Opinião: Acabou a espera!

Acabou a espera! Dessa vez foram 4 anos e 6 meses desde que a França comemorou o título da Copa do Mundo de 2018 em Moscou, muito antes da Rússia ser cancelada.

Foram 6 meses a mais porque seria inviável uma Copa do Mundo no verão catariano. E esse é apenas um dos grandes absurdos de se ter uma Copa do Mundo no Catar.

O país, que é uma península dentro da península arábica, não tem lá muita tradição no futebol, apesar de hoje já ser o seu esporte mais popular. Por anos, o que chamava mais atenção por lá era a falcoaria. E ainda hoje corridas de camelos e cavalos também fazem sucesso, atraindo multidões em seus eventos.

E, se o Catar não tinha tradição, por que a Copa do Mundo foi parar lá? Provavelmente, propina. Escolhida para ser sede em dezembro de 2010, o Catar, ao que tudo indica, encerra um ciclo de Copas do Mundo em países sem muita transparência e com muita construção de estádio (África do Sul 2010, Brasil 2014 e Rússia 2018).

Há diversas outras polêmicas relacionadas a escolha do Catar: foram várias denúncias de desrespeito aos direitos humanos, relatos de milhares de mortes dos trabalhadores estrangeiros da construção civil, sobretudo das obras da Copa do Mundo, perseguições religiosas, restrições à liberdade das mulheres, criminalização de homossexuais e etc.

Chegou-se até cogitar a troca de lugar, mas acabou não se concretizando.

É que o Catar tem dono rico e muitos campos. A Família al-Thani manda lá faz bastante tempo, desde a queda do Império Otomano. E os campos são de gás natural (a terceira maior reserva do mundo mesmo sendo territorialmente menos que o Sergipe) e petróleo.

Com uma população de quase 3 milhões de pessoas, sendo apenas cerca de 300 mil de cidadãos catarianos, o Catar é pequeno em tamanho, mas um player na sempre complicada geopolítica do Oriente Médio. Rival dos vizinhos Arábia Saudida, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, o Catar tem muita influência na região (uma base americana lá explica um pouco isso). O país sabe como ninguém a importância do soft power, especialmente usando o esporte para isso, patrocinou o Barcelona, é dono do PSG, tem etapa da Fórmula 1 e diversos outros eventos (é lá também que fica a sede da Rede de Televisão Al-Jazeera, a mais popular emissora em língua árabe).

Agora estão recebendo a primeira Copa do Mundo a ser realizada no Oriente Médio. Só que são tantos holofotes em uma Copa do Mundo que o efeito pode acabar sendo o contrário. O mundo todo agora está repercutindo as limitações do Catar.

Mas, enfim, às 13h00 desse domingo, a bola vai rolar para Catar x Equador e, mesmo que a gente não esqueça todo o contexto dessa Copa do Mundo, o futebol passa a ser o que importa.

E será a última copa do jeito que nos acostumamos a ver, com 32 times, 8 grupos, mata-mata a partir das oitavas e Galvão Bueno na narração. Em 2026 serão 03 sedes, 48 times em 16 grupos de 3 e sem a principal voz da Globo, pelo menos é o que ele diz.

Durante a semana, conforme for acontecendo as estreias, será apresentado um guia de cada grupo desse mundial. Hoje só teremos um jogo pelo grupo A e aqui segue um panorama sobre ele.

Grupo A
Holanda
Equador
Catar
Senegal

A Holanda volta para uma Copa do Mundo depois de não se classificar para a 2018. A geração de Sneidjer, Robben e Van Persie acabou e não deixou substitutos a altura. Na Holanda, pontas agora só nos CoffeeShops. O craque desse time é o zagueiro Van Dijk, que já esteve em melhor fase. Só que mesmo sem encantar e sem grandes jogadores o time do Professor Van Gaal, sempre ele, vem bem, o grupo A é fácil e o cruzamento nas oitavas faz acreditar que esse time chega pelo menos nas quartas.

O Equador teve uma classificação tranquila nas eliminatórias, mas não joga tão bem quando não está na altitude de Quito. O time é jovem e ainda não está no seu auge. A preparação para o Mundial ainda ficou um pouco prejudicada por causa da polêmica envolvendo o lateral-direito Byron Castillo, nascido na Colômbia, descobriu-se que falsificou sua certidão de nascimento para jogar pela La Tricolor. Quase que perderam a vaga na Copa Mundo por isso e para evitar problemas Byron Castilho não foi convocado. Os destaques do time são Caicedo e Enner Valência.

Senegal teve a maior baixa das seleções que disputam a Copa do Mundo. O craque e capitão do time, Sadio Mané, se machucou as vésperas do certame e vai ficar de fora da festa do futebol mundial. Perda sentida demais. A ver como vão superar o desfalque de Mané. Das seleções africanas Senegal é quem potencialmente teria mais chance de chegar às quartas. Lembrando que essa é a geração dos Leões da Teranga que finalmente ganhou uma Copa Africana de Nações e tem nomes como Mendy, Koulibaly, Gueye e Kouyaté.

Já a seleção do Catar se torna a primeira seleção a fazer sua estreia em Copa do Mundo já sendo a anfitriã do torneio. A preparação dos cataris foi diferente de todas as demais. Nesses últimos 4 anos disputaram amistosos com europeus, jogaram Copa América e Concacaf. E foi um desempenho bastante honroso. Em 2019 foram Campeões Asiáticos, o melhor resultado da história da The Marron. Os 26 jogadores convocados estão treinando juntos desde junho desse ano e não dá pra duvidar que o time comandado pelo Professor Félix Sanches possa surpreender e tentar ao menos manter a tradição do país-sede chegar ao menos nas oitavas-de-final (só a África do Sul em 2010 não conseguiu isso).

Lucas Fernando é de Ariquemes/RO. Como é santista, até os 17 anos os únicos títulos que tinha comemorado foram os da Seleção Brasileira de Futebol em 94 e 2002. Talvez isso justifique sua paixão por Copas do Mundo. A cada 4 anos para quase tudo para acompanhar os jogos, inclusive aquele Tunísia e Panamá pela última rodada do Grupo do G da Copa de 2018