Silêncio comprometedor

O que a Veja disse no final de semana, o ministro Joaquim Barbosa praticamente repetiu no voto que está proferindo no STF: há provas de que figurões do Congresso estavam recebendo recursos que mudavam suas convicções sobre vários assuntos. Com um adendo: a importante revista escancarou o que todos os que enxergam um palmo adiante do nariz já intuíam: não dá para se obter um resultado como aquele enunciado pelo publicitário Marcos Valério sem fortes apoios.  Não apenas os menos de R$ 100 milhões  arrecadados por suas  agências de propaganda. Muito mais. Chegaria aos R$ 350 milhões. Uma fortuna que deixaria o caixa de Collor de Mello, o notório PC Farias, morto em circunstâncias até hoje não esclarecidas, com nariz de palhaço. E dizer que um simples Elba derrubou o outro mito (Collor, o caçador de marajás), criado pela opinião pública que não se cansa de ‘ser levada no bico’. Nos episódios de agora, além de uma notícia logo abafada, antes mesmo que se soubesse sua origem e a veracidade da fonte, a inclusão da família do ex-presidente numa relação de multimilionários divulgada por revista de credibilidade jamais contestada no cenário internacional,  a divulgação da Veja (matéria de capa) deveria ter alcançado maior repercussão. Em condições normais, o atual presidente do PT, Rui Falcão, já teria saído em defesa do mito partidário em que Lula se transformou. Com o estardalhaço de sempre! Outros tentariam desclassificar Marcos Valério e aí até com certa dose de razão, por ser no julgamento do STF um dos poucos que já tem certeza de que vai ser preso: a fala dele à Veja seria em desespero de causa. Acontece que fatos posteriores e até a o silêncio quase sepulcral dos petistas de maior coturno, entre os quais o próprio Lula, parecem acenar para uma tentativa de  não cutucar a onça com vara curta.

Estoicismo…

Outros fatos virão à tona em consequência desse julgamento no STF que o ministro Joaquim Barbosa, heroicamente vem trazendo a público. É visível o sofrimento que enfrenta para ficar durante horas descrevendo suas conclusões. É sabido que sua coluna vertebral encontra-se em frangalhos, obrigando-o a ficar ausente durante bom tempo das sessões do STF.

…heróico

A própria maneira com que se comporta, ora em pé, ora sentado em poltronas diferentes que a de seus pares, recostado, avançado em direção ao microfone; ele não se entrega. Nem demonstra dor. Prossegue na sua faina dura de comprovar, pela primeira vez na história, que pode haver justiça neste país, independente de quem seja ou sejam, no caso presente, os réus.

Esperança

Todos os brasileiros de boa índole põem fé nesse julgamento. Independente mesmo se vai haver ou não prisão ao seu final. Só o constrangimento pelo qual passam figurões do início deste governo (períodos anteriores ao de Dilma)e que possivelmente ainda passará o ex-presidente se a denúncia de Marcos Valério prosperar, já servirá como lição aos mais afoitos. Tantas  vezes vai o jarro à fonte, que um dia quebra, eis a lição.

Quanto vale!

A se confirmar informação do jornalista  Ricardo Noblat, de O Globo, o publicitário Marco Valério teria gravado 4 fitas, já em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão. Uma teria sido enviada ao principal réu do caso (o bom entendedor perceberá de quem se trata). As outras 3 estariam num caixa de banco, com orientações a que enviasse ao Globo, Folha e Estadão de São Paulo. Claro que se alguma coisa ocorrer com seu marido, ela terá com esses documentos em mãos, garantido uma grande poupança, tal o caráter explosivo de tais fitas.

Em choque

Da carta de Dom Odilo Sherer, arcebispo de São Paulo, em resposta aos ataques à Igreja Católica por participantes da campanha de Celso Russomano (PRB) em São Paulo: Não se pode aceitar que na campanha eleitoral se fomente um clima de intranqüilidade entre os cristãos das diversas comunidades.