimento da construção industrial do Paraná. Enquanto São Paulo, Santa Catarina, Minas e outros industrialmente fortes apresentaram queda, por aqui o aumento foi significativo: 9,8%, o maior do país.