O capo e a ameaça petista
Na Chicago da época da Lei Seca, Al Capone corrompe, controla e corrói a cidade da forma que ele deseja por meio de sua atividade rentável do comércio ilegal de bebidas alcoólicas e venda de proteção. Eliot Ness é um agente federal que chega na cidade com a missão de acabar com as atividades ilegais.
O trecho acima, que copiei da sinopse do filme Os Intocáveis, drama policial norte-americano de 1987, dirigido por Brian De Palma e escrito por David Mamet, bem que podia ser adaptado para narrar a história de Lula e dos governos petistas no Brasil e o esforço do juiz Sérgio Moro e da equipe da Operação Lava Jato para combater a corrupção e prender os criminosos que montaram uma organização criminosa que dominou a estrutura do Estado por 13 anos.
Na ficção, o final da trama todos conhecem. No Brasil real, o veredicto pode ser conhecido no próximo dia 24 de janeiro, quando o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva enfrentará o julgamento em segunda instância do chamado processo do tríplex do Guarujá. Em julho do ano passado, ele foi condenado pelo juiz Sergio Moro a nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Assim como Robert De Niro, Lula é um ótimo ator. Mas seu talento será capaz de convencer os desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região de que é inocente?
O PT está em franca campanha nas ruas para tentar desmoralizar os integrantes da Operação Lava Jato e influenciar o julgamento. Prometem grandes mobilizações, com artistas nacionais e internacionais, em defesa da absolvição de Lula.
Caso condenado, ameaçam promover um festival de protestos, e porque não dizer badernas, pelo país em defesa de seu capo.
No enredo policial americano, de nada adiantou o esforço do mafioso para pulverizar a equipe que lhe investigava. Mais crimes foram cometidos, mas o cerco contra a quadrilha se fechava.
É certo que a propina do tríplex do Guarujá talvez seja um dos menores crimes que Lula tenha cometido. Mas em Os Intocáveis, Capone foi parar atrás das grades não pelos assassinatos, pela venda ilegal de bebidas e outra série de delitos que cometeu. Foi condenado por sonegação fiscal.
Na trama cinematográfica, o astro da máfia de Chicago caiu.
Aqui, aos 24 dias deste mês, teremos mais um capítulo decisivo no meio de uma constelação de crimes praticados contra o povo brasileiro. Que venha o julgamento!
* Rubens Bueno é deputado federal pelo PPS do Paraná