A farsa da democracia e as eleições municipais
A força da democracia e os partidos políticos no Brasil são temas que merecem uma análise aprofundada e crítica. Não posso deixar de expressar minha preocupação com o estado atual de nossa democracia. Em primeiro lugar, é importante reconhecer que a democracia brasileira, embora tenha feito progressos significativos, ainda enfrenta desafios substanciais. Um desses desafios é a forma como as leis eleitorais são elaboradas e implementadas e como impactam nas eleições, incluindo as municipais. É inegável que existe uma tendência de os legisladores criarem regras que favorecem a manutenção do status quo político.
Os partidos políticos, que deveriam ser os pilares da representação democrática, muitas vezes se transformam em meras ferramentas para acessar recursos do fundo eleitoral e tempo de propaganda na TV e rádio. Esta distorção compromete seriamente a essência da democracia representativa.
Um ponto crítico é o acesso desigual aos meios de comunicação em massa durante as campanhas eleitorais. Como podemos chamar de verdadeiramente democrático um sistema em que apenas os partidos já estabelecidos têm acesso significativo à TV e ao rádio? Esta disparidade cria uma barreira quase intransponível para novas vozes e ideias políticas.
O fundo eleitoral, criado com a intenção louvável de nivelar o campo de jogo político, acabou por reforçar as desigualdades existentes. Sua distribuição, baseada no número de deputados federais, perpetua o domínio dos partidos maiores e mais estabelecidos, dificultando a renovação política tão necessária ao país.
As chances de candidatos independentes ou de partidos menores, sejam eles de esquerda ou de direita, são drasticamente reduzidas neste cenário. Para ter alguma chance de sucesso eleitoral, muitos se veem forçados a negociar com as grandes máquinas partidárias, comprometendo muitas vezes seus ideais e propostas originais.
Diante desses fatos, é difícil não questionar a autenticidade do processo democrático no Brasil. As eleições, incluindo as eleições municipais, em sua forma atual, correm o risco de se tornarem um exercício de fachada, onde o poder circula entre os mesmos grupos, com pouca abertura para mudanças reais.
Para aqueles que possam discordar desta visão crítica, sugiro uma observação atenta das próximas eleições municipais. Nelas, veremos claramente como esse sistema favorece a manutenção das estruturas de poder existentes, em detrimento da renovação política e da representação genuína dos interesses da população. Inclusive, após esses partidos não cumprirem a destinação de verba para mulheres e negros, criaram uma lei tentando zerar as multas que levaram. Se perdoaram do próprio crime.
Em conclusão, enquanto reconhecemos os avanços democráticos conquistados nas últimas décadas, é fundamental mantermos um olhar crítico e buscarmos reformas que tornem nossa democracia mais autêntica, inclusiva e representativa. Só assim poderemos construir um sistema político que verdadeiramente reflita a vontade e as necessidades do povo brasileiro. A eleição no Brasil é uma farsa!
Requião Filho é deputado estadual no Paraná.
* As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal