Por linhas tortas

A vivência na política ensina a enxergar o fato antes de vir a público. Com o abate parcial do oposicionista Demóstenes Torres, já se imaginava que a atenção do governo (no caso Polícia Federal, ligada ao Ministério da Justiça) iria se voltar para o PSDB. O alvo é que não foi previsto. Imaginava-se que a atenção se voltaria para o senador paranaense Álvaro Dias, seu mais contundente opositor. Ao revés: ficou mais visível a suposta relação da Chefe de Gabinete do governador de Goiás (terra de Carlinhos Cachoeira), Marconi Perillo, ele, uma das mais notáveis figuras do tucanato hoje em dia. Mesmo alegando tratar-se de outra Eliane, a que foi gravada pela PF em conversas com o notório contraventor, Eliane Pinheiro pediu demissão. As atenções nesse caso voltam-se para o próprio governador sob protestos da oposição pelo vazamento seletivo de informações pela PF. Dando inclusive direito a que Demóstenes baseie sua defesa na ilicitude das gravações que deveriam ser autorizadas pelo STF, na medida em que Demóstenes, por ser senador, teria foro privilegiado. Mesmo que consiga derrubar as gravações, o estrago com as gravações já terá sido feito, beneficiando indiretamente o governo, quase anulando seus quadros oposicionistas. Como política é uma arte carregada de más intenções contra adversários e o PT, como já provado no caso dos mensaleiros, não é de matar com a unha, ficará sempre a suspeita de que toda a ação terá sido encomendada. Até porque, a Controladoria Geral da República dela já tinha conhecimento desde o ano anterior, que não era um ano eleitoral, se é que o arguto leitor concorda! Não será surpresa se o STF acatar os argumentos de defesa de Demóstenes que continuará no Senado, sem partido. Mesmo que com sua oratória ferina atacando o governo, sem a autoridade que antes desfrutava para fazê-lo.

 

Situação…

Um fato que à coluna não convence. Na infância do colunista, o jogo de bicho corria solto. Jogo quase simplório, com apostas pouco significativas (centavos em termos de hoje) acessível a todas as categorias sociais. Por razões já contadas aqui, o presidente Dutra (1946/50) colocou-o na ilegalidade. Assim como os cassinos.  Dali para a frente passou a corromper policiais e outras autoridades para sobreviver (como até hoje sobrevive), envolvendo-se ainda com outras atividades mais perniciosas.

 

…mal explicada

Os bicheiros passaram a ser tratado como contraventores. Espertamente, alguém da Caixa Econômica Federal viu ali um espaço a ser ocupado. Como a Loteria Federal não foi estigmatizada, outros jogos começaram a ser implantados. Inúmeros, ampliados a cada momento. Inclusive amplamente anunciados através programas ao vivo de televisão. Sem que se saiba exatamente,  como e em que volume o dinheiro é aplicado. A Caixa hoje é o maior cassino virtual do mundo. Sem nenhuma transparência.

 

Dificuldades de campanha

Aqui na província a perspectiva de uma eleição acirrada em Curitiba coloca partidos de sobreaviso.Já se sabe que, à partir da tentativa de caçar o direito à reeleição do atual prefeito, por conta de um caixa 2 praticado pelo PRTB em 2008, o clima vai ser pesado. Ducci, do PSB, partido da base federal, acende velas a Dilma e a seu padrinho político, Beto Richa (PSDB), que ainda esta semana fez críticas ao governo, ao assumir a presidência do Codesul.

 

Em choque

A posição de Gustavo Fruet (hoje PDT), que ainda não foi oficializado como  apoiado pelo PT, terá que explicar a rejeição que tinha ao partido quando se notabilizou na Câmara por sua atuação na CPI do Mensalão. Rafael Greca, cria do grupo Jaime Lerner e que perdeu apoios quando se bandeou para Requião, líder dos bárbaros, que era como ele classificava o PMDB, está em desconforto. Ratinho Jr., se não somar  os 4 minutos que considera ideais para sustentar uma campanha, terá que pensar em outra alternativa.