Finados: reflexão, oração e saudades

 “Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim ainda que esteja morto viverá” (Jo 11, 24).

O dia de finados, deve ser um dia de oração, de homenagem cristã aos nossos entes queridos falecidos, e, também, uma data de reflexão sobre o mistério da morte e da ressurreição que marcam nossas vidas. É tempo de reflexão sobre a vida após a morte, a vida eterna, e sua importância maior do que a vida presente, da qual ela depende. A nossa alma é imortal e levará consigo a responsabilidade dos seus atos na vida presente.

No Dia de Finados nos reunimos para lembrar e orar pelas almas daqueles que partiram deste mundo e para refletir sobre a vida eterna à luz das Escrituras Sagradas.

Participar desta celebração é um ato de gratidão, caridade e uma consequência da fé. Este é um dia em que nós nos lembramos daqueles que estão na presença de Deus. Para nós, que temos fé, a morte não tem a palavra final. A palavra final pertence à vida, porque o Senhor ressuscitou

A perda de entes queridos é uma experiência profundamente emocional e desafiadora, mas a fé nos oferece consolo e esperança.

A morte não é um salto no vazio, mas para os braços de Deus: é o encontro pessoal com Ele, para habitar com Ele no amor e na alegria da sua amizade. Não se trata de exaltar a morte, mas considerá-la como realmente é no projeto de Deus: o nascimento para a vida eterna.

Não esqueçamos que para os mortos não bastam oferecer flores, velas e visitas aos Cemitérios. Esses são sinais de algo mais profundo, ou seja: precisamos oferecer orações, súplicas de perdão, sacrifícios e esmolas aos pobres (caridade). São estes gestos cristãos que agradam a Deus e retornam para nossas vidas em forma de bênção, de alegria e conforto espiritual.

Dom Anuar Battisti, o Arcebispo Emérito de Maringá recorda-nos que o Dia de Finados também nos lembra a importância da oração pelos que partiram. A Igreja nos ensina a rezar pelos nossos irmãos e irmãs falecidos, pedindo a Deus que os purifique de suas faltas e os acolha em Seu Reino. A Sagrada Escritura nos oferece vários exemplos de intercessão pelos mortos. No Segundo Livro dos Macabeus, lemos que Judas Macabeu “mandou oferecer um sacrifício pelos mortos, para que fossem absolvidos de seus pecados” (2Mc 12,46). Esta passagem expressa a fé judaica, que foi transmitida à tradição cristã, sobre a eficácia das orações em favor dos falecidos.

“Todo aquele que crê em mim não morrerá para sempre” (Jo 11, 26). Na verdade Jesus está dizendo que não nascemos para morrer. Mas, morremos para viver. Portanto, a morte, para os que tem fé, não interrompe a vida. Não é passageira ilusão. Não é a destruição da vida. Mas, é o encontro com a plenitude da vida que está em Deus. Porquanto, Deus nos criou para a vida plena e não para a morte. Os falecidos que partiram no Senhor, descansam para sempre na paz, na alegria, no convívio dos anjos, dos santos, na plena e eterna felicidade que só encontramos na comunhão com Deus.

O dia de Finados suscita questionamentos e várias interpretações: muitos pensam que não há o que fazer pelos que já morreram, pois acreditam que a morte é o fim de tudo. Para outros, ainda, é um dia trágico, pois, de certa forma, antecipa a cada ano o que seremos todos, um dia. Mas, graças a Deus, para muitos, é um dia de esperança e comunhão com quem amamos e continuamos a amar, apesar de termos perdido sua presença física neste mundo chamado de vale de lágrimas.

Neste Dia de Finados, recordamos aqueles que partiram com carinho e respeito. Mas também lembramos que, ao enfrentarmos nossa própria mortalidade, podemos nos preparar espiritualmente para a vida eterna. Este é o momento de renovar nossa fé em Cristo e comprometer nossas vidas a seguir Seus ensinamentos, sabendo que Ele é a ressurreição e a vida, e que Nele encontramos esperança e consolo.

Três coisas pedimos com a Igreja para os nossos falecidos: o descanso, a luz e a paz. Descanso é o prêmio para quem trabalhou. O reino da luz é o Céu. E a paz é a recompensa para quem lutou.

A celebração do dia de Finados é uma oportunidade para fazermos uma reflexão sobre a vida. Ela terminará para todos nós aqui neste mundo, é apenas uma questão de tempo. Além disso, para a eternidade não poderemos levar nada de material. Levaremos apenas o bem que tivermos feito para nós e para os outros.

Nossos queridos falecidos não precisam de nossas lágrimas nem de nossa tristeza. Mas, querem isso sim, nossa Felicidade, solidariedade e compreensão. Lembremo-nos, portanto, deles, com fé, gratidão e amor. Oremos por eles: pois, também, nós iremos.

O dia de Finados não é o dia de tristeza mas de fé, de esperança e de caridade pela vida de muitas pessoas que partiram desta vida e elas se encontraram com Deus, pelo bem realizado neste mundo. Será um dia de agradecimento a Deus pelo dom de suas vidas e de oração em vista de seu descanso eterno.

Que as almas de todos os fiéis defuntos, pela infinita bondade e misericórdia de Deus, descansem para sempre na paz e na luz de Cristo!

– Assim seja!

GILMAR CARDOSO, advogado, poeta, membro da Academia Mourãoense de Letras, do Centro de Letras do Paraná e da Academia de Artes, Ciências e Letras do Brasil – Acilbras.