Opinião: Argentina, Croácia, Maradona e sete jogadores no ataque
Após quatro eletrizantes jogos nas quartas-de-final, as semifinais da Copa do Mundo do Catar começam nessa terça-feira, às 16h, com um jogo recheado de histórias interessantes: Argentina x Brasil Croácia (por que tinham sete jogadores do Brasil no ataque faltando 5 minutos para acabar uma partida de quartas-de-final?).
A história da Argentina e de tudo que ela é hoje no mundo passa pela Croácia. Em 1872, Matej Karolic, nascido na região da Dalmácia na Croácia, emigrou para a Argentina, mais precisamente para a cidade de Corrientes, onde casou com Trinidad Ferreira. A família cresceu. Uma de suas netas, nascida em 1929, chamada Dalma Salvadora Franco – cujo nome, dizem, faz uma referência a região da Dalmácia – teve um filho chamado Diego. Ele mesmo: Diego “El Pibe” Maradona.
O maior argentino da história tem essa curiosa ascendência croata.
Isso só mostra que há algo de diferente com quem nasce naquele pedaço de terra na beira do Mar Adriático. Porque não é possível que um país independente apenas desde 1991, com população estimada de 4 milhões de habitantes, esteja em sua terceira semifinal de Copas do Mundo em um total de seis participações. Aliás, em mata-mata, a única a seleção a derrotar a Croácia é a França (na semifinal de 1998 com os dois únicos gols do Thuran pela seleção e na final de 2018).
E se em 1997 a Croácia pode pela primeira vez disputar as eliminatórias para uma Copa do Mundo é porque em 1994 um argentino para lá de especial jogou uma partida na região, ele mesmo: Diego Maradona.
O site trivela.com (leiam) conta hoje como um amistoso jogado na cidade de Zagreb, em 1994, contra a Argentina de Maradona serviu para mostrar aos croatas e ao mundo que o pior da Guerra dos Balcãs já tinha acabado na região, liberando o país para começar a disputar suas primeiras competições esportivas.
Na visita a Croácia, Maradona ainda levou flores ao túmulo de Drazen Petrovic, considerado por muitos o melhor jogador europeu de basquete e que havia falecido aos 28 anos em um trágico acidente de carro quando estava em seu auge na NBA (assistam o documentário Once Brothers, o melhor documentário já feito).
Com um futebol de história recente, a Croácia novamente joga com o favoritismo do lado oposto. Mas ninguém nesse momento é capaz de duvidar de Modric (era pra fazer falta nele, Casemiro) e da resiliência dos axadrezados.
Já a Argentina chega com Messi cada vez mais maradonizado. No jogo contra os Países Baixos teve comemoração com a mão no ouvido em frente ao técnico Van Gaal e ainda a frase “que mirás, bobo?”, que já nasceu como um clássico instantâneo, após achar quem um neerlandês proferia impropérios (na verdade o cara queria trocar as camisetas, mas como culpar o Messi por não entender Holandês?).
Chegar a uma final de Copa do Mundo e conquistar o título seria um fim de carreira pela seleção apoteótico para Lionel Messi.
Mas poderia ser algo ainda maior se Tite tivesse ajudado. Ainda está difícil entender porque não tinha mais gente no meio de campo.
Lucas Fernando é de Ariquemes/RO. Como é santista, até os 17 anos os únicos títulos que tinha comemorado foram os da Seleção Brasileira de Futebol em 94 e 2002. Talvez isso justifique sua paixão por Copas do Mundo. A cada 4 anos para quase tudo para acompanhar os jogos, inclusive aquele Tunísia e Panamá pela última rodada do Grupo do G da Copa de 2018.