Um mercado gigante e pouco explorado
Você é o que faz e não o que fala ou pensa.
Responda rápido: qual a maior dificuldade para uma pequena empresa manter-se competitiva? Se respondeu encontrar clientes dispostos a comprar seus produtos, acertou no item mais significativo. Agora… se alguns clientes anunciassem publicamente quem são, o que querem comprar e quanto querem pagar, não ficaria muito mais fácil? Pois bem, assim é o mercado de compras públicas. Todos os dias, milhares de Editais são abertos no Brasil com listas de produtos que empresas públicas querem comprar. É um mercado gigantesco, que movimenta R$ 700 bilhões anualmente (20% PIB).
Difícil é entender por que uma parcela do empresariado brasileiro, principalmente as micro e pequenas empresas, insiste em ignorar este segmento de mercado.
Nos últimos anos, por conta da sua grande importância na economia brasileira, as micro e pequenas empresas (MPE) têm recebido maior atenção do setor público. A Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, de 2006, contribuiu positivamente com o desempenho dos pequenos negócios, aumentando de 14% para 28% a participação das MPE em licitações públicas. Porém, apenas 4% de seu faturamento correspondem à venda para o governo.
Se para as empresas pode ser uma grande fonte de vendas, para o governo torna-se um importante fator para fortalecer o desenvolvimento regional. Com a nova legislação, a administração pública passou a comprar de MPEs em diversos segmentos, o que fortalece o mercado. Os benefícios dessas regras também incluem cooperativas, empreendedores e microempreendedores individuais e produtores rurais.
Ao comprar de pequenas empresas locais, o município tem ao seu alcance a possibilidade de manter a renda no município, gerar mais empregos e permitir uma melhor distribuição de renda.
Realizamos no final do ano passado, em parceria com o Observatório Social, uma pesquisa para identificar porque as pequenas empresas de Campo Mourão não participam das licitações públicas. Não só o Município, mas também outros órgãos, como Universidades, Sistema S, Emater, entre outros, relatam essa dificuldade de comprar localmente.
Este levantamento, sem a pretensão de ser uma pesquisa cientificamente precisa, obteve 500 respostas, que mostraram 4 principais razões para a não participação nos certames. A ordem foi essa: Não fico sabendo dos Editais (25,8%), ” Não sei como participar (25,4%)”, “Acho que as licitações são direcionadas (22,2%)”, ” e Medo de não receber (11,8%)”.
Sabemos que licitações são procedimento detalhista e sofisticado. O ente público deve avaliar seus fornecedores com critérios objetivos e garantir que os interessados concorram em igualdade de condições. Por outro lado, o empresário precisa estar apto a participar de licitações, dominar as regras do jogo.
Mas esse ajuste é fundamental para obter melhores resultados. E estes podem ser extremamente satisfatórios para ambos os lados.
Na próxima semana detalharemos algumas ações nas quais estamos trabalhando para tornar este cenário mais favorável.
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