Reforma séria
Algumas sugestões apresentadas pelos que defendem uma reforma político-eleitoral que introduza no país uma democracia sem os erros que hoje se observa, e que a comprometem como regime ideal, precisavam ser consideradas por um governo como o de Dilma Rousseff que tem o Congresso nas mãos. Usá-lo apenas para atender a interesses menores, pontuais, é muito pouco. O Brasil precisa de mudanças radicais que só vão acontecendo ao caminhar dos acontecimentos. Fatos como o mensalão, as malfeitorias que agora vêm à tona com o notório Carlinhos Cachoeira que desnuda inclusive a corrupção nas obras públicas, quando repercutidos, causando reação de um povo mais propenso ao desinteresse, julgados, servem para ir depurando o regime. Especialmente se, como se imagina, punições sérias venham a ser implantadas, mostrando que o país caminha para um momento mais em que, finalmente, a Justiça se faça para todos e não apenas para os menos abonados. Uma das boas e sérias cabeças políticas que o Paraná teve, Affonso Camargo Neto morreu sem ver uma medida simples que ele sugeria ser aprovada. Defendia a necessidade de acabar com as coligações pré-eleitorais. Partidos teriam obrigação de, em eleições majoritárias – Presidência, governos, prefeituras, Senado – lançarem candidatura própria. Usando seu tempo de propaganda ‘gratuita’ em rádios e tevês, ao invés de negociá-los como hoje ocorre. Só isso já reduziria dos 27 de hoje (mais alguns em formação) para 5 ou 6, o que seria um benefício enorme para o sistema. Acabando com a malandragem hoje vigente em que partido político virou balcão de negócios, como se observa com o próprio PMDB, o maior deles. Se Dilma conseguir isso, certamente entrará para a História como o mais sério governo já exercido no Brasil.
Eleições demais
Um dos problemas criados pelo sistema eleitoral é o número exagerado de eleições: de dois em dois anos, com todos os problemas que demandam disso. Inclusive para os governantes, tempo de pressão das categorias funcionais que nessas horas pressionam por aumento salariais que elevam o custo Brasil. Acabam com os orçamentos municipais, estaduais e federais, consumindo quase todos os recursos oriundos da fantástica carga tributária do país.
Reavivando…
Com a anunciada aproximação do julgamento do mensalão, vale reavivar um pouco a memória de leitores recentes. Foi um escândalo que derrubou vários ministros e deputados, além de envolver dirigentes partidários que se beneficiavam do esquema. Os parlamentares receberiam dinheiro para votar projetos de interesse do primeiro governo do presidente Lula (PT).
…a memória
Os operadores do mensalão, segundo acusações levantadas à época pelo deputado Roberto Jéferson (ele próprio atingido pelo desdobramento do caso) seriam o então Chefe da Casa Civil José Dirceu (ainda hoje figura de proa nos bastidores do partido), através o publicitário Marcos Valério. Como se vê verbas publicitárias, como na Câmara de Curitiba, podem fazer estrago.
Temor justificado
Já se passam 7 anos e só agora o STF resolveu colocar o mensalão em votação. O que prova o poder de pressão que dirigentes de poderosas agremiações fizeram e fazem, temerosos do desdobramento do julgamento.
FOLCLORE POLÍTICO
O Paraná já viveu momentos em que uma denúncia de tentativa de corrupção falou alto. Como no caso do presidente Collor, hoje um aliado do PT que ajudou a derrubá-lo da Presidência, um suposto pedido de comissão estranhamente gravado com imagem e som na praia de Copacabana, numa conversa entre um poderoso empresário e o governador nomeado Haroldo Leon Peres. Supostamente R$ 1 milhão. Denunciado pela revista Veja (também hoje na crista do escândalo Cachoeira) que teve a edição apreendida no Paraná, terminou nas mãos do presidente Medici que o nomeara. A frase fatal de Médici: Ou o senhor renuncia ou eu o demito. Haroldo renunciou.