Cidades inteligentes

Não há fatos eternos, assim como não há verdades absolutas Friedrich Nietzsche

Nos últimos anos experimentamos um desenvolvimento tecnológico formidável, muito além de qualquer expectativa de nosso pais ou avós. Para se ter uma ideia, o volume de dados criado nos últimos dois anos é maior do que a quantidade produzida em toda a história da humanidade. Só no Google, a humanidade faz cerca de 40.000 consultas por segundo, o que significa 3,5 bilhões de buscas por dia e 1,2 trilhão por ano. Em agosto de 2015, mais de 1 bilhão de pessoas usaram o Facebook em um único dia. Esse povo assiste a 2,77 milhões de vídeos por minuto. No YouTube, mais de 300 horas de vídeo são enviadas no canal por minuto.

Poderia enumerar mais uma centena de dados relevantes para comprovar esse crescimento. Mas apenas mais um dado muito importante: Em 2015, cerca de 1,4 bilhão de smartphones foram comercializados com sensores capazes de coletar todos os tipos de dados, sem mencionar as informações geradas pelos usuários. Até 2020, o mundo terá mais de 6,1 bilhões de smartphones. Em 2017, o smartphone ultrapassou o computador como principal dispositivo para acessar dados e notícias no Brasil.

O reflexo disso tudo é que hoje temos condições de ter na palma da mão um volume muito grande de informações e uma agilidade e rapidez na busca de dados. De pedido de comida delivery a pagamento de boletos, de chamada de táxi a mensagens de vídeo com um amigo distante, tudo está ao alcance da telinha.

Porque então não temos a mesma facilidade e comodidade com os serviços públicos? Se consigo comprar uma geladeira pela internet do meu telefone, porque não consigo pedir para podar a árvore ou trocar a lâmpada de frente à minha casa? Se posso fazer aplicações e pagamentos no meu Internet Banking, porque preciso ir até a prefeitura para retirar guias e fazer solicitações?

Estas e muitas outras soluções fazem parte do conceito de Smart Cities. Segundo a FGV, Smart Cities são cidade criativas e sustentáveis, que fazem uso da tecnologia em seu processo de planejamento com a participação dos cidadãos.

Essa ideia tem sido amplamente disseminada não como moda, mas por uma real necessidade. Afinal, 3,9 bilhões de pessoas vivem em áreas urbanas. Esse volume representa mais da metade da população mundial (54%). No Brasil 85% da população já vive em áreas urbanizadas. Essa concentração de pessoas faz com que os serviços públicos devam ser cada vez mais eficazes. E, para garantir isso, é necessário que a administração pública realize uma gestão eficiente, priorizando a melhoria da qualidade de vida do cidadão. A busca por tecnologias que proporcionem às cidades serviços inteligentes é saída para enfrentar esse grande desafio.

Segundo a Revista Exame, para qualquer uma das 1.000 maiores empresas norte-americanas, um aumento de 10% no investimento em acessibilidade de dados poderia resultar em mais de US$ 65 milhões de lucro adicional por ano. Para um Município, aumentar o investimento em tecnologia é fundamental para equilibrar as contas entre a crescente demanda de serviços e a prestação destes com qualidade e baixo custo.

Nos dias 28 de fevereiro e 1 de março estivemos em um grande evento de Smart Cities em Curitiba. Nas próximas colunas, voltaremos a este importe tema.

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Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]