Marxismo cultural na abertura das Olimpíadas

Totalmente desinteressado por uma cerimônia de abertura das Olimpíadas que não seria feita em estádio, fui tomando ciência de partes dela durante o dia. A primeira coisa que ficou óbvia para mim é que o esporte ficou em segundo plano, com os atletas privados do evento de congraçamento universal que á a aglomeração de todos no estádio olímpico.

Tudo o que havia de belo na cerimônia era a majestosa Paris, construída inteiramente pela soma da cultura cristã e iluminista, que hoje a aberração moral e intelectual pós-moderna rejeita como um todo.

Na abertura das Olimpíadas não vimos nada além de Paris, dessa fantástica civilização que nos deu Joana D’Arc ou Marie Curie, estrategicamente excluídas da lista de 10 mulheres mais importantes da história francesa. O que vimos foi o show pós-moderno dantesco de seus enfants terribles que não tem mais nada a dar ao mundo que não cílios postiços e um império colonial em decomposição.

É bem compreensível que um show como esse tenha vindo do país que gerou a maior torrente de esgoto intelectual no último século. E é fundamental que os conservadores, que parecem ser a última corrente política ocidental que não foi completamente corrompida pelo relativismo, parem a propaganda contra um marxismo que se tornou irrelevante no ocidente e entendam que o inimigo intelectual hoje é o construtivismo social, o desconstrucionismo, o pós-modernismo irracionalista. Marxismo cultural meus caros, vocês viram com o ursinho Misha nas Olimpíadas de Moscou e com o show coletivista das Olimpíadas de Pequim. Aquilo ontem foi niilismo puro.

Houve muito simbolismo que variou do inadequado ao abertamente hostil ao cristianismo na abertura das Olimpíadas, mas o mais repugnante nessa não foi nenhum conteúdo específico, como assassinos, decapitações e ménages, mas a atitude de desrespeito com três quartos da população mundial numa festa de congraçamento universal, assistida por bilhões de crianças, onde se deve festejar o que temos em comum como humanos. Mas é isso mesmo o que eles querem destruir.

E destruir com a mesma técnica de choque de banalizar ou profanar símbolos religiosos para causar, que, é claro, é sempre direcionada contra o cristianismo, porque essa gente não tem coragem para vilipendiar o islamismo.

No entanto, o show de vilipêndio e falta de sentido e contexto foi tão grande, que vários países muçulmanos simplesmente cortaram a transmissão dos jogos.

A substituição na Santa Ceia de Santos por pessoas obcecadas por suas imagens, a transformando numa festa dionisíaca envolvendo crianças, é um ataque consciente ao símbolo da comunhão cristã em torno de Cristo. Bem típico dos modelos de comportamento promovidos pela França de 500 anos atrás e pela de hoje.

Quem conhece a obsessão pós-moderna com a figura de Dionísio, que começa na obra do autoproclamado “anticristo”, Friedrich Nietzsche, sabe que ele foi eleito como símbolo da cultura que deveria substituir o espírito “apolínio” e cristão do Ocidente, e entendeu perfeitamente sua invasão da “santa ceia” pós-moderna.

Mas não foi só isso. Pouca gente percebeu, mas pipocaram durante a cerimônia referências vilipendiando a cultura ocidental, como a Mona Lisa boiando no Sena e um assassino de videogame carregando a tocha olímpica, símbolo máximo da herança cultural do Ocidente passada de geração em geração.

Outra referência particularmente chocante foi a do “cavalo pálido” do Apocalipse, com um literal bezerro de ouro num palco e azas de anjo por trás de um cavaleiro mascarado que não revela sua face, “liderando” todas as nações, numa referência explícita a Apocalipse 6:8.

Não, eu não acho que o apocalipse começou nem que foi o anticristo que fez isso, eu sei que é só mais uma peça repulsiva de niilistas provocando os cristãos e cuspindo na única cultura que os tolera, para depois acusar as reações de “extremistas”. E é o bastante.

A abertura das Olimpíadas de Paris foi só mais um degrau abaixo da dissolução pós-moderna do Ocidente e do Cristianismo. A França está na ponta de lança desse processo, e é por isso que em 20 anos será a primeira a se tornar muçulmana e a engolir todos esses assassinos culturais.

A única coisa que todo esse show de horrores tinha em comum é não ter nada a ver com o esporte ou o espírito olímpico de levar o corpo humano mais longe, mais alto, mais rápido, mais forte.

Nada mais simbólico disso do que a bandeira olímpica entregue por um ladrão e hasteada de cabeça pra baixo.

É meus caros, a França de Vichy era mais digna.

Gustavo Castañon é professor de Filosofia e Psicologia na Universidade Federal de Juiz de Fora.