Situações conflitantes
Duas situações foram criadas pelo governo do Paraná, gerando discussões interessantes. A primeira referente ao novo salário mínimo regional, parcialmente contestado por deputados liberais, inclusive da base governista e muito fortemente pelo setor empresarial. Com a pressão exercida pelo Secretário do Trabalho e os sindicatos dos trabalhadores, a aprovação foi obtida. O que acontece é que todos têm razão: os sindicalistas que nos últimos governos adquiriram uma força excepcional, prestigiados pelo presidente anterior oriundo da categoria, que cumprem a obrigação de defender melhores condições aos trabalhadores que não têm as mordomias que eles (sindicalistas) usufruem, e federações que representam as classes patronais. O X da questão reside num fato pouco analisado: o salário mínimo é baixo, mas seu custo para o empregador é alto. Os sindicatos, devedores do governo que evitou mudanças nas suas arrecadações (os descontos continuam obrigatórios), não questionam; demonstram fazer vistas grossas aos encargos que incidem sobre o salário, aqui e no restante do país. Encargos que dobram o valor realmente pago ao trabalhador, são administrados pelo governo: FGTS, INSS (falido?), Pis, Cofins e outros que tais. Ocorre que o trabalhador quando se aposenta, se no teto máximo, 10 salários mínimos, vê logo esse valor corroído pelos diferenciados aumentos oferecidos anualmente aos aposentados. Dos 10, em pouco tempo estará com 9,8,7 salários , e assim decrescentemente. O FGTS que é utilizado fartamente pelo governo, promovendo financiamentos à sua conveniência, igualmente oferece rentabilidade pouco expressiva. Se os encargos fossem menores, os salários reais poderiam ser maiores. O governo do Paraná ganha pontos com os sindicalistas mas os perde junto às classes produtoras.
Problema politizado
O outro problema com que o governador Beto Richa vem se defrontando, numa disputa com os representantes da classe dos policiais militares, é o cumprimento da emenda 29. Especialmente no que diz respeito à exigência de formação universitária para ingresso na PM. O que causa espécie é a discriminação dos formados que podem ingressar na carreira. Terão que ser obrigatoriamente, advogados (não cita a exigência de OAB que qualifica melhor esse profissional) ou engenheiro. Outras profissões estão eliminadas.
Metendo a colher…
Neste último caso, com o aquecimento da economia, especialmente na área da construção civil, só irá para a Academia de Polícia engenheiro incompetente. A postura do governador tem que ser apoiada; o que se precisa é de bons testes vocacionais e de personalidade ao candidato. Este identificará suas tendências. Mostrará se tem vocação e se é um bom caráter, condição muito mais importante para ingressar numa profissão em que andará armado e terá poder de pressão. Há muito formado sem essas qualidades.
…torta…
O tema é fascinante. As próprias forças armadas, ao jovem que entra para servir o governo (uma excrescência que tira jovens da lavoura, por exemplo, e depois não os amparam ao cumprir o período e negarem-se a voltar à origem), só exige que tenha 18 anos e condições físicas. Talvez alfabetização, desconheço. Grosso modo, se pretender seguir carreira irá até determinado posto, com estudos específicos. Para o nível superior, a exigência de formação universitária e profissional em academias militares.
Em choque
O ideal seria exigir-se uma formação mínima e uma seqüência de estudos que os obrigassem a crescer intelectualmente, para ascensão na carreira. Lembra-se aqui o caso de um major da PM, amigo, que freqüentava em horário noturno a Faculdade de Direito da Católica, na mesma sala que o colunista, condição para ele chegar ao topo da carreira. Antes e depois de formado, um oficial de excelente qualificação que honrou a farda que usou.